Acabo
de comprar Amnesiac. Eu estava louco por isso, esperando o trabalho
afundar-se nas névoas do esquecimento etílico pra criar coragem e jogar vinte
e poucos paus em um CD.
Acordei hoje (é uma da tarde de sábado, dia 9), bebi algumas cervejas e me joguei à loja de discos mais próxima. Eu preciso de Amnesiac, eu quero ouvir esta porra e ver porque tem tanta gente amando e outro tanto de gente odiando.
Nada nas prateleiras. Maldição, é só o que me faltava: o disco não chegar em Florianópolis. É só o que me faltava. É só o que me faltava.
Tem o novo
do Radiohead&qt;& - Tá
aqui, acabou de chegar
(maldição e beleza ao mesmo tempo - demorou mas chegou a tempo de não me agoniar
mais ainda).
Levo para casa.
Sede. Muita sede. Sede de som e de cerveja e de tudo mais.
Alterar o estado de consciência é algo por demais complexo e perigoso. Você
tem de estar muito favorável pra ser legal. Tem gente que acha que é só fumar
ou cheirar ou injetar algumas coisa. Baboseira. Basta estar a fim e ouvir algum
som diferente, regado a uma ou outra cerveja e voilà!, você já está apto a entender
coisas como Tomorrow Never Knows, Astronomy Domine, e o tal Amnesiac.
Disquinho doentio esse. Repleto do que eu chamaria de vinhetas ilustrativas de algum estado mental que não o normal.
Comecei ouvindo por Knives Out. Bonitinha, ordinária, femme fatale musical, sensual, pegajosa. Daquelas que são gostosas mas enchem o saco. Não gostam dos seus amigos e não te querem bêbado. O melhor tipo...
Novas músicas. Seqüência insana entre Morning Bell e Like Spinning Plates. Vinhetas insanas - ainda mais que Kid A.
Tudo aqui leva o sujeito à consciência alterada. Sei lá pra onde os caras vão depois disto. Creio que deveriam voltar ao rock básico, nos surpreender de novo com mais loucura oposta. Sempre oposta.
Life in a Glasshouse. Linda. Linda. Linda. Aquela que você encontra no meio da noite em um boteco qualquer. Curte Gillespie mas curte Armostrong mas curte Davis mas curte Parker. Uma salada de gostos e influências. Ela adora beber contigo. Ama trepar. Ama trepar. Ama trepar.
Volto à faixa um.
Packt Like Sardines in a Crush Tin Box. Você já se sentiu assim&qt;&
Empacotado como sardinhas em uma lata amassada. Amassado como uma sardinha em
latas empacotadas. Morto como sardinhas enlatadas e amassadas. Claustrofobia
em gotas. Gotas. Gotas de suor balançando de seu rosto enquanto você tenta descobrir
se o que está na sua frente é uma mulher ou é apenas mais uma coluna de sustentação
deste galpão gigantesco onde a rave tá rolando. É estranho. Onde estão meus
pés&qt;& Pés&qt;& Claustrofobia. Abram esta porra!!!!
(Interessante notar aos amigos que esta resenha está rolando à medida que as músicas vão tocando. Primeiras impressões passadas para o papel. Sem backspace. Na primeira impressão, as primeiras impressões.)
Egito. Eis a morena mais linda do deserto. Misteriosa, fatal. Profundos azuis olhos fitando seu rosto como fora algo alienígena. Você não a merece. Não merece seu olhar. Sua tosca aparência parece macular sua (dela) visão perfeita. Você a quer. Dançam circulam a pirâmide em movimentos leves e sensuais. Orgasmo. Orgastic.
PorfavormetiremdedentrodestecomputadorfuncionandoatodarodandoalgumprogramadeCAD
esperandoqueeumedissolvaemseuspensamentoscaótico-organizados. Bizarria. Pull/Pulk
Revolving Doors. Bizzaarriiaa.
Fico pensando com meus botões (à medida que vou me afundando no mar da loucura numa nau de idéias - esta música é doentia demais) pra onde vai o rock and roll depois disto&qt;& Qual o futuro da música que deu tudo o que podia dar&qt;& Avançou até o fim a ponto de perigosamente ameaçar voltar&qt;& Voltar&qt;& Como voltar&qt;& Me recuso! Não suporto o que conheço. Bom que Thom Yorke pense assim também (já falei de como dediquei a monografia da faculdade a Thom Yorke, Alan Moore, Charles Bukowski e Stanley Kubrick&qt;&). Bom que tem gente que pensa que tudo pode evoluir por mais que pareça adiantado.
Com um título destes só poderia ser uma paulada musical, com guitarras distorcidas e bateria overdubada em cima overdubs doentios. Porra nenhuma, temos uma linda balada de piano com os já clássicos (mas peraí, Kid A não é do ano passado&qt;&) vocais ecogênicos e fúndicos do Yorke. O que será que um guitarrista faz nessa música&qt;& Eu queria mesmo é saber quem toca o quê aqui. O nome&qt;& You And Whose Army&qt;&
Eu posso estar errado. I Might Be Wrong. Boa guitarra de começo. Consegui alcançar a música com o teclado. Agora posso comentar um som em tempo real, começa com uma guitarra que poderia se classificar como um clima indiano se formando em cima deste riff repetitivo. Este vocal do Thom Yorke (eu já disse isso ali em cima, eu acho)... Ele deve sofrer pra caralho pra ser assim. Não pode ser diferente disto. Cadê a cerveja&qt;&
Acabou esta lata enquanto o disco acaba. Salvo raras interrupções (telefônicas - onde eu descolo um bina&qt;&) eu pude ouvi-lo da sexta à quinta faixa completamente. Bom, excelente, claustrofóbico. Há um clime de dèja vu iminente, mas que não se acaba concretizando. Tem algo de Kid A, mas dá um passo adiante. É um disco alegre (surpreendentemente). Eu vejo os caras tomando cerveja enquanto discutem o set list da turnê.
É verdade que vêm em janeiro&qt;& Nos encontraremos lá.
Ovos&qt;& Quanto ovos eu dou pro disco&qt;&
Classificar uma
das maiores insanidades musicais que eu já ouvi em ovos parece ser paradoxal
demais.
Gostei.
Vai lá: eu dou um galinheiro inteiro (com ovos, pintos e tudo o mais) pra este disco. Vai pro trono.
Amnesiac - Radiohead | ||
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