A Gripe

Créditos da imagem: A Gripe/Divulgação

Netflix

Crítica

A Gripe

Longa de desastre por vírus é puro dramalhão, mas com bons resultados

03.04.2020, às 17H12.
Atualizada em 03.04.2020, ÀS 17H45

A busca por longas apocalípticos está em alta por causa da pandemia do coronavírus, especialmente por filmes que retratam o alastramento de doenças virais. Não à toa, desde o início das notícias da gravidade da nossa situação, a obra de Steven Soderbergh, Contágio, disparou para o topo de filmes mais procurados no iTunes. Flutuando na mesma onda, o drama sul-coreano de suspense apocalíptico A Gripe (2013) também se tornou uma nova sensação na Netflix. Totalmente diferente de Contágio, no entanto, o filme de Sung-su Kim confia muito mais no elemento do desastre e se prova eficiente em prender o espectador, por mais que se baseie no dramalhão e clichês de filmes de apocalipse. 

A Gripe retrata um cenário catastrófico na cidade de Bundang após um imigrante ilegal chegar à cidade portando uma mutação do vírus da gripe aviária. Focando na aliança improvável entre o bombeiro Kang Ji-goo (Jang Hyuk) e a médica Kim In-hae (Soo Ae), o longa acompanha as medidas drásticas que o governo toma para impedir o alastramento da doença, mostrando tanto o pânico da população, quanto a dificuldade das figuras de autoridade em tomar decisões. Durante todo o longa, In-hae tenta sobreviver ao caos ao lado de sua filha Kim Mi-reu (Park Min-ha), que lentamente demonstra sintomas da nova ameaça. 

O filme faz uma introdução sem pressa, prolongando-se em cenas já habituais de pessoas tossindo em câmera lenta e gotículas se espalhando pela população. Mas, quando o caos se estabelece de vez, A Gripe engata em filme de ação louvável que, apesar de usar diversos recursos super-utilizados, é bem-sucedido em transmitir empatia e comoção. Isso é resultado de performances e carismas certeiros de Hyuk e Min-ha, e especialmente no caso da pequena garota, que cativa o público com sua vulnerabilidade frente à ameaça. A falha neste quesito fica com a personagem de Soo Ae, que demonstra um egoísmo alarmante que nunca se redime. A médica que deixa sua filha infectada entrar na área de pessoas saudáveis talvez ganhasse simpatia em tempos comuns, mas em era de coronavírus fica difícil não culpá-la por comportamento irresponsável. 

De qualquer modo, não é exatamente a construção de personagens que acerta em A Gripe, e sim sua habilidade de prender atenção e criar uma suspensão de descrença. A velocidade da produção de uma vacina ou o maniqueísmo dos personagens não importam, na medida em que o espectador só torce pela união da filha com sua mãe e por uma resolução da situação. Quando o presidente da Coreia enfrenta a autoridade invasiva americana, representada por uma caricatura hilária que quer aniquilar toda a população, o filme consegue, ainda assim, transmitir comoção. No momento em que o sul-coreano finalmente triunfa sob o maléfico Sr. Snyder, o espectador pode sentir um alívio meio vergonhoso, mas certamente divertido. 

Repleto de personagens irritantes e uma trilha sonora brega, A Gripe é uma boa surpresa porque serve seu propósito. Mesmo com duas horas de duração, ele consegue prender o espectador durante a introdução de diversos obstáculos sucessivos que prolongam a chegada de uma resolução. Por mais apocalíptico que seja o cenário e (espera-se) longe da nossa realidade atual, A Gripe cai bem nos dias de hoje porque é reconfortante assistir personagens batalhadores e líderes exemplares no contexto de uma pandemia. 

Nota do Crítico
Bom
A Gripe
Gamgi
A Gripe
Gamgi

Direção: Sung-su Kim

Elenco: Hyuk Jang, Soo Ae

Onde assistir:
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