Música

Artigo

Skol Beats 2007

O que rolou no festival de música eletrônica

09.05.2007, às 00H00.
Atualizada em 21.12.2016, ÀS 20H00

Depois da síndrome do pânico gerada pelo tumulto Prodigy no ano passado, o Skol Beats parece ter encarado uma sinuca de bico: ou crescia e se tornava um evento descaradamente pop, ou se retraía, voltando às bases do mundinho eletrônico.

Acabou ficando pelo meio do caminho. A edição 2007 do festival montou um espaço gigante demais para um público menor, elitizado pelo preço mais alto, pelo lineup sem mega-nomes populares e pela divisão do evento em dois dias, sexta e sábado. Também pegou o fim de semana errado, batendo de frente com a Virada Cultural promovida pela Prefeitura da cidade - que armou palcos gratuitos de música eletrônica, um dedicado só ao trance, gênero de audiência leal que foi ignorado neste ano pelo SB.

6

None
Bonde do Rolê

3

None
Addictive TV
00:00/09:45
Truvid
auto skip

0

None
Afrika Bambaataa

4

None
The Crystal Method

5

None
The Cuban Brothers

1

None
Guy Gerber

2

None
20 20 Soundsystem

Para quem estava mais interessado mais em sacar a evolução da música moderna do que ver os baluartes da eletrônica, três nomes importantes brilhavam no lineup: MSTRKRFT e Afrika Bambaataa, na sexta-feira, e Simian Mobile Disco, no sábado.

Tudo começou mal logo no primeiro dia com o cancelamento do MSTRKRFT - a dupla encerraria a manhã da sexta, mas ficou presa em Buenos Aires. Afrika, por outro lado, sofreu nas mãos do sistema de som da tenda ‘black’, que apresentou defeitos por toda a noite. Foram intermináveis 40 minutos com técnicos correndo entre os fios e seu time de MCs (incluindo seu filho, TC Izlam) pentelhando a audiência aos microfones, tentando quebrar o silêncio. Era visível a irritação do homem, enquanto mexia nas picapes mudas. Quem teve paciência para ficar, diz que o set foi antológico.

A bola ficou toda para o SMD, no sábado. Os ingleses, com álbum a ser lançado no meio do ano, entraram com uma hora de atraso, depois do interminável momento "alô, Ibiza" de Guy Gerber, já com o sol aparecendo. Mais conhecida pelos seus remixes, a dupla preparou um set no estilo "indie cabeçudo", se exibindo mais do que fazendo a platéia dançar, com viradas bruscas de andamento e cortes secos na seqüência das músicas. Klaxons e Cansei de Ser Sexy apareceram no meio da apresentação, que não foi de todo ruim, mas poderia ser mais animada.

O primeiro dia teve bons destaques no palco principal, como as porradas graves do inglês Nathan Fake, tocando para quase ninguém, o grupo 20 20 Soundsystem, que teve o azar de tocar ao mesmo tempo de Bambaataa, e a dupla Addictive TV, que se redimiu das suas apresentações frustradas no ano passado, no Motomix.

Os VJs, que remixam som e imagem ao mesmo tempo, misturaram Cidade de Deus, Sex Pistols, Willie Nelson, Elvis Presley com The Streets, Queen com Quentin Tarantino. Antológicos, bem ao contrário do dispensável e velho SugarDaddy - os filhotes do Groove Armada lembraram os Stereo MCs no Skol Beats de 2003, mas sem a dose de nostalgia destes. Se nem o vocalista conseguia se empolgar com suas músicas, não dá pra esperar muito do público.

O live do Crystal Method, com um som pesado, quase punk, foi um dos grandes momentos do palco no sábado, mas o destaque mesmo ficou para a dobradinha dos Cuban Brothers com os brasileiros do Bonde do Rolê.

Os primeiros fizeram uma apresentação que parecia um show do Máskara pré-adolescente. O vocalista Miguel pegava nos bagos e falava baixarias em espanglês. E, entre uma bobagem e outra, cantava rumbas eletrônicas, com as percussões todas em loop, e seus backing vocals dançando break.

Como se fazer uma cover de "Just", do Radiohead, já não fosse esbórnia o bastante, o final da passagem do grupo pelo palco gerou cenas históricas. Vestido com um tapa sexo, chapéus e óculos escuros, o gordinho Miguel gastava todo seu potencial sexy em uma versão de "All night long (All night)", de Lionel Richie.

Foi a transição perfeita para o Bonde, que apresentou um show mais redondo que o do Tim Festival, em 2006. O grupo de funk-metal-bagacento, cujo CD de estréia vazou para a Internet neste fim de semana, vinha de mais uma de suas turnês pelo hemisfério norte e conseguiu conquistar a platéia trincada do Skol Beats. Se enganou quem achou que os curitibanos levariam tomatadas da paulistada: o trio conseguiu atenção maciça, divertiu todo mundo (apesar dos momentos mais confusos, principalmente nas músicas mais novas), botou os funcionários da limpeza para dançar e ainda saiu do palco sob o coro de "gostosa", para a vocalista Marina. Quem diria...

Apesar dos momentos de brilho no grande palco, o Skol Beats tem muito que refletir, principalmente se considerarmos que a tenda mais bem sucedida foi a mais distante do bolo (com uma programação de DJs "fáceis", na sexta, e dedicada ao drum’n’bass do DJ Marky, no sábado).

A segunda tenda (black, na sexta, e com DJs top de linha no sábado) passou os dois dias enfrentando problemas no som, além da costumeira (e sempre desagradável) chuva de suor. E o palco principal, este ano, teve sua validade questionada: por mais divertido que seja dançar ao ar livre, nenhuma das atrações escaladas precisava de um espaço tão grande, ainda mais com o frio que fez no descampado.

O que não pode é ficar nesse meio termo, não sendo nem um festival pequeno, nem um gigantesco. Ou abraça as massas, como vinha fazendo, ou diminui tudo e prepara um lineup mais moderno e conciso, só para os iniciados.

E um apelo a mais: desistam dessa idéia de forçar o público a caminhar madrugada adentro naquele chão repleto de pedregulhos. Não há pé que agüente. E dá uma saudade do chão de concreto do Sambódromo...

Comentários (0)

Os comentários são moderados e caso viole nossos Termos e Condições de uso, o comentário será excluído. A persistência na violação acarretará em um banimento da sua conta.

Login

Criar conta

O campo Nome Completo é obrigatório

O campo CPF é obrigatório

O campo E-mail é obrigatório

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

O campo Senha é obrigatório

  • Possuir no mínimo de 8 caracteres

  • Possuir ao menos uma letra maiúscula

  • Possuir ao menos uma letra minúscula

  • Possuir ao menos um número

  • Possuir ao menos um caractere especial (ex: @, #, $)

As senhas devem ser iguais

Meus dados

O campo Nome Completo é obrigatório

O campo CPF é obrigatório

O campo E-mail é obrigatório

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

Redefinir senha

Crie uma nova senha

O campo Senha é obrigatório

  • Possuir no mínimo de 8 caracteres

  • Possuir ao menos uma letra maiúscula

  • Possuir ao menos uma letra minúscula

  • Possuir ao menos um número

  • Possuir ao menos um caractere especial (ex: @, #, $)

As senhas devem ser iguais

Esqueci minha senha

Digite o e-mail associado à sua conta no Omelete e enviaremos um link para redefinir sua senha.

As senhas devem ser iguais

Confirme seu e-mail

Insira o código enviado para o e-mail cadastrado para verificar seu e-mail.

a

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.