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HQ/Livros
Artigo

Percy Jackson | Leia o primeiro capítulo de O Tribunal dos Mortos (EXCLUSIVO)

Intrínseca lançará novo livro de Nico Di Angelo nesta terça-feira (2)

Omelete
17 min de leitura
Pedrinho
01.12.2025, às 06H00.
Atualizada em 01.12.2025, ÀS 13H26

O Tribunal dos Mortos, nova história do universo de Percy Jackson e os Olimpianos protagonizada por Nico Di Angelo, chega às livrarias brasileiras somente nesta terça-feira (2), mas você pode ler o primeiro capítulo com exclusividade aqui no Omelete!

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No livro, escrito por Rick Riordan e Mark Oshiro, três meses após a destemida missão que levou Nico e seu namorado Will até as profundezas do Tártaro, eles estão entediados no Acampamento Meio-Sangue. Sem nenhum conflito com monstros perigosos, o casal se surpreende ao receber a mensagem de Hazel Levesque — meia-irmã de Nico e filha do deus romano Plutão — solicitando ajuda para lidar com um pequeno incidente no Acampamento Júpiter, destinado aos filhos dos deuses romanos. 

Animados com a possibilidade de um pouco de ação, os dois se juntam a Hazel para tentar conter seres míticos que fugiram no Mundo Inferior durante a última missão deles. Enquanto Nico e Will tentam descobrir uma solução, os míticos simplesmente começam a desaparecer. Aos poucos, o trio começa a desconfiar que uma força maligna e as coisas pioram quando Hazel se encontra bem no meio da confusão. Ainda, eles terão que lutar contra uma força maligna que está agindo com intuito de punir os monstros pelo o que cometeram nos seus passados. 

Em uma aventura bem-humorada e elétrica, Nico e Will terão que encarar as consequências de suas ações do passado e lidar com a certeza de suas convicções para irem até o fim dessa história. Leia o primeiro capítulo na íntegra abaixo:

CAPÍTULO 1 — RESPIRA, NICO.

None
Intrínseca/Divulgação

Nico estava sentado em frente a Dioniso, que estava com um cheiro estranho de rolinho de canela. O filho de Hades tentou não deixar que isso o distraísse. Inspirou fundo, enchendo tanto o peito do ar gelado que vinha do Estuário de Long Island que achou que explodiria. Em seguida, expirou devagar e abriu os olhos.

Os cachos do sr. D ondulavam na brisa. Ele e Nico estavam sentados em tapetes de ioga na Praia dos Fogos, e o sol estava quase se pondo. O frio não incomodava muito Nico. Sua jaqueta preta de couro bastava para mantê-lo aquecido. Já o sr. D usava uma parca cor-de-rosa vibrante, um gorro da mesma cor com pompom no alto e luvas grossas de esquiar. Nico achou um exagero. Deuses sentiam frio, para começo de conversa? Mas ele também sabia que o sr. D aproveitaria qualquer oportunidade para usar as combinações de roupas mais extravagantes possíveis.

O desconforto de Nico, no entanto, era por outro motivo: aqueles encontros com o diretor do acampamento eram tão constrangedores. Depois que Nico e seu namorado, Will, voltaram do Tártaro, cerca de três meses antes, o sr. D tinha manifestado certo interesse em começar no Acampamento Meio-Sangue “algo meio parecido com o que os humanos chamam de terapia”. Nico achara uma boa ideia porque sabia que os semideuses precisavam de ajuda para aceitar a nova realidade quando chegavam ao acampamento. Inclusive, lembrava bem como isso tinha sido difícil para ele.

Mas não era assim que ele havia imaginado que a “terapia” seria. Os exercícios de respiração não faziam o menor sentido. O sr. D tinha pedido a Nico que fizesse um diário para registrar as emoções do seu dia a dia, mas o hábito não vingara. O deus incentivava Nico a “viver no presente”, mas o garoto não entendia a lógica por trás desse conselho. Ele não viajava no tempo, só nas sombras.

