Após 15 anos, a espera acabou: Tudo sobre Timeless, o novo álbum do VIPER

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Após 15 anos, a espera acabou: Tudo sobre Timeless, o novo álbum do VIPER

Riffs pesados, refrões melódicos e referências à carreira da banda

Omelete
7 min de leitura
22.06.2023, às 15H07.
Atualizada em 23.06.2023, ÀS 13H43

Texto por: Daniel Dystyler, do Wikimetal

Dante Alighieri disse que “o tempo passa e o homem não percebe.” No caso do VIPER, os fundadores Felipe Machado e Pit Passarell, além do baterista de longa data, Guilherme Martin, não só percebem como quiseram deixar um registro sobre a passagem do tempo no contexto da banda. 

Timeless, o sétimo álbum de estúdio do VIPER, traz uma ligação intrínseca com o tempo que vai muito além do óbvio explícito no título. A começar pelos mais de 15 anos que separaram este disco de seu antecessor, All My Life, de 2007. Um hiato de tempo muito grande para uma banda que já havia lançado 6 álbuns completos, 2 discos ao vivo e 1 EP desde 1987.

Como veremos ao longo das 11 músicas que compõem Timeless, o tema do tempo está presente do começo ao fim do disco. E também no visual da capa e de todos os singles elaborados por Fernanda Victorello, com artes lindas, recheadas de referências às músicas deste álbum, à história do VIPER e claro, à passagem do tempo.

A edição em CD físico em formato slipcase reflete todo o cuidado na produção que celebra um disco tão aguardado de uma das bandas mais icônicas da história do metal nacional. A produção musical também está impecável com a assinatura de Maurício Cersosimo, que já trabalhou com artistas como Paul McCartney e Avril Lavigne.

Então é entrar nessa máquina do tempo porque vamos viajar para vários momentos da carreira do VIPER.

 

UNDER THE SUN

"Under The Sun" foi o primeiro single que o VIPER lançou, indicando que Timeless seria essa viagem no tempo mesmo. A faixa que abre o novo álbum poderia fazer parte tranquilamente dos discos de maior sucesso da banda, Soldiers of Sunrise (1987) ou Theatre of Fate (1989).

Em "Under The Sun", música composta por Pit Passarell e Guilherme Martin, todos os elementos que fizeram do VIPER um dos pioneiros do metal melódico, estão presentes. Isso inclui uma sessão instrumental que remonta ao estilo clássico muito usado pelo VIPER, por exemplo em “Knights of Destruction” ou “Soldiers of Sunrise”, no começo da carreira da banda paulistana. 

Logo na abertura do disco já dá pra sentir também quão acertada foi a escolha dos dois novos integrantes do lineup do VIPER: Leandro Caçoilo nos vocais e Kiko Shred na guitarra encaixaram perfeitamente. 

E o final da música de abertura é uma clara homenagem ao final de "Prelude To Oblivion" que vai deliciar os fãs da banda. A viagem no tempo começa bem. 

Com direção de Caio Cobra, diretor dos filmes Intervenção e Virando a Mesa, e direção de fotografia de João Leão, o VIPER também iniciava com essa música, a série de clipes que foram lançados como esquenta para o disco.

FREEDOM OF SPEECH

"Freedom of Speech", o segundo single lançado pelo VIPER, traz a banda criando um metal novo com uma pegada muito atual. Composta por Felipe Machado, a faixa mantém em suas letras temas presentes nas discussões dos dias de hoje. "Se você acha que balas de revólver são mais fortes do que pensamentos, você sempre estará perdido".

Nessa música, a referência ao tempo também aparece mostrando que várias coisas sobrevivem à sua passagem, como por exemplo, os laços sanguíneos e de amizade que o VIPER construiu ao longo da carreira. Não é à toa que Daniel Matos, irmão do saudoso Andre Matos, primeiro e eterno vocalista do VIPER, toca baixo nessa música. 

TIMELESS

A faixa-título, que também havia sido lançada como single, retoma a sonoridade do Theatre of Fate, porém com riffs que lembram o Evolution (1992). As fortes ligações de amizade da banda, que nasceu como uma brincadeira entre amigos de prédios vizinhos, seguem (e estão presentes ao longo do disco inteiro) com Nando Machado, irmão de Felipe Machado e fundador do Wikimetal, tocando baixo. 

