Uma forma de arte tão ampla quanto o cinema é composta por vários gêneros e ainda abre espaço para outros “não oficiais”. Além dos tradicionais, como horror, romance, comédia e afins, há aqueles que não são criados a partir de características da obra, mas sim de fatores externos. É o caso dos famigerados filmes lançados “Direto para DVD”, nome dado a produções que não ganham distribuição nos cinemas. A estratégia pode ser adotada por várias razões, como possibilitar o lançamento de bons filmes que não teriam como competir com blockbusters de orçamentos enormes. Porém, o motivo mais comum é a qualidade duvidosa do produto final, que só gastaria o dinheiro do estúdio com uma distribuição que certamente acabaria em prejuízo. Esse é claramente o caso de S.W.A.T – Operação: Escorpião, filme resgatado pela Netflix, que engasga com uma direção fraca que só acerta quando não se leva a sério.
O longa acompanha um time da S.W.A.T. de Seattle, que é enviado em uma missão para interceptar um carregamento de drogas do famoso cartel São Paulo Locos em pleno feriado de 4 de Julho. Porém, o que o esquadrão liderado por Travis Hall (Sam Jaeger) encontra no local é o misterioso Escorpião (Michael Jai White), um homem mantido em cárcere pelos criminosos. O que o time não sabia é que o Escorpião estava na mira de um poderoso criminoso capaz de qualquer coisa para recuperá-lo. Por si só, a premissa mostra que o filme não partiu de uma ideia lá muito original, já que apreender um figurão que atrai a ira de bandidos perigosos é uma quarta-feira comum para forças policiais no cinema. O problema real é que a história genérica vem embalada por uma produção mal feita em praticamente todos os aspectos.
Se a história já não é lá muito engenhosa, com eventos e reviravoltas altamente previsíveis, os diálogos despertam uma grande sensação de vergonha alheia. Com dificuldade para fazer a história se desenrolar por conta própria, o texto de Jonas Barnes e Keith Domingue constantemente usa conversas para explicar o que está se desenrolando. Diálogos que por vezes estão cheios de frases de efeito ridículas e exposições fora de hora, como se só estivessem ali porque os personagens precisam falar alguma coisa.
A direção de Tony Giglio não é muito melhor. S.W.A.T. - Operação Escorpião falha em desenvolver tensão, fazendo com que até mesmo as cenas de ação soem protocolares. O filme desperdiça a única motivação de sua história, que é proporcionar porradaria, com coreografias entediantes que não parecem levar o mínimo de perigo aos seus personagens. O mesmo pode ser dito dos tiroteios, que tem uma edição confusa, mostrando consecutivos cortes de pessoas correndo e atirando até subitamente se encerrar com corpos caídos como resultado de mortes que a gravação não se deu ao trabalho de mostrar.
O filme só não é um desastre completo porque sabe afundar o pé da canastrice e não se levar a sério. Mesmo mergulhada em clichês, a produção ocasionalmente faz piadas com a própria mediocridade e garante momentos que evocam empatia por se desarmar de qualquer prepotência que muitos filmes do gênero adotam. O mesmo pode ser dito do elenco, que com um texto sofrível em mãos faz o possível para não cair na caricatura. Michael Jai White e Adrianne Palicki realmente se esforçam para dar naturalidade a conversas e atitudes que não fazem sentido nem mesmo na ficção.
Após mais de 90 minutos, S.W.A.T – Operação: Escorpião deixa bem clara a razão para não ter chegado aos cinemas. Atualmente disponível na Netflix, o longa põe à prova a decisão de streaming em resgatar produções que podem ter passado batido pelo público, já que algumas se sairiam melhor no esquecimento.
Ano: 2017
País: Estados Unidos
Classificação: 18 anos
Duração: 99 min
Direção: Tony Giglio
Roteiro: Jonas Barnes, Keith Domingue
Elenco: Sam Jaeger, Michael Jai White, Adrianne Palicki