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Música
Artigo

Sinfonia da Terra Média

Sinfonia da Terra Média

RP
21.12.2001, às 01H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 12H00

“Nightfall In Middle-Earth”, dos alemães do Blind Guardian, veio provar aquilo que todo mundo já sabia: a obra de J. R. R. Tolkien, “O Senhor dos Anéis” - e os demais livros desse universo fantástico - exercem uma influência muito grande no mundo da música, em especial no heavy metal europeu.

No entanto, a relação do Rock and Roll com Tolkien, que explodiu nas décadas de 80/90, juntamente com a maior popularização do Metal na Europa, não é de hoje. Já nas décadas de 60 e 70 bandas de rock admitiam a influência exercida por Tolkien em suas composições. É de conhecimento público que mesmo os Beatles eram fãs do escritor e tinham planos futuros de fazer um filme em que cada um interpretaria um personagem criado pelo escritor. Infelizmente a banda se dissolveu antes de levar o projeto a cabo.

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Falando de influências mais concretas, em que algo realmente foi produzido influenciado pelo escritor, temos muitos exemplos, dentro do rock progressivo, do heavy metal e mesmo dentre bandas de estilo mais agressivo, de trash/death/black metal. Dentro do Rock Progressivo, é fato conhecido de que o Marillion retirou seu nome justamente do “Silmarillion”; Em “Fly By Night” (1974), os músicos do Rush gravaram a emocionante “Rivendell”, nome inglês para Valfenda, como mostra o trecho: “Elven songs and endless nights. /weet wine and soft relaxing lights/Time will never touch you/Here in this enchanted place”.

Antes disso, o Led Zeppelin já mostrava em suas músicas conhecer bastante a obra de Tolkien. Em “Battle Of Evermore”(1971), são citados os Nâzgul, espectros do Anel que perseguem Frodo e seus companheiros ao longo da trilogia; antes disso, em 1969, na música “Ramble On”, a influência revela-se no seguinte trecho: “Mines a tale that cant be told, my freedom I hold dear./How years ago in days of old, when magic filled the air./Twas in the darkest depths of Mordor, I met a girl so fair./But Gollum, and the evil one crept up and slipped away with her, her, her....yeah.”.Alusões a Tolkien também podem ser encontradas em “Misty Mountain Hop”.

Ainda no terreno do rock progressivo, em 1996 os suecos Pär Lindh e Bjôrn Johansson gravaram um álbum conceitual chamado “Bilbo” em que, em poucas palavras, tentaram contar a história de “O Hobbit”. O cd, mesmo sendo baseado na história que precede “O Senhor dos Anéis”, não foge às características do Rock Progressivo e, por isso, é mais instrumental do que cantado.

Pulando do rock progressivo para o trash/death/black metal, é possível notarmos que mesmo essas bandas são muito influenciadas pelo universo de Tolkien. Algumas, como a sueca Isengard, retiraram seu nome do universo da Terra-média; outras, como a austríaca Summoning baseia suas músicas exclusivamente nas obras de Tolkien. Há ainda a incorporação de personagens, como é o caso do vocalista da norueguesa Burzum que, por algum tempo, adotou o nome de Conde Grishnackh. Grishnackh, para quem não se lembra, é um dos Orcs que lideraram o ataque à Sociedade do Anel, que culminou com a morte de Boromir. Amon Amarth, Abigor, Gorgoroth, e Unleashed são outras bandas que usam e abusam da inspiração tolkieniana em suas músicas.

O heavy metal (e seus vários gêneros, como o power metal e speed metal, dentre outros), porém, é quem mais se beneficia da popularidade que histórias envolvendo anões, elfos e guerreiros adquiriram após a publicação de “O Senhor dos Anéis”. Afinal, muitas das bandas do gênero trazem em seus cds, composições cuja temática se inspira na Era Medieval. Uma das primeiras bandas a trazer essa temática para o heavy metal foi a alemã Helloween. Em seu terceiro álbum, “Keeper Of The Seven Keys II”, a música que dá nome ao cd é uma composição épica, que conta a história de um guerreiro que deve proteger e esconder as sete chaves que fecham os sete oceanos, antes que elas caiam nas mãos de um demônio que mergulharia o mundo em trevas.

