Kauê Penna está mostrando MPB e samba para colegas do Santos Bravos: “Vem aí!”
Grupo da HYBE, gravadora do BTS, junta talentos latinos e disciplina do k-pop
Créditos da imagem: Santos Bravos; à extrema direita, Kauê Penna (Reprodução)
O Santos Bravos nasceu para misturar culturas – e o Brasil está nessa receita, representado pelo integrante Kauê Penna. O artista, conhecido dos fãs brasileiros por sua passagem pelo The Voice Kids, triunfou no reality show que a HYBE (a gravadora de grupos de k-pop como BTS, Tomorrow X Together e LE SSERAFIM) promoveu para encontrar o seu primeiro boy group latino. Agora, ele quer trazer ritmos brasileiros para os holofotes, como contou em entrevista ao Omelete.
“Acho que essa é uma das partes mais importantes de eu estar aqui, realmente poder trazer esse flow e toda essa cultura que o Brasil tem”, comenta. “O pessoal aqui nos EUA ama funk, e escutam muito, mas eu tenho mostrado muito pra eles a MPB, o samba, que são coisas que, pro futuro do Santos Bravos, a gente quer explorar um pouco mais. A gente é muito curioso... todos os membros do grupo são meninos muito curiosos, que respeitam e estão sempre abertos a aprender muito da cultura de cada um”.
Os colegas de Kauê no grupo são Alejandro Aramburú (do Peru), Drew Venegas (dos EUA), Gabi Bermúdez (de Porto Rico) e Kenneth Lavill (do México). O single de estreia do quinteto, intitulado “0%”, já bateu 5 milhões de visualizações no YouTube, e se aproxima dos 3 milhões de reproduções no Spotify. O passo seguinte foi realizar um show gratuito para mais de 10 mil fãs (e 70 mil acompanhando pelo livestream virtual) no Auditório Nacional, na Cidade do México. Ainda depois disso, veio a versão em português de “0%”, um reconhecimento da importância dos fãs brasileiros para o grupo.
No meio dessa trajetória ascendente, e pouco depois da estreia do capítulo final do reality show que os formou, os artistas falaram ao Omelete sobre expectativas para o futuro, brasilidade e muito mais. Confira a seguir!
OMELETE: A HYBE descreve o Santos Bravos como tendo o coração da música latina, mas com a disciplina e o espetáculo do k-pop. Vocês se inspiram em algum grupo de k-pop ou artistas latinos específicos?
GABI: 100%! Nós nos inspiramos... obviamente, o BTS é uma grande inspiração para nós. Eles são modelos. E o CORTIS [outro grupo da HYBE] também é incrível. O jeito como eles dançam, a forma como cantam. Então, é claro, muitos grupos de k-pop nos inspiram.
OMELETE: Claro, o k-pop e a música latina têm uma longa história de se entrelaçarem... O que vocês acham que faz essa mistura funcionar tão bem?
KAUÊ: Eu acho que... a gente passou por um treinamento de seis meses, um pouco mais do que isso, e continuamos treinando todos os dias. E eu acho que é super importante, pra gente, fazer parte dessa coisa da música mundial – ter a energia do k-pop, mas também esse sal, essa salsa, da música latina. Eu acho que sempre tem muita verdade no que a gente faz. E tem muito... como é que eu posso dizer? A gente tem um molho diferente. [Para os colegas de grupo] No Brasil, quando você tem o "sauce", a gente diz "você tem o molho". A gente tem esse molho, que consegue tornar tudo mais incrível, diferente, verdadeiro, latino. Como a gente é! Então, fazer essa mistura é muito importante pra gente.
OMELETE: Tanto o k-pop quanto o pop ocidental têm uma longa tradição de grupos formados por reality shows. Como foi essa experiência para vocês? Vocês acham que isso proporcionou algo que seria impossível se tivessem tido uma estreia mais convencional?
ALEJANDRO: Acho que o fato de ter sido um reality tornou tudo um pouco mais intenso. Acho que nos deu muita consciência, sobre tudo o que estávamos fazendo – porque estávamos sendo filmados o tempo todo, basicamente. Então, tivemos que ter muito cuidado com tudo. Acho que aprendemos muito sobre separar nossas vidas pessoais das vidas diante das câmeras. E acho que algo muito legal, para todos nós, foi poder ver os episódios do reality show como se fosse um filme… mas era nossas vidas! Sabe o que quero dizer? Não sei, eu gostei.
OMELETE: O single de estreia de vocês, "0%", tem uma batida envolvente e uma melodia viciante. O que vocês pensaram quando ouviram a música pela primeira vez? Imediatamente pareceu o ajuste perfeito para o Santos Bravos?
DREW: Acho que sim. Imediatamente, quando ouvi a música, meus pés não paravam de se mexer. Eu imediatamente quis começar a dançar. E acho que a energia por trás disso, e a essência que a canção carregava, me motivaram a fazer o meu melhor, e foi o começo perfeito para o nosso grupo.
OMELETE: Claro, vocês estão apenas no começo da jornada como grupo. Olhando para o futuro, quais são os sonhos mais loucos do Santos Bravos? O que vocês esperam que este time conquiste, e pelo que sejam conhecidos?
