Rhapsody: O fim da primeira saga
Rhapsody: O fim da primeira saga
O
Rhapsody é uma banda que gera reações completamente opostas naqueles
que escutam seus trabalhos. Quem gostou de algum de seus álbuns aprecia de todos
os demais CDs. Por outro lado, quem odeia um tem ojeriza pelos demais. Afinal,
desde que lançou Legendary tales nos idos de 1997, a banda mantém-se
fiel ao estilo que mistura muito heavy metal com influências sinfônicas e música
clássica. O estilo, que a própria banda classifica como Metal Hollywoodiano
sofreu poucas mudanças nesses últimos anos. Adquiriu um pouco de peso a partir
do terceiro trabalho Dawn of victory, mas nada além disso.
Quem ouvir a última obra dos italianos, Power of the Dragonflame, lançado recentemente no Brasil pela Rock Brigade Records, vai perceber que novos elementos foram acrescentados ao som da banda. As partes sinfônicas sofreram uma evolução desde o mini-CD Rain of a thousand flames e há uma presença maior de passagens cantadas em italiano. Além disso, Power... marca o fim da saga da Espada Esmeralda e das Crônicas de Algalord, iniciadas em Legendary tales.
Atualmente, a banda é formada por Lucca Turilli (guitarra), Alex Staropoli (teclados), Fábio Lione (vocal) e Alex Holzwarth (bateria). O produtor do CD Sasha Paeth (Virgo, Hamlet), ficou responsável pelo baixo, substituindo o antigo baixista da banda, Alessandro Lotta.
As crônicas de Algalord é, em suma, uma história ambientada na fictícia terra medieval de Algalord, onde um bravo guerreiro tem que desafiar as forças do mal. Para tanto, tem de enfrentar muitos perigos em busca da Espada Esmeralda, a mais poderosa arma jamais criada. Qualquer semelhança com a saga de Frodo e do anel não é mera coincidência, mesmo com Lucca Turilli - principal letrista e compositor da banda - afirmando jamais ter lido a obra de Tolkein.
As crônicas estão presentes em todos os CDs da banda, seja nas músicas, seja nos encartes. A única exceção fica por conta do mini-CD Rain of a thousand flames que, apesar de baseado nas crônicas, não traz detalhes ou a continuação da saga em seu encarte justamente por não ser uma obra completa. A saga da Espada Esmeralda, a principal história das crônicas de Algalord é repleta de guerreiros, anões, magia e, desde o terceiro capítulo, adquiriu um caráter pra lá de violento.
Falando do CD em si, The power of the Dragonflame abre-se com a faixa orquestrada In tenebris, seguida da pesada e rápida Knightrider of doom, de cara um dos destaques do disco, especialmente devido ao grandioso refrão; a faixa título vem logo após. Mais melódica, ainda assim se mantém fiel ao estilo do Rhapsody.
The march of the swordmaster é a quarta faixa e a primeira a trazer as influências celtas que marcam o trabalho do Rhapsody. Fugindo um pouco do perfil do Rhapsody, por trazer mais peso e menos melodias, When demons awake é até então a composição mais pesada da banda. A composição casa-se bem com a letra, talvez a mais sinistra dos cinco trabalhos do Rhapsody.
Agony is my name é uma faixa rápida e bem elaborada, mas que poderia estar presente em qualquer um dos demais discos da banda. É uma boa música com a marca registrada Rhapsody. Já em Lamento eroico é outro dos destaques, sendo uma bela balada cantada totalmente em italiano e que ajuda a mostrar o porquê de Fábio Lione ser considerado um dos melhores gogós do heavy metal. Aliás, como sempre, ele é o grande destaque individual de Power of the Dragonflame. O que o cara tá cantando é brincadeira. Impressionante ver como, de maneira versátil, consegue alternar vocais agressivos e suaves.
A Lamento eroico, seguem-se Steelgods of the last apocalypse e The pryde of the tyrant, faixas que se encaixam na mesma categoria de Agony is my name.
Finalmente, o CD é fechado com chave de ouro com a épica Gorgoyles, anges of darkness, de longe a maior da carreira do Rhapsody. Com mais de 19 minutos, alterna momentos mais pesados e sinfônicos de maneira brilhante. Com certeza, um dos grandes destaques do álbum.
Como já disse acima, Power of the Dragonflame vai agradar em cheio os fãs do Rhapsody e desagradar na mesma proporção seus desafetos.