Ainda assim, Nico tentava levar aquilo a sério. Ele se concentrou na roupa cor-de-rosa do sr. D, o que deveria ser suficiente para manter a atenção de qualquer pessoa no presente. Mas então ouviu um movimento ali perto e olhou para a esquerda.

No topo da duna mais próxima, um pequeno exército de seres escuros fofinhos espiava por trás da grama alta. As Bolinhas de Chocolate.

Nico viu que os cacodemônios estavam tentando ficar quietos, mas como eles eram a personificação das lutas internas e dos traumas de Nico, não se saíam muito bem quando eram “furtivos”. Eles também odiavam ficar longe do semideus.

O sr. D ainda estava de olhos fechados, praticando o exercício de respiração.

Talvez ele não notasse as Bolinhas… Dioniso pigarreou.

- Nico — disse ele —, por que eles estão aqui? Ops.

- O senhor prefere que eles andem pelos chalés? — perguntou Nico. — Que deem flashbacks aleatórios para todos os nossos novos campistas?

O sr. D franziu a testa.

- Hum. Melhor não. Eu ainda estou me acostumando com essas suas Bolinhas de Caos.

Nico sinalizou para os cacodemônios se aproximarem. Eles saltitaram e rolaram pela duna como manchas de tinta fugindo de um teste de Rorschach, fazendo barulhinhos de “Eba! Eba! Eba!” ao cercarem Nico.

Na verdade, Nico e Will também ainda estavam se acostumando com eles. Alguns meses antes, Medo tinha provocado um ataque de pânico em Will só de roçar no tornozelo dele. Raiva havia entrado num bosque de espíritos da natureza e provocado uma briga feia entre duas amoreiras que em geral eram bem pacíficas. Conforme foram ficando mais à vontade para existir fora do corpo de Nico, as Bolinhas de Chocolate deflagravam emoções relevantes em qualquer um que encontrassem. O sr. D achava que esse talvez fosse o jeito delas de se conecta-rem com outros seres humanos enquanto exploravam por aí.

- Talvez seja assim que as bolotinhas se comunicam.

Bolotinhas? Algumas tinham chifres! Pernas! Olhos brilhantes! Como ele ousava chamá-las de bolotas?

Na verdade, Tristeza lembrava mesmo uma bolota quando rolou até o sapato de Nico e subiu no joelho dele. Ele passou as mãos pelas costas da criaturinha e ficou maravilhado com a maciez absurda. Parecia uma almofada feita de fumaça. Em seguida, a onda de emoção chegou: um sufocamento de tristeza, incluindo as lembranças da irmã Bianca sumindo e da mãe deles se dissipando na escuridão.

Nico afastou a mão, e as imagens sumiram. O sr. D descruzou as pernas.

- Estou vendo que terminamos por hoje. Você não está mais prestando atenção. — Ele se levantou e começou a enrolar o tapete de ioga. — Para as nossas próximas sessões, vou proibir a presença das Bolinhas.

- Tudo bem. — Nico se levantou e derrubou uns seis cacodemônios do colo.

- Estou pensando em treiná-las para se apresentarem em um circo itinerante.

- Você já viu um circo itinerante, Nico? Você cairia como uma luva. O semideus revirou os olhos.

- Até parece. Eles não me aguentariam.

Os dois começaram a caminhar de volta para o acampamento, as Bolinhas de Chocolate dando gritinhos e saltitando atrás deles.

Quando chegaram ao topo das dunas, o sr. D pigarreou.

- Nico, eu sei que essas aulas são desafiadoras para você. Você não está acostumado a ficar parado.

- Ficar parado é superestimado.

- Aff. Imagina como eu me sinto de ficar preso neste lugar. — O deus in-dicou o vale à frente deles.