KENNETH: Uau, pelo que queremos ser conhecidos… acho que, acima de tudo, por sermos boas pessoas e bons artistas. É a parte mais importante nessa carreira, dar coisas boas para as pessoas, mudar suas mentalidades de uma maneira positiva. Então, sim, esperamos ser boas pessoas, inspirar o público. No sentido artístico, talvez pensando em um palco ou algo assim, temos o sonho de nos apresentar em todos os nossos países: no Peru, Estados Unidos, Porto Rico, Brasil e México novamente, porque graças a Deus já nos apresentamos no Auditório Nacional para 10 mil pessoas. Por que não fazer de novo? Podemos repetir! Esse é um dos nossos maiores sonhos. Pessoalmente, também quero me apresentar no Madison Square Garden [em Nova York]. Acho que é o meu objetivo mais sonhador.
GABI: Incrível.
KAUÊ: Super Bowl!
KENNETH: Sim, o Super Bowl também.
OMELETE: Kauê, aqui no Brasil muita gente te conhece do The Voice [Kids]. Como você acha que aquele artista evoluiu para se tornar o que vemos no Santos Bravos? Você acha que as pessoas vão se surpreender ao ver o que você está fazendo no grupo?
KAUÊ: Eu acho que sim, sabe? Eu acho que, no The Voice Kids, as pessoas me viram de maneira um tanto incompleta… eu nunca vou usar essa palavra pra me referir a mim como artista, mas eu acho que tinha uma parte de mim que eu ainda não tinha descoberto, não tava aqui ainda, sabe? A maior parte dos artistas que me inspiram são artistas que dançam e cantam ao mesmo tempo, e esse sempre foi o meu sonho... Então acho que sim, as pessoas vão se surpreender um pouco, porque acho que quando você me vê no The Voice lá, bem pequenininho, você não imagina que, agora já um pouco maior, com todo o treinamento que eu tive... que eu realmente poderia dançar também, sabe? E fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Isso não é uma coisa muito normal no Brasil, a gente não tem muitos artistas que cantam e dançam ao mesmo tempo.
Também quero dizer para os meus fãs, para as pessoas que já me acompanham há bastante tempo... eu acho que vai sim ser uma surpresa, mas uma surpresa boa! De "uau, ele realmente tá lutando pelos sonhos dele e fazendo o que ele ama e representando bem o Brasil”. Espero, né?
OMELETE: Kauê, como um fã brasileiro de k-pop, é realmente interessante ver alguém nascido e criado dentro da cultura brasileira se tornando parte desse grupo global. Você sente que sua "brasilidade" te ajuda a trazer algo especial para o Santos Bravos? Como é a mistura das culturas dentro do grupo?
KAUÊ: Nossa, mas é óbvio! Tem muita coisa. A gente acabou de lançar uma música chamada “0%”, e também fizemos a versão em português. A melhor coisa que eu posso dizer é que, assim como Porto Rico tem muito flow, a língua portuguesa também tem esse flow diferente, e que traz essa energia... como é que eu posso dizer? Diversa, muito legal pra música. Acho que essa é uma das partes mais importantes de eu estar aqui, realmente poder trazer esse flow e toda essa cultura que o Brasil tem. O pessoal aqui nos EUA ama muito funk, e escutam muito, mas eu tenho mostrado muito pra eles a MPB, o samba, que são coisas que, pro futuro do Santos Bravos, a gente quer explorar um pouco mais. A gente é muito curioso... todos os membros do grupo são meninos muito curiosos, que respeitam e estão sempre abertos a aprender muito da cultura de cada um. E queremos colocar isso na nossa música, também, que essa é a parte mais importante. A gente tá muito feliz pro que vem aí e sim, vai ter muita coisa brasileirapra mostrar pra vocês.
OMELETE: Finalmente, rapazes, quero terminar com uma pergunta que é para todos, menos para o Kauê. Vocês podem nos contar, e aos seus fãs aqui no Brasil, algo que aprenderam sobre nosso país com seu colega de grupo? O que vocês estão mais ansiosos para ver quando vierem ao Brasil?
DREW: Para mim, acho que estou mais animado para receber e experimentar o amor que o Brasil tem. Há algo tão especial sobre a energia deles, e a maneira como eles celebram artistas e pessoas que admiram... vai ser algo lindo de experimentar.
GABY: Eu concordo com o Drew. Mal posso esperar para conhecer os fãs brasileiros e realmente senti-los... vai ser incrível. E a comida! Eu mal posso esperar pela comida. O Kauê faz ótimos feijões, e a picanha... uau, a picanha é muito boa
KENNETH: Eu concordo com o Gaby, quero provar a comida! Eu espero ver pessoas muito felizes, porque sinto que todas as pessoas no Brasil são muito felizes e muito calorosas. Quero sentir essa vibe que o Kauê tem... e claro, eu quero ir para o Carnaval. Acho que tenho muitas expectativas. [Risos]
ALEJANDRO: É tão bom estar perto de alguém que tem tanto orgulho do seu país como o Kauê, e acho que todos nós estamos muito animados para ir PARA lá, porque ele ama tanto aquele lugar. Queremos estar lá para amar com ele.