É praticamente impossível falar da trajetória de Ayrton Senna na Fórmula 1 sem citar a sua relação com Alain Prost. Companheiros de equipe na McLaren entre 1988 e 1990, os dois protagonizaram uma das maiores rivalidades da história da modalidade, com polêmicas envolvendo quebras de acordo, discussões internas, acidentes na pista e trocas de farpas via imprensa. Com tamanha bagagem, era inevitável que Senna, nova minissérie da Netflix, abordasse alguns dos principais momentos do antagonismo entre os dois.
O escolhido para viver Prost na produção da Netflix foi Matt Mella, ator francês de 34 anos pouco conhecido no mercado internacional. Para entrar na mente do piloto, ele precisou entender não apenas quem Prost era como atleta, mas também o homem e os gatilhos que moldaram a sua relação com Ayrton Senna. Tudo isso, claro, sem fazer qualquer juízo de valor sobre a rivalidade entre dois dos grandes nomes da história da Fórmula 1.
"Meu trabalho era entender o Prost, então estou do lado do Prost, sou seu maior defensor e tenho sido nos últimos dois ou três meses", contou Mella em bate-papo exclusivo com a imprensa durante as gravações da série que o Omelete participou. "Mas isso é porque meu trabalho não é julgar a pessoa, então não o faço. Mas em relação ao Senna, é muito fácil ver que os problemas deles começam porque eles não se entendem."
O ator pontuou que é possível entender ambos os lados, mas o objetivo na série nunca foi retratar cada detalhe que fez Prost e Senna se tornarem rivais. "Obviamente, esta é a série de Senna, então é mais interessante para o espectador ter esses personagens fluidos, que não são perfeitos e, dentro deste contexto, termos uma série dramática. Não é um documentário, você pode explorar essas coisas um pouco mais e se aprofundar nelas."
Como o piloto francês ficou gravado na lembrança dos brasileios como o grande rival de Senna, o ator tentou representá-lo sem ficar preso a estereótipos. Para o seu processo de construção do personagem, Mella disse que tentou explorar um lado mais humano de Prost.
"É muito fácil olhar para essa rivalidade e dizer: 'Oh, ele fez isso, exatamente, ele é um vilão'. Isso eu não acho interessante, ter alguém transformado em vilão porque ele é desagradável, egoísta ou esse tipo de coisa. Ele também é humano, ele tinha medos, tinha amor, família. Ele tinha um relacionamento com Senna que era difícil, mas ele tinha um relacionamento com ele mesmo também, e isso eu acho muito mais interessante de assistir. Onde estão os momentos de humanidade, onde estão os momentos de entendimento entre eles, e se houve algo dito ou não dito. E isso é o que é realmente interessante."
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Protagonizada por Gabriel Leone (Dom), Senna ainda conta com Matt Mella como Alain Prost, Johannes Heinrichs como Niki Lauda, Joe Hurst como Keith Sutton, Steven Mackintosh como Frank Williams e Kaya Scodelario. A direção fica a cargo de Vicente Amorim e Julia Rezende. Já o roteiro é de Álvaro Campos, Gustavo Bragança, Rafael Spínola, Thais Falcão e Álvaro Mamute.
Senna já está disponível no catálogo da Netflix.
