Sigur Rós entre parênteses
Sigur Rós entre parênteses
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Nada de trauma do segundo disco aqui, principalmente porque eles não se importam. Sucesso comercial pra quê, se eles podem continuar fazendo música para o próprio umbigo na sua terra gelada? Em várias entrevistas, já declararam que preferem que a imprensa olhe para a música realizada e ignore-os. Seu primeiro álbum internacional, Ágaetis Byrjun, lançado há mais de três anos na Islândia, conquistou a crítica de praticamente todo o mundo, vendendo mais de 300 mil cópias. Venhamos e convenhamos, para um som abstrato desses, não é pouco.
Abstração, na verdade, é a palavra chave do novo disco, que nem nome tem. A obra é representadas por singelos ( ) parênteses, deixando o significado do não-nome para os ouvintes. A capa tem quatro versões prontas para o lançamento, uma para cada pólo do primeiro mundo - Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália. O conteúdo do encarte também não traz informação alguma. Nem mesmo os créditos das músicas estão lá: são oito páginas em branco, apenas com ilustrações na linha da capa. Os donos dos CDs serão encorajados pelo grupo a personalizar o impresso, com suas próprias interpretações das letras das músicas.
Tanto a imagem da capa quanto as internas do encarte foram produzidas pelo grupo. Segundo eles, são fotos tiradas durante as gravações no seu próprio estúdio (uma antiga piscina municipal transformada), manipuladas por elementos naturais, seja lá o que isso quer dizer. Aliás, uma das coisas que o grupo faz questão de ter controle é do acabamento gráfico dos discos. Espertos eles.
A maioria das faixas não é totalmente inédita, e já foi apresentada nos shows da última turnê do grupo - inclusive no Brasil. Uma delas até fez parte da trilha sonora de Vanilla sky, podendo ser ouvida no encerramento do filme. Seguindo a mítica do álbum, nenhuma tem nome oficial (Apesar de todas terem um de referência. Entendeu?). Em entrevista recente, o baixista Georg declarou que não existe motivo em títulos para as músicas. Nossas músicas não têm títulos. Poderíamos batizá-las, mas pra quê?.
O CD tem oito faixas em 70 minutos, divididas em dois blocos de quatro. O primeiro, mais calmo, reúne as músicas mais doces e fofinhas. No segundo bloco, depois de um pequeno período de silêncio como divisão, ficam as outras quatro, mais melancólicas e gemidas. Todas seguem o padrão Sigur Rós de ser: pequenos fragmentos de genialidade e angústia, montados como mezzo-sinfonias cheias de elementos. Os arranjos carregam nas cordas, além do tradicional baixo-guitarra, junto com o órgão e os vocais, enquanto a mixagem adiciona os outros ingredientes constantes ao grupo: gritos distorcidos, sons naturais e outros barulhos.
As letras continuam sendo cantadas em hopelandish, aquele dialeto bizarro criado pelo grupo para confundir todo mundo. Minimalistas, parecem seguir a louvável teoria de que a voz pode ser apenas mais um instrumento na combinação, sem um sentido imediato no que se canta. E o vocalise estridente de Thor Birginsson produz esse efeito com louvor.
Mesmo seguindo a mesma linha do álbum anterior, existe uma diferença: enquanto em Ágaetis, as faixas eram mais polidas e trabalhadas, aqui as músicas estão menos redondas. Parecem ter sido gravadas de uma vez só e deixadas por si só. Mais viscerais, o que parece denotar um amadurecimento do grupo. Provavelmente os meses em intensa turnê - mais os contatos com Radiohead e outros representantes do pop estranho - produziram uma evolução no grupo.
O lançamento mundial está marcado para 28 de outubro. Mundial não quer dizer que inclua o Brasil, já que a gravadora Trama (que lançou Ágaetis Byrjun por aqui) não se manifestou até agora. É esperar pra ver.
As faixas (que não tem nome, mas na verdade tem)
1. Untitled / Vaka
2. Untitled / Fyrsta
3. Untitled / Samskeyti
4. Untitled / Njósnavélin
5. Untitled / Álafoss
6. Untitled / E-bow
7. Untitled / The death song
8. Untitled / The pop song
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