Pouco antes disso, em 1985, os suecos do Running Wild cederam à influência de Tolkien e gravaram "Mordor"¸música inspirada na cidade de Sauron. O interessante nesse fato é que o Running Wild ficou mais conhecido no mundo do metal justamente por suas músicas, em sua maioria baseadas em histórias de pirataria - como se pode ver pelas capas de seus cds - um tema não muito ligado às histórias de Tolkien.

Em “Angels Fall First”, cd de estréia dos finlandeses do Nightwish, na música “Elvenpath” há menções incidentais e diretas ao universo de Tolkien. Incidentalmente, é inserido um trecho retirado do prólogo narrado por Gandalf no desenho animado “The Lord Of The Rings”, de Ralph Bakshi. Mais adiante, na mesma música, há um pequeno trecho em que os hobbits são mencionados.

Outras bandas, como o LeFay, Edguy, Hammerfall e Rhapsody, dentre muitas, aproveitam-se, direta ou indiretamente, das obras de Tolkien. Os alemães Edguy costumam rechear seus álbuns com músicas de temática medieval; os suecos do Hammerfall, que estiveram recentemente no Brasil, sofrem uma influência muito grande das conquistas dos Templários quando escrevem suas músicas. No entanto, músicas em que guerreiros enfrentam dragões podem ser facilmente encontradas. O Rhapsody, que também esteve recentemente em São Paulo, utiliza-se dessa influência de uma forma diferente. O principal compositor e escritor da banda, o guitarrista Lucca Turilly, optou por criar um mundo fictício, uma terra medieval chamada Algalord, onde seus guerreiros travam uma eterna luta contra o mal. Todos os quatro álbuns da banda - “Legendary Tales”, “Simphony Of The Enchanted Lands”, “Dawn Of Victory” e o recente mini-cd “Rain Of A Thousand Flames” - mostram magos, bruxas, guerreiros e dragões em uma eterna batalha da luz contra as trevas. Segundo Turilly a saga de Algalord se encerra no quinto álbum da banda, a ser lançado no primeiro semestre de 2002. É claro que nós do Omelete traremos uma matéria sobre essa saga que mistura heavy metal com influências de música clássica assim que o cd sair :-)

Mesmo no projeto paralelo que leva seu nome, Lucca Turilly não se afastou da temática medieval e lançou, no ano passado, “Kings Of The Nordic Twilight”, um álbum conceitual, a primeira parte de uma trilogia, em que guerreiros, dragões e elfos são os personagens principais.

Falar da influência de Tolkien no heavy metal, no entanto, é falar de Blind Guardian. Desde seu surgimento, na Alemanha da década de 80, a banda demonstra abertamente sua admiração pela Terra-média e seus habitantes. Já no primeiro álbum “Battalions Of Fear” é patente a influência que Tolkien exerce sobre o Blind, especialmente sobre o vocalista/baixista Hansi Kursch. Afinal, de onde mais ele tiraria nomes para músicas como “By The Gates Of Moria”, ou “Galdalf’s Rebirth”&qt;& A primeira, inclusive, um heavy metal mais pesado, mescla-se perfeitamente com o clima que o escritor inglês quis passar quando descreveu a luta da Sociedade contra os orcs nas minas de Moria. Além delas, há ainda “Majesty”, música que abre o álbum e menciona os personagens de Tolkien em diversas passagens, uma delas, já na primeira estrofe: “Running and hiding Im left for the time/To bring back the order of devine/Hunted by goblins no Gandalf to help/With swords in the night/Oh the last part of the game/Decision of death and life”;

O álbum seguinte, “Follow The Blind”, não traz nenhuma música particularmente baseada nos seres de pés peludos e seus companheiros. No entanto, a capa do cd traz um mago de longa barba e cabelos brancos, vestido num manto cinza e, atrás dele, um pequeno homem barbado e de orelhas pontudas. Ambos tentam se esconder de uma misteriosa figura encapuzada. Tudo leva a crer que sejam Gandalf e Bilbo.

