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Porão do Rock celebra 10 anos com grandes nomes e público menor

Nação Zumbi e Sepultura fazem os melhores shows

RI
05.06.2007, às 00H00.
Atualizada em 22.12.2016, ÀS 02H01

O Porão do Rock comemorou 10 anos de história neste fim de semana (1 e 2 de julho), na capital do país, com grandes performances, mas um público em declínio. Em dois dias o festival reuniu 30 mil pessoas no estacionamento do estádio Mané Garrincha, uma redução de 50% no público por noite em comparação a 2005. O evento amadureceu, ganhou notoriedade nacional, conta com medalhões do rock mundial, mas perdeu um pouco de sua identidade e o chamariz para multidões.

É contraditório: como é possível trazer Mudhoney, Sepultura, Nação Zumbi, Inocentes e BellRays, entre outros figurões, e amargar uma queda de público tão acentuada? A resposta pode ser questão de sobrevivência para o maior