Para Nico, a visão do Acampamento Meio-Sangue era sempre de tirar o fôlego. Mesmo agora, no meio do inverno, os campos estavam verdejantes e viçosos. As construções de mármore grego (o refeitório, o anfiteatro, a arena) cintilavam em branco no pôr do sol. Aninhados em uma clareira na floresta, os chalés dos campistas formavam um retângulo amplo em volta de uma área ver-de central, onde a fogueira ardia com um calor aconchegante. Se você tivesse que ficar “preso” em algum lugar como deus, sendo obrigado a trabalhar por um século fazendo serviço comunitário por ter desobedecido às ordens de Zeus, ser diretor do Acampamento Meio-Sangue parecia uma ótima alternativa. Mas Nico sabia que não era uma boa ideia dizer isso para Dioniso.

O deus tirou um pouco de areia do casaco de esqui.

- O que eu quero dizer — continuou ele — é que acho que você está progredindo. Só quero ter certeza de que está mais preparado antes de começarmos a ensinar aos outros campistas como lidar com estresse, lembranças traumáticas, medo. Cada exercício que mostro para você tem um propósito, eu garanto.

- Eu sei. — Nico deixou os ombros relaxarem. — É que é tudo tão… novo para mim. Aprender a respirar, ficar parado e tudo mais. Faz meses que não te-mos nenhuma missão, nenhum conflito.

- E eu sei que está inquieto, Nico. Mas depois das coisas pelas quais você e Will passaram no outono, merecem um descanso. — O sr. D ficou calado por um momento e acrescentou: — Não tem nada de errado em desacelerar.

@omelete É A HORA DOS MEIO-SANGUE! Walker Scobell, o nosso Percy Jackson, falou com exclusividade com a @umageekmedisse na San Diego Comic Con e contou um pouquinho sobre a relação e a química entre o elenco da série do Disney Plus! #percyjackson #walkerscobell #disney #sandiegocomiccon #sdcc #sdcc2025 ♬ som original - Omelete

Nico não estava tão certo disso. Na última vez que sua vida tinha “desa-celerado”, ele ficara preso no Hotel e Cassino Lótus e perdera quase todo o século XX.

Ele e o sr. D foram para o oeste do lago de canoagem e passaram pelos chalés. Em pouco tempo, ouviram o som de uma flecha voando e acertando um alvo de feno. Will Solace estava com Juníper, uma das dríades do acampamento, examinando a distância do disparo que ele tinha dado.

Eles formavam um par e tanto, o filho de Apolo e a ninfa. Juníper era miúda e esguia, com cabelos compridos cor de âmbar. Estava descalça, usando um vestido verde diáfano. Uma brisa mais forte e ela poderia ser levada para longe, mas se portava com confiança. Era nítido quem era a professora ali.

Will era mais alto, com físico de surfista. Vestia uma calça jeans desbotada e um moletom azul que contrastava bem com a cabeleira loura. Estava segurando um arco junto ao lado direito do corpo e franzia as sobrancelhas para o alvo, claramente infeliz com sua mira.

Ao vê-los juntos, Nico sentiu uma pontada irracional de ciúmes. Ei, esse na-morado muito lindo é meu. Fica longe dele! Mas então Will notou que ele se aproximava e abriu um sorrisão, e os sentimentos ruins de Nico derreteram e se transformaram em pura alegria.

- Nico! — chamou Will.

Meus deuses, pensou Nico. Ele ainda não acreditava que existia alguém no mundo que sempre parecia tão feliz quando o via. Como ele tinha dado tanta sorte?

- Vou conseguir disparar agora — disse Will para o namorado. — Olha! Ele prendeu uma nova flecha e puxou a corda.

- Isso mesmo — encorajou Juníper. — Imagina para onde você quer que ela vá e visualize isso.

Will soltou a flecha. Ela disparou pelo ar e se fincou no aro mais externo do alvo.

Foi assim que eu imaginei mesmo — apressou-se a dizer. — Foi total a minha intenção.