“Tales From The Twilight World” traz “Lord Of The Rings”, música que chega a usar de alguns trechos baseados no prólogo do livro: “There are signs on the ring/Which make me feel so down Theres one to enslave all rings/To find them all in time/And drive them into darkness/Forever theyll be bound Three for the Kings/Of the elves high in light/Nine to the mortal/which cry”. Ao que tudo indica, Frodo seria a personagem incorporada por Hansi Kursch para a música.

“O Senhor dos Anéis” é deixado um pouco de lado em “Somewhere Far Beyond”, quarto disco da banda. Os personagens de Tolkien, no entanto, não. “The Bard’s Song”, presente no disco, é dividida em duas partes: “In The Forest” e “The Hobbit”. Na primeira, um bardo toca com homens ao redor de uma floresta medieval. Eles descansam antes de enfrentar os perigos da jornada que iniciarão pela manhã os reserva. O último trecho da música, diz “In my thoughts and in my dreams/Theyre always in my mind/These songs of hobbits, dwarves and men/And elves/Come close Your eyes/You can see them, too”. Já em “The Hobbit”, Bilbo Bolseiro assume o papel de cantor e conta algumas das peripécias que teve que realizar quando ganhou o Um Anel de Gollum e depois se envolveu na guerra entre os anões, Smaug e os homens. A música faz um resumo dos principais fatos descritos no livro, como se o próprio Bilbo tivesse transformado sua história em música.

Depois disso, o Blind Guardian deixou Tolkien de lado nos dois álbuns seguintes, “Imaginations From The Other Side” e “The Forgotten Tales”. Esse último, uma coletânea de lados-b, contém uma versão alternativa para “Lord Of The Rings”. Esse aparente descaso tem um motivo: o próximo álbum da banda, “Nightfall In Middle-Earth”, seria uma obra conceitual totalmente baseada no “Silmarillion”. São 22 músicas, das quais metade é constituída de pequenas vinhetas, geralmente com menos de 1 minuto de duração, em que se escuta o barulho de batalhas ou diálogos entre os personagens do livro. As músicas restantes procuram retratar algumas das passagens mais importantes do livro. “Into The Storm”, por exemplo, mostra uma nova interpretação para a disputa de Morgoth e Ungoliant pela posse das Silmarils; já “Time Stands Still (At The Iron Hill)” descreve a luta de Fingolfin, o rei supremo dos Noldor contra Morgoth, o Senhor Negro, nas portas da fortaleza de Angband.

A ilustração na capa de NIME mostra o momento em que Berem (disfarçado de lobo) e Lúthien roubam uma das Silmarils de Morgoth.

Quando o filme de “O Senhor dos Anéis” ainda estava na pré-produção, o Blind Guardian enviou ao diretor Peter Jackson uma fita com algumas amostras de um projeto acústico/orquestral que a banda pretendia desenvolver especialmente para a produção. Para a frustração de Hansi e dos fãs do Blind, porém, Jackson preferiu outras opções (clique aqui para saber mais sobre a trilha do filme). No entanto, esperamos que ele reconsidere sua decisão para o restante da trilogia.

Há ainda uma infinidade de artistas e bandas que se utilizam - direta ou indiretamente - do universo de Tolkien para compor suas canções. No artigo acima, preferi me ater às bandas de rock e metal que o fazem. No entanto, para se ter uma lista mais ou menos completa e atualizada de tudo o que foi composto em homenagem à Tolkien, acessem The Tolkien Music List, site onde encontrarão um compendium bem completo sobre o assunto.

Esse artigo não seria possível sem a colaboração involuntária de Pedro Fraga Bonfim. Seu artigo “Rock e RPG: J. R. R. Tolkien”, publicado meses atrás no Whiplash (www.whiplash.net) foi fundamental para direcionar minha pesquisa sobre o tema.

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