Skank inicia nova turnê

Acho que uma das maiores novidades deste show é que, ao contrário do que costumávamos fazer, desta vez optamos por manter os arranjos ao vivo mais próximos dos que estão no disco. São melodias mais ricas e vocais mais trabalhados, por isso acreditamos que eles merecem ser preservados, mesmo dando mais trabalho para reproduzir, conta o tecladista Henrique Portugal.

Os europeus já deram seu aval para o espetáculo, que passou por Inglaterra, Dinamarca e Portugal, só para citar alguns países. Foi uma experiência enriquecedora para nós, lembra Samuel Rosa. Tocamos para o público de lá mesmo, não apenas para os brasileiros, e vimos as pessoas dançando e curtindo as músicas. Outra coisa bacana é poder ter contato com uma estrutura que não temos aqui.

A influência da década de 70 em canções como Dois rios - o primeiro single - pode ser percebida não apenas nas melodias e vocais mais trabalhados, mas também nas letras metafóricas e poéticas. O que acontece é que essa sonoridade vem sendo resgatada no mundo todo. Procuramos estar sempre por dentro do que está sendo produzido no resto do mundo e é notória essa revalorização dos Beatles, da carreira solo de Lennon e do rock progressivo. Quanto às letras, o que acho que aconteceu foi que, por causa de uma maior sofisticação das melodias e harmonias, elas acabaram ganhando um tom mais denso também, explica o vocalista.

Mas este amadurecimento como musicos e compositores não acabou trilhando o caminho óbvio seguido por nove entre dez bandas: arranjos de cordas e orquestra. Não queríamos cair neste lugar-comum. Usamos o recurso durante a festa de entrega do VMB (Video Music Brasil, promovida pela MTV), mas no show a coisa será bem diferente. Estaremos inclusive com duas guitarras no palco, adianta Henrique que destaca que também no cenário da turnê, mais uma vez assinado por Gringo Cardia, os anos 70 também estarão presentes. Está bem psicodélico. Vamos contar ainda com projeções desta vez.

Quanto às parcerias, todas as velhas conhecidas dos fãs estão presentes: Chico Amaral, Nando Reis, Fausto Fawcett e Lô Borges são algumas delas. São pessoas com quem gostamos muito de trabalhar e com quem as coisas fluem com facilidade. Não tenho um método específico de composição mas geralmente, as músicas são feitas antes das letras, diz Samuel. Entre as novas músicas, destacam-se Os ofendidos, mostrando mais uma vez a vertente politizada da banda, e Formato mínimo, uma espécie de homenagem a Construção, música de Chico Buarque baseada em palavras proparoxítonas. A historinha da letra foi criada a partir das palavras. Fomos montando a canção aos poucos, cuidadosamente. Vimos que não cabia um refrão por exemplo e ela acabou ficando uma das mais densas do CD, completa.