- Está melhor do que na semana passada. — Nico deu um beijo na bochecha do namorado. — Você não conseguiu acertar o alvo.

Will corou.

- Eu sei. Não acredito que estou demorando tanto para melhorar no arco e flecha. Sei lá, só espero que meu pai não esteja muito envergonhado de mim.

- Com certeza ele está torcendo por você — disse Juníper. — Logo você vai estar acertando na mosca! Ou… talvez não logo, mas em algum momento.

- Isso não ajuda muito, Juníper — resmungou Will.

- Venha jantar conosco, filho de Apolo — chamou o sr. D com a voz estrondosa. — Sua presença vai ajudar os novos campistas a se adaptarem.

- Novos? — Will entregou o arco para Juníper. — Você quer dizer os da semana passada?

- Infelizmente, não — respondeu Dioniso. — De acordo com Quíron, chegaram mais três semideuses hoje à tarde.

- Mais três? — perguntou Nico. — Já? E não é nem verão ainda.

- Tudo culpa do sr. Percy Jackson. — O sr. D levantou as mãos. — Se ele não tivesse feito aquele discursinho dramático no Olimpo sobre todos os deuses menores merecerem respeito e terem seus próprios chalés, eu não estaria tendo que lidar com esse bando de pirralhos! Todos vocês teriam crescido e ido embora, e eu poderia transformar o Acampamento Meio-Sangue no meu Acampamento De Boa na Lagoa.

Will sorriu.

- Você ama a gente e vai sentir nossa falta quando formos embora.

- Não de você, Solace — retrucou o sr. D. — Nunca de você. Nem uma vez, nunquinha.

Will deu um peteleco no nariz do deus.

- Você fica tão fofo quando finge que odeia a gente.

Nico engoliu em seco, achando que o sr. D ia se transformar em um pilar ar-dente de ira e desintegrar todos eles, mas Dioniso apenas soltou um grunhido mal-humorado. De alguma forma, Will conseguia dar um peteleco no nariz de um deus olimpiano dos grandes e continuar vivo.

Durante a breve caminhada até o refeitório, o sr. D continuou com as reclamações sobre a chegada dos últimos semideuses. Havia alguns meses que vinha chegando gente nova ao acampamento quase toda semana. Quíron estava ocupadíssimo por causa disso. Como Nico e Will eram os “veteranos”, tinham assumido alguns deveres de orientação. Will havia sugerido que eles trabalhassem em uma apresentação com música e dança. Nico havia sugerido que Will nunca mais mencionasse essa ideia.

Na verdade, Nico ficava feliz em ajudar, mas algo no número cada vez maior de recém-chegados o deixava inquieto. Parecia parte de um padrão, como se o clima mágico do mundo tivesse mudado, forçando migrações e indicando que uma catástrofe se aproximava. Ele torcia para estar enganado…

Ao entrar no refeitório, o semideus viu os grupos de sempre espalhados pelas mesas de piquenique. Já tinha sido regra se sentar com as pessoas do próprio chalé, mas, desde o verão, Nico dera início a um movimento de resistência não violento (ou seja, ele queria se sentar com Will). A ideia não recebeu muita oposição de Quíron e do sr. D, e agora os campistas se sentavam onde bem entendiam. Alguns estavam rindo e jogando pedaços de pão nos companheiros. Outros queimavam oferendas para seus pais deuses na fogueira. O sr. D foi se juntar a Quíron na mesa principal, onde um sátiro com um ar nervoso esperava com uma travessa de uvas geladas e descascadas para o deus do vinho.

Nico viu os três novatos reunidos em uma mesa no canto. Uma pontada de pena acometeu seu coração, e ele se perguntou se também tinha parecido nervoso assim quando chegou.

Nico olhou para baixo e encontrou uma única Bolinha de Chocolate que mais parecia um ouriço-do-mar agarrada no cadarço dele com os membros pontudos. Solidão era a menor dos cacodemônios, e embora Nico não quisesse admitir em voz alta, talvez fosse seu favorito. Talvez por ter passado tanto tempo com esse sentimento.

