O cantor Tony Bennett, um gigante da música estadunidense conhecido por gravar interpretações definitivas de clássicos como "I Left My Heart in San Francisco", morreu aos 96 anos na manhã de hoje (21). A informação é da Variety, que citou complicações do Alzheimer, diagnosticado em 2016, como causa da morte.
Em anos mais recentes, Bennett ficou conhecido por seus álbuns recheados de duetos com astros do pop. "Body and Soul", gravado com Amy Winehouse, se tornou um hit inesperado, enquanto a parceria com Lady Gaga em "The Lady is a Tramp" desaguou em uma longa amizade que rendeu dois discos colaborativos, Cheek to Cheek (2014) e Love for Sale (2021).
Vencedor de 20 estatuetas do Grammy durante a carreira (incluindo uma honorária pelo conjunto da obra, em 2001), Bennett também recebeu dois Emmys e uma miríade de outras honrarias da indústria estadunidense. No livro de recordes do Guinness, ele aparece como o artista mais velho a alcançar o topo da Billboard (com o Cheek to Cheek, aos 84 anos) e o artista mais velho a lançar um álbum de material inédito (com o Love for Sale, aos 95).
Nascido no bairro do Queens, em Nova York, Bennett era um veterano da Segunda Guerra Mundial, que começou a cantar profissionalmente nas bandas do exército norte-americano. Sua ascensão ao sucesso, curiosamente, veio com aparições em vários programas caça-talentos da TV, o que o levou a apresentações em clubes nova-iorquinos e eventualmente a um contrato com a Columbia Records, assinado em 1950.
Os anos seguintes viram o lançamento dos seus primeiros singles que atingiram o topo das paradas norte-americanas: "Because of You", "Cold, Cold Heart" e "Rags to Riches" - este último é mais conhecido dos fãs de cinema por tocar na abertura de Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese.
O lançamento do álbum Tony Sings for Two, em 1961, viu a chegada da sua canção-assinatura, "I Left My Heart in San Francisco". Foi a faixa que lhe deu as primeiras vitórias no Grammy (inclusive na categoria gravação do ano), e que o levou ao seu primeiro show no Carnegie Hall, casa consagrada do cenário nova-iorquino.
A ascensão do rock n' roll nesta mesma década, no entanto, trouxe turbulências para a carreira do músico. Já nos anos 1970, ele se viu lançando álbuns pela sua própria gravadora, Improv, que ganharam a admiração dos críticos, mas pouco venderam - sua parceria com Bill Evans, particularmente, foi importante nessa era.
Foi ao entregar a gerência de sua carreira nas mãos do filho, Danny Bennett, que Tony viu uma ressurreição profissional. The Art of Excellence, de 1986, foi seu primeiro álbum em 15 anos a chegar às paradas da Billboard, enquanto Perfectly Frank (1992) e Steppin' Out (1993) - tributos a Frank Sinatra e Fred Astaire, respectivamente - o retornaram às graças da academia.
Em 1994, sua aparição no MTV Unplugged consagrou esse retorno, vencendo a estatueta de álbum do ano no Grammy e se tornando um dos títulos mais vendidos de toda a sua discografia.
Além da música, Bennett ganhou reconhecimento como pintor, com exibições internacionais e até uma obra exibida pelo prestigioso Smithsonian - um retrato da paisagem do Central Park, em Nova York. No espaço da literatura, lançou livros sobre artes plásticas e uma autobiografia, The Good Life, em 1998.
Por fim, como ator, Bennett apareceu em filmes como Confidências de Hollywood (1966), O Pancada (1994), Máfia no Divã (1999) e Todo Poderoso (2002), na maior parte do tempo interpretando versões cômicas de si mesmo.
Bennett deixa a esposa, Susan Crow, com quem era casado desde 1997, e quatro filhos, incluindo o empresário Danny e a cantora Antonia Bennett.
