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Artigo

Roger Waters - In the flesh

Roger Waters - In the flesh

D
21.03.2002, às 00H00.
Atualizada em 27.11.2016, ÀS 09H15

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Quando a Kaiser anunciou que a abertura de seu “festival permanente de rock and roll” seria um pé brasileiro da turnê mundial de Roger Waters, a sensação que tive foi a mesma de quando soube que o Yes tocaria em um bar de Porto Alegre, algo parecido com “ARGH! Mais diversão velha pra velhos e deslumbrados”.

Ainda assim, o tempo passou e acabei me acostumando com a idéia de um show de Roger Waters sem Pink Floyd, algo tão idiota quanto um Pink Floyd só com David Gilmour – que é tão estranho pra gurizada aí fora quanto um Pearl Jam sem Eddie Vedder ou um Eddie Vedder sem Pearl Jam. Entendeu&qt;&

Pues...

Não é que comprei meu ingresso e me aventurei no Pacaembu em nome de uma suposta reverência à minha adolescência (regada a Floyd/Zeppelin/Tull, ao contrário dos amigos AC/DC-maníacos)&qt;&

Claro que é baboseira. Claro que foi uma atitude do tipo “vou lá porque é a última chance e, já que não tem o original mesmo...”

Fui.

E não é que foi legal&qt;&

Digam o que quiserem, mas aquele início de “In The Flesh” (o do “TAM NAM NAM NAM NA-NAM, NAAA NAM NAM NA-NAM”, lembra&qt;&) é espetacular pra se começar um show.

Digam o que quiserem, mas o primeiro “pop perfeito” foi “Wish You Were Here” (e sua idiota e maravilhosa onda de flashes de isqueiros).

Digam o que quiserem, mas a introdução mais espetacular de uma música até hoje ainda é a de “Shine On You Crazy Diamond”.

Digam o que quiserem, mas dá uma puta vontade de se borrar chorando ao ver Syd Barret no telão enquanto um cheiradíssimo Waters canta “Remember when you were young/ You shone like the Sun/ Now there’s a look in your eyes/ Like black holes in the sky/ Shiiiiine on you crazy diamond...”

É uma puta catarse ouvir e gritar junto os versos de “Confortably Numb”. É sensacional abandonar o preconceito e cantar “Another Brick in the Wall part II” de peito aberto, gritar “You can’t have any pudding!” e se rolar de rir com todo mundo à sua volta.

É sensacional voltar ao tempo que o exemplo do pior pop, o mais pegajoso era uma linda balada em honra a um amigo perdido para o ácido.

É espetacular, enfim, ver imagens de Thor, Lady Sif, Surfista Prateado, Shalla-Bal e Dr. Estranho ao ouvir as partes finais de “Shine on you Crazy Diamond”.

Sem contar que o guitarrista é A LATA exata do David Gilmour, o que dá uma ilusão legal de compleição musical.

Pena é a insistência (mais do que justificada quando se trata do maior megalomaníaco do mundo) do cara em tocar as composições de seus discos solos, notadamente a “diversão assassina” (ou falta de diversão) de “Amused to Death”, que acabaram por jogar água fria na galera e tirar um pouco do brilho da foderosa “Eclipse”, que encerrou o set principal.

Para a produção, fica um puxão de orelha por cobrar 3 reais por cerveja quente, estupidamente fervida. Praticando preços assim por produto de qualidade meia-boca, ficou no ar apenas a sensação de que faltava a meia-luz, os pufes de veludo e o strip-tease de meia em meia hora.

É isso.

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