Ele estendeu a mão, e a criatura subiu por seu braço. Aninhou-se na base do seu pescoço e fez uma onda de melancolia percorrer o corpo de Nico, mas o garoto não se importou. Era como a visita de uma velha amiga.

Quando Nico e Will se aproximaram dos novos campistas, os três nova-tos ficaram de pé como se alguém tivesse chamado a atenção deles. Todos pareciam ter seus onze ou doze anos. Um era um garoto pequeno e pálido que sumia dentro de uma jaqueta acolchoada e uma calça jeans que devia ser pelo menos três tamanhos maior do que o dele. A segunda era uma menina de pele marrom-clara, cabelo cacheado e um conjunto meio punk de vestido, jaqueta e botas que Nico aprovou e amou. O terceiro era um garoto mais alto com olho castanhos simpáticos, pele marrom-escura e o cabelo preto raspado bem curto. Ele parecia ser o líder, ou pelo menos o mais despachado do grupo. Deu um passo para a frente e estendeu a mão.

- Oi, eu sou o Oludare! — declarou ele, tão alto que todo mundo no refeitório deve ter ouvido. — Pode me chamar de Olu. Você é o sr. Di Angelo? Quíron disse que era para a gente falar com você.

Ao ouvirem “sr. Di Angelo”, alguns dos campistas mais velhos espiaram e deram risadinhas.

- Pode me chamar de Nico mesmo. — Ele apertou a mão de Olu, embora o gesto lhe parecesse formal demais.

- É um prazer conhecê-lo.

- Relaxem, pessoal — disse Will, o sorriso irradiando tanto calor que até Nico sentiu. — Aqui todo mundo é supertranquilo.

Olu mudou de posição, meio sem jeito.

 -Tudo bem, então. Bom… minha mãe deusa é Héstia!

O garoto falou isso num volume tão alto que a garota punk se encolheu.

- Olu, por favor — disse ela, mexendo nos próprios cachos. — Fala baixo.

- Desculpa! — gritou Olu. — Desculpa, desculpa. Eu falo alto quando estou nervoso.

Nico abriu um sorriso.

- Sei como é. Também já fui novato aqui. Então… espera, você disse Héstia? — Ele se virou para Will. — Eu nem sabia que Héstia teve filhos. Nós já recebemos algum dela aqui?

Will piscou.

 - Eu… Uau. Acho que não.

Os ombros de Oludare se encolheram.

- Isso significa que não tenho para onde ir?

- Pelo contrário — garantiu Will. — Todos os semideuses são bem-vindos no Acampamento Meio-Sangue. E quem são os seus amigos?

A garota se apresentou como Ananya. A mãe dela era uma deidade grega menor chamada Astreia.

- Eu nem sabia quem ela era — disse Ananya. — Aí, de repente, sema-na passada ela apareceu nos meus sonhos e mandou um papo tipo: Eu sou a tua mãe! Vai ao Acampamento Meio-Sangue! — A garota deu de ombros. — Quíron disse que ela é a deusa da justiça e da inocência… Até que é uma coisa legal, né?

- Olha, confesso que também nunca ouvi falar dela — admitiu Nico. — Mas tem muitos deuses que eu não conheço.

- Pelo menos ela te assumiu! Na nossa época a gente tinha que esperar me-ses, ou até anos, para nossos pais nos reconhecerem, e alguns campistas nunca foram assumidos. — Will se virou para o garoto pálido de roupas largas. — E você?

- Sou o Noah. — Ele limpou o nariz escorrendo na manga. Seus olhos estavam vermelhos, parecia ter chorado ou estar com uma crise alérgica. — Eu também tenho um pai obscuro. Você sabe quem é Hermes?

Will riu.

- O nome é familiar.

 -Cara. — Ananya se virou para Noah. — Você não estudou mitologia grega na escola?