A parte instrumental dessa música é sensacional. Real. Começando com o solo de Kiko Shred que é absolutamente incrível e que desemboca em uma parte lenta com teclado e voz que é um dos pontos mais altos do disco.

Aliás, a música reforça o que “Under The Sun” e “Freedom of Speech” já tinham sinalizado: que a escolha de Leandro Caçoilo para os vocais é muito acertada. Alternando vocais com tons muito altos, drive na voz e interpretação profunda, Leandro faz jus ao posto que já foi de Andre Matos.

“Timeless” também é uma composição de Felipe Machado. E sim, Pit Passarell como compositor é hors-concours (ver as próximas faixas), mas Felipe criou músicas absolutamente sensacionais nesse disco, e a faixa-título briga pra ser uma das melhores do novo álbum.

THE ANDROID

"The Android" foi o quarto e último single lançado pelo VIPER. Eu sou suspeito para falar sobre a genialidade de Pit Passarell como compositor. Ele é simplesmente o maior compositor do metal nacional. De longe. Ninguém chega nem perto. E em "The Android" isso fica mega explícito. Composta novamente na bem sucedida parceria com o baterista Guilherme Martin, que música diferente e legal! É uma mistura de Motörhead com Iron Maiden? Ou é um mix do Coma Rage com Evolution? Ou é totalmente diferente? Deixo pra vocês ouvirem e concluírem, assistindo ao clipe frenético e intenso com Pit nos vocais que nos teletransportam para os anos 90.

THE WAR

Bem... Se alguém tinha alguma dúvida sobre a genialidade do Pit, vamos para a guerra: "The War" é o épico dos épicos do VIPER. Uma música de quase 10 minutos, mas que dá a impressão de durar menos de 3 de tão intensa. Um metal novo, pesado e moderno. Com refrões melódicos, backings excepcionais e riffs pesadíssimos. E uma parte do meio que é realmente de chorar:

Aos 3' 45", a genialidade de Pit chega a níveis difíceis de imaginar. Ele criou um trecho que foi montado em cima da melodia da primeira música que o VIPER compôs na vida, no longínquo ano de 1985, quando “H.R.” ainda se chamava “Heavy Rock”, com um arranjo suave tocada no piano, porém sobreposta com os vocais da música “Not That Easy”, do último disco do VIPER. Notem: É uma base que foi feita juntando a primeira e a última música do VIPER. E ficou SENSACIONAL! Quem pensa isso? Só um gênio. Quer uma viagem no tempo maior do que essa? Timeless! 

Como se isso não fosse suficiente, depois dos solos, aos 6' 25" ele recria a icônica abertura de “Prelude To Oblivion”, porém de um jeito diferente. E com as guitarras destruindo. Só ouvindo pra entender. Se você é fã do VIPER vai se emocionar com essa música. Se você não é, vai gostar também.

ANGEL HEART

Mas o show de Pit não termina aí. Em "Angel Heart", Pit estica as fronteiras do metal fazendo intersecções com outros estilos. Tem um quê de rock inglês moderno com um solo que lembra o próprio VIPER antigo. Um dos motivos dessa nostalgia no solo é o fato que Yves Passarell, fundador do VIPER e atual guitarrista do Capital Inicial é quem faz o solo nessa faixa.

A música é tão bem composta e cheia de partes lindas, que certamente você vai achar que o refrão já chegou, mas só chegamos nele depois de mais de 2 minutos. Mais uma viagem no tempo que se inicia nos tempos de Yves solando no VIPER e acelera até 2023 com uma música que é diferente de tudo que o VIPER já fez!

LIGHT IN THE DARK

"Light In The Dark" é a única composição de Leandro Caçoilo no álbum e traz o power metal em sua essência. O baixo é entregue novamente a Nando Machado, que juntamente com a bateria de Guilherme Martin (impecável ao longo de todo o disco) e os vocais de Leandro, se destacam na sétima faixa do álbum.

