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Netflix
Notícia

Ninguém Mandou - 1ª temporada

Produção da BBC tenta emular títulos como Elite e Pretty Little Liars, mas acaba sendo genérica e superficial

HH
07.08.2020, às 15H31.
Foto de Ninguém Mandou

Créditos da imagem: Ninguém Mandou/BBC/Netflix/Divulgação

A chegada da série Ninguém Mandou no Netflix foi festejada pela recente – e grande – parcela do público que está sempre ávida por novos dramas adolescentes na plataforma. Há algum tempo que esse “filão” vem trazendo bons resultados, sobretudo com o sucesso de títulos como Elite e até como o documentário Cheers que, mesmo não sendo roteirizado, trazia todos os elementos comuns de uma narrativa juvenil. A fórmula, em quase todos os casos, era a mesma: uma escola para abastados, uniformes quase iguais, intrigas românticas e um crime para ser resolvido. Pretty Little Liars, de 2010, pode até mesmo se considerar uma pioneira.

Ninguém Mandou, contudo, não está interessada em reinventar a roda. Apesar dessa despretensão, há um resultado a ser perseguido, que é o de manter o público interessado e envolvido a ponto de não se importar com as recorrências. As séries adolescentes mudaram com o tempo, foram perdendo inocência e naturalizando comportamentos que antes eram considerados escandalosos. Por isso, vários desses sucessos que estão em vigência usam sexo e violência sem maiores preocupações. Quando uma produção para esse público se “esteriliza”, fica parecendo com aquelas atrações corretinhas da Disney. Ninguém Mandou, infelizmente, invoca um pouco dessa energia.

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Os problemas com a série já começam na tradução brasileira de seu título. No original, Get Even poderia ser traduzido como Se Vingue, já que o bordão que sustenta o enredo parte da seguinte frase: “Não fique brava, se vingue (Don't Get Mad, Get Even)”. A sigla do grupo formado pelas protagonistas é DGM exatamente por isso. A tradução para “Ninguém Mandou” esvazia um pouco da sagacidade e deixa os incautos meio perdidos. Pode parecer bobagem, mas detalhes como esse pesam na relação que o público tem com a produção. Em se tratando de um produto tão genérico, preservar pequenas espertezas é essencial. 

O tal DGM é formado por quatro meninas muito diferentes que dividem o mesmo interesse: se vingar de quem comete bullying na escola. Kitty Wei (Kim Adis) é apontada como uma espécie de líder e vive tentando cumprir as expectativas dos pais. Bree Deringer (Mia McKenna Bruce) é o elemento transgressor, a rebelde do grupo. Margot Rivers (Bethany Antonia) ocupa a posição de “nerd indispensável” - nenhuma dramaturgia desse tipo se sustenta sem um. Enfim, Olivia Heyes (Jessica Alexander) alivia as tensões sendo aquela que anseia pela popularidade; ela é a “patricinha”, mas atípica. No fundo, Olivia se importa. Juntas, elas organizam ações para combater intimidações e injustiças. E conseguiram, com isso, tornar o grupo famoso.

Don't Get... Mad?

As coisas começam a se complicar quando uma pessoa morre e é encontrada com um bilhete que contém a sigla do grupo de justiceiras. Apesar de estarmos falando de um assassinato – que mais tarde levará a outro crime – tudo em Ninguém Mandou é devidamente esterilizado. Pouco sangue, poucas tensões, quase nenhum choque. É tudo tão calculado para não ser agressivo, que em muitos momentos é como se estivéssemos assistindo um episódio de Hannah Montana. Isso acaba sendo, de certa forma, até interessante. O jeito como a série consegue reunir mortes, perseguições e autoridades sem fazer as pessoas nem suarem, não deixa de ser um feito.

Infelizmente, um efeito colateral disso é uma imensa superficialidade. A série não se aprofunda em nenhum dos enredos paralelos – e eles já não são muitos. Os personagens periféricos, amigos e colegas das protagonistas, são reduzidos a rostinhos bonitos passando pela tela. Nas casas de cada uma delas também não se vai muito adiante. Os episódios com 25 minutos ajudam no ritmo, mas é como se os criadores não tivessem muitos assuntos para desenvolver. Fala-se muito em Gossip Girl para referenciar a produção, mas ela está longe daquela maldade e ironia. Ninguém Mandou é inofensiva.

Mas, existe um ponto forte que merece ser mencionado. Além de ser uma série protagonizada por mulheres, ela evita o tempo todo que seus enredos encostem em questões meramente sentimentais. Dificilmente você verá o quarteto falando sobre meninos. Quando um núcleo feminino gira todo em torno de quem vai ficar com quem, isso provoca um esvaziamento de objetivos. As meninas têm muito mais para mostrar. Uma pena que a série prejudique essa boa iniciativa ao apresentar uma trama tão insossa, que, inclusive, se resolve da maneira mais fácil e mais previsível. Embora haja uma porta aberta para um segundo ano e o formato permita muitas possibilidades de continuar explorando o óbvio, a primeira temporada é café-com-leite e não planta sequer um mísero filete de ansiedade.

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