Noah fez que não.

 - Eu perdi muitas aulas.

- Ele é o deus que tem aquelas asinhas nos pés — disse ela, sem rodeios. Nico segurou uma risada. O deus obscuro com asinhas nos pés.

- Espero que ele tenha ouvido isso lá no Olimpo.

 - O que é Olimpo? — perguntou Noah.

- Ah, a gente tem muita coisa pra te ensinar — disse Will. — Mas, antes de mais nada, vocês já comeram? Vamos pegar comida!

Eles encheram os pratos com pão fresco, queijo e frutas enquanto as dríades levavam taças da bebida que cada um quisesse (não alcoólica, óbvio) bem geladinha. Já sentados de novo saboreando os quitutes, Oludare começou a fazer um milhão de perguntas. Ficou evidente para Nico que aqueles três só tinham recebido uma introdução bem superficial sobre a vida de um semi-deus. Eles não tinham ideia da função do Acampamento Meio-Sangue, só sabiam do “regime de treinamento exigente e doloroso” que o sr. D tinha mencionado.

- Eu… não descreveria assim — comentou Will. — Mas tem uma par-te de treinamento, sim. Vocês vão ter que aprender a lutar, se defender, proteger os outros.

- Proteger os outros? — perguntou Oludare. — Do quê?

- Um outro campista me disse que nós temos que lutar contra monstros.

- Noah se encolheu ainda mais dentro da jaqueta. — Isso de monstro é verdade mesmo.

- É óbvio — replicou Ananya. — Se os deuses são reais, por que os monstros não seriam?

- Mas os deuses são reais? — retrucou Noah. — Eu nunca vi esse tal de Hermes. Como vou saber que ele não é inventado?

- Eu espero de verdade que Hermes esteja escutando tudo isso — murmurou Nico.

Noah franziu a testa.

- Desculpa. É que eu… eu estou confuso. Minha mãe disse que eu precisava vir pra cá, mas ainda não entendi por quê.

- Está tudo bem. — Will estendeu a mão por cima da mesa e a pousou na de Noah. — Nós vamos ajudar vocês.

- Ah, eu estou animado — disse Oludare. — Deuses e monstros? Pode contar comigo!

- Vou gostar de aprender a lutar melhor — comentou Ananya. — Mas eu já saio no tapa.

Noah puxou a mão e a escondeu dentro da jaqueta.

- Como vocês dois estão tão de boa com toda essa coisa sobrenatural?

- Ele apontou para uma dríade servindo bebidas para outros campistas. — Dizem que ela é um espírito de árvore… Como é que a gente vai saber se ela não está fantasiada?

- Você não acredita mesmo? — questionou Olu.

- Por que eu acreditaria? — A voz de Noah ficou mais estridente de pânico. O garoto parecia uma tartaruga se encolhendo para dentro do casco acolchoado de poliéster. — Eu nunca vi nada sobrenatural na vida!

Naquele exato momento, uma esfera de luz explodiu em cima da mesa deles e girou com as cores vibrantes do arco-íris. Os recém-chegados deram gritinhos. Noah quase caiu do banco. Até os campistas mais experientes se viraram e olharam, impressionados, como se aquilo não fosse algo que acontecia com frequência à mesa de jantar.

Nico soube direitinho o que era: uma mensagem de Íris, embora nunca ti-vesse visto uma tão grande e brilhosa.

Do portal luminoso, uma voz falou:

- Nico! Está aí?

O coração dele disparou.

Hazel? É você

A imagem tremeluziu e entrou em foco: era sua meia-irmã Hazel Levesque, com uma aparência majestosa nas vestes roxas e na armadura em estilo romano, o cabelo escuro trançado com folhas de louro douradas. Nico ficou feliz da vida em vê-la, mas a expressão séria da garota deixou evidente que ela não fora atrás dele para bater papo.

— É lógico que sou eu — respondeu ela. — E estou encrencada. Preciso da sua ajuda.

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