Se Timeless é uma viagem por toda a discografia do VIPER, essa faixa entraria tranquilamente no álbum All My Life de 2007. Tenho certeza que os fãs de power metal vão curtir.

ECHOES IN THE MIRROR

"Echoes In The Mirror" também foi composta por Felipe Machado. A música nos traz de volta para 2023 com um som atual e letras que imaginam uma conversa com você mesmo do futuro. “Eu te conheço desde que você nasceu”, diz o seu eu do futuro. Mais uma referência à passagem do tempo no melhor estilo Oscar Wilde. 

Além dos vocais de Leandro que estão incríveis, a faixa volta a trazer Daniel Matos no baixo.

VIT RIGHTA

"VIT Righta" é possivelmente a música mais "diferente" desse álbum. Ela se encaixaria no Coma Rage (1994) com uma pegada pesada, mais hardcore, mas sem deixar de lado a musicalidade do VIPER. Essa é mais uma música cantada por Pit Passarell e que encaixou muito bem.

THAIS

A linda homenagem que Pit fez para a mãe de sua filha é a penúltima música do disco. Com os sempre belos vocais de Natacha Cersosimo, do Toyshop, a faixa encerra as músicas cantadas do disco. Acho que ela destoa um pouco do resto do álbum pelo seu estilo, mas emociona saber das participações de Hugo Mariutti nos violões e Fábio Ribeiro nos teclados. Ambos eram pessoas muito próximas ao Andre que, assim como a Thais, nos deixou prematuramente em 2019. Fica a homenagem de Pit, Natacha e do VIPER: “Pit and Thais always rhyming in a new song” diz a letra.

REALITY

Chegamos ao final dessa viagem pela vida, história, pessoas e músicas do VIPER. E para fechar a viagem, Timeless traz o fim de um ciclo carregado de simbolismos, similaridades e contrapontos.

Em 1989, os jovens meninos do VIPER decidiram abrir o icônico álbum Theatre of Fate com uma linda, épica e curta música instrumental chamada “Illusions”.

Mais de 30 anos depois, em 2023, eles decidiram encerrar seu último álbum com uma também linda, épica e curta faixa instrumental chamada "Reality."

Em 1989, “Illusions” abria o disco e lançava os meninos do VIPER para o mundo, cheios de ilusões. Em 2023, após uma vida de emoções, de pessoas que se foram, e de outras tantas que vieram, é a realidade de “Reality” que encerra o Timeless.

E eu, que carrego essa banda no coração desde sua fundação, quando me tornei roadie do VIPER, não poderia ter ficado mais feliz e orgulhoso.

Uma verdadeira viagem no tempo. Eterna. Timeless.

WIKIMETAL RECOMENDA

O Hurricanes lançou na última sexta-feira, 09, o single “Thunder in the Storm” em preparação ao primeiro álbum da carreira. O disco homônimo da banda será disponibilizado em 30 de junho via ForMusic Records. 

A nova faixa, ao contrário dos já divulgados singles “The Bird’s Gone” e “Purple Clouds”, revela a musicalidade e versatilidade do grupo brasileiro através de uma mais lenta melodia.

A fim de divulgar o trabalho recente e inédito, Hurricanes realizará um show explosivo de lançamento no dia 2 de julho no La Iglesia Borratxeria, em São Paulo.

PARA OUVIR

Nos últimos anos, o Wikimetal vem dedicando boa parte de seu espaço para divulgar bandas novas e lançamentos de rock e metal. Seja através da nossa playlist “Lançamentos” com as novidades da semana, atualizada toda sexta-feira, seja através da playlist “Descobertas”, uma coletânea com bandas iniciantes que constantemente atualizamos.

Ainda assim, algumas pessoas insistem que o rock morreu. Para elas, desde 2021 temos criado playlists com tudo de bom que saiu no ano. Em 2021 foram quase 450 sons novos, enquanto em 2022 tivemos 600 músicas incríveis.

E 2023 vai pelo mesmo caminho: Já são 250 músicas de destaque e nem chegamos no meio do ano! Vale conferir (e seguir) a playlist que é atualizada com novos lançamentos toda semana.

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