Pearl Jam em São Paulo 2011
Banda celebra seus 20 anos de carreira com hits de sacudir o estádio, performance excelente e muito carinho com os fãs
"Esta é a maior plateia da turnê, então, quem sabe, seja o show mais longo? Se isso estiver ok para vocês", declarou Eddie Vedder lá pelo meio do show, para o delírio geral da plateia, ávida por mais e mais Pearl Jam.
pearl Jam em sp
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Nesta sexta-feira, o Estádio do Morumbi, em São Paulo, recebeu a segunda apresentação desta passagem do Pearl Jam pelo Brasil. O setlist foi bem variado em relação ao primeiro show, na quinta-feira, um grande acerto para surpreender os fãs que acompanharam todas as notícias da turnê que comemora os 20 anos de história da banda. Com tanto tempo de estrada e um grande repertório, o Pearl Jam não teve medo de deixar de fora alguns dos hits que certamente sacudiriam o estádio. Se o show de quinta teve "Release", "World Wide Suicide" e o famoso cover de "Rockin' In the Free World", na sexta tivemos "Jeremy", "Last Kiss" e "State of Love and Trust".
O show começou agitado com "Go", seguida de "Do The Evolution", já fazendo toda a pista pular, enlouquecida. O clima se manteve em "Severed Hand" e "Hail Hail" (do álbum No Code, que ficou de fora do show de quinta-feira). Aos poucos, no entanto, o setlist foi acalmando e instaurou-se um clima de respeito e atenção, enquanto alguns cantavam junto, formando um coro baixinho. Estávamos ali para assistir ao Pearl Jam tocando ao vivo e a execução perfeita de cada canção parecia deixar a plateia hipnotizada. Era incrível observar Eddie Vedder, totalmente entregue em sua performance, não apenas como vocalista, mas como intérprete.
Conquistada a atenção dos fãs, também entregues à música, a banda ia conduzindo seu show e alternando momentos bonitos com agitação total, como a linda "Given to Fly", seguida de "Gonna See My Friend" e sua sonoridade hardcore, para em seguida tocar a calminha "Wishlist".
No primeiro segmento da apresentação, Mike McCready roubou a cena em vários momentos com seus solos de guitarra virtuosos (ou o máximo de virtuose que o grunge pode permitir). O ápice desse primeiro trecho foi, sem dúvida, "Black", que teve todos os seus versos cantados em coro. Enquanto a plateia entoava e se perdia no agudo "uh, uh, uh, uh uuuhhh", Vedder apenas observava, impressionado e visivelmente contente. Depois de um pequeno intervalo, a banda voltou ao palco com "Just Breathe". Vedder então anunciou "Inside Job", que sempre o lembra de São Paulo, pois foi em sua última passagem pela cidade que ele e McCready escreveram a canção.
Em seguida, "State of Love and Trust" veio para fazer o público pular mais uma vez e a animação continuou em "Olé", novo single do Pearl Jam, que foi surpreendentemente bem recebido, com a ajuda de seu refrão fácil. A partir daqui, foi a vez de Jeff Ament roubar a cena, com o baixo pesado de "Why Go" e "Jeremy", que sem dúvida era uma das músicas mais aguardadas da noite. Depois de ameaçar o fim, voltaram de mais um intervalo com a conhecidíssima "Last Kiss". A música foi atrapalhada por alguns problemas técnicos no som, mas que pouco pareciam importar para a plateia, que seguiu cantando e a banda emendou do ponto em que estava, sem interromper. "Betterman" veio fechar a trinca de hits, já fazendo a galera vibrar nos primeiros acordes. Em seguida, "Spin the Black Circle" veio retomar a atmosfera rock'n'roll, abrindo caminho para a entrega total dos fãs em "Alive".
Além de uma performance impecável, o Pearl Jam conquistou as 68 mil pessoas que lotavam o Estádio do Morumbi com muita atenção e carinho com os fãs, que ia do esforço de Eddie Vedder para falar português (sem pudor de ler as frases, escritas em uma folha de papel), à atenção com todos os presentes que eram atirados ao palco. Camisetas, cangas, lenços e faixas foram estendidas nos amplificadores ao londo do show e, na hora de ir embora, recolhidas pelo vocalista, que levou tudo consigo para o camarim. Os adesivos nas guitarras de Vedder eram o indício de que tudo aquilo era real; cada sentimento expressado, cada sorriso eram a demonstração verdadeira de músicos que, como seus fãs e suas bandinhas de garagem, continuam colando adesivos na guitarra, como se nada tivesse mudado nesses 20 anos.
A apresentação de 2h30 e 29 músicas chegou ao fim com "Baba O´Riley" (cover de The Who) e "Yellow Ledbetter". A plateia não pediu bis, pois não foi um show que terminou com gostinho de "quero mais", mas com um sentimento de completude. Afinal, não é sempre que assistimos a uma banda em plena forma comemorar seus 20 anos de carreira. E que venham os próximos 20!