"Precisamos vender mais discos", diz o vocalista do Kaiser Chiefs
Banda toca hoje em São Paulo no encerramento do Cultura Inglesa Festival
Em passagem pelo Brasil para se apresentar no encerramento da vigésima edição do Cultura Inglesa Festival - show que acontece neste domingo com ingressos gratuitos esgotados - a banda inglesa Kaiser Chiefs falou à imprensa em São Paulo sobre seus 13 anos de carreira e suas expectativas às vésperas de lançar um novo álbum, o sexto de sua discografia.
Segundo o vocalista Ricky Wilson, a banda continua junta hoje pela vontade de fazer bons shows e, também, por sorte. Para ele, o Kaiser Chiefs ainda não chegou ao auge. "Acho que ainda não tivemos esse momento de que mais podemos nos orgulhar ainda, sabe? Isso não anula todas as coisas maravilhosas que já fizemos, mas o que nos mantém na estrada é o próximo melhor show ou a próxima maior coisa que pode nos acontecer. Nós britânicos somos muito negativos, mas sempre sentimos que algo melhor pode acontecer."
"Estamos juntos há mais de 10 anos e muitos no Reino Unido acham que deveríamos estar lá, mas eu acredito que devemos ir para o mundo, competindo em escala mundial. Com o streaming, nos sentimos menos confinados ao competir com outras bandas. Independente do gênero, queremos fazer o melhor tipo de música que podemos e isso é muito ambicioso para caras do Norte da Inglaterra", diz.
Para o vocalista, um sinal de maturidade é "não ligar se as pessoas te acham maduro ou não". "Porque você passa sua adolescência querendo que as pessoas te levem a sério, mas um dia você não liga mais pra isso. Eu posso estar mentindo se digo que não me preocupo quando tomo decisões musicais, especialmente com o novo disco. Para quem estamos fazendo este disco? É para o público gostar? É para o crítico que não gostou do nosso último álbum? Estamos tocando em locais cheios de gente e é preciso entender que estamos nos conectando com essas pessoas, e acho que voltamos para um estágio em que não estamos mais em uma competição."
Sobre o novo álbum, Wilson diz que o lançamento deve acontecer no fim do ano. "Ou no fim do verão [do hemisfério Norte], o que é bem estranho, porque é um disco de verão. Não é sobre amor. É estranho, porque músicas antigas que tocam nas rádios são músicas românticas, e nos últimos 10 anos não escrevemos nenhuma música sobre amor, só 'Ruby', que foi um sucesso. Deveríamos ter aprendi algo com isso. Se você escreve sobre amor, pessoas podem se relacionar com sua música. Sempre tivemos esse medo. Escrevemos músicas com teor político, mas nesse disco, alguma lâmpada se acendeu e percebemos que as pessoas só ligam para elas mesmas. Ligam só para o que está acontecendo com elas. Podemos nos enganar e achar que temos compaixão com o que está acontecendo no mundo, mas assim que sua namorada ou namorado te ligam para falar que você está encrencado, essa é sua prioridade. As pessoas são assim. De certo modo, nos afastamos do teor político, e nos preocupamos com o que está acontecendo dentro de cada um de nós. Preciso vender mais discos antes de me preocupar com o que está acontecendo no mundo. É egoísta, mas é isso que nos torna humanos. Deus, isso soou estranho", ri o vocalista.
Para o baixista Simon Rix, a expectativa dos fãs em relação às músicas novas é grande, mas o maior crítico da banda é o próprio Kaiser Chiefs. "Nós, rapidamente, criticamos nosso quarto álbum [The Future is Medieval], achamos que, embora seja um bom álbum, não havia um grande single. Queríamos grandes shows, vender várias cópias. É a expectativa que nos move."
Com essa década e pouco de carreira, a banda já consegue saber bem o que funciona ou não num show. Perguntado se há alguma música "salvadora" para tocar quando um show não vai bem, Wilson respondeu: "'Gangnam Style!'. [risos] É engraçado. Se [o guitarrista Andrew] Whitey estivesse aqui, ele diria 'oh my god' e estaria certo. Amamos tocá-la, sabemos tocá-la bem, mas é a música favorita dele porque é a última música dos shows. Embora ame estar no palco, ele não vê a hora de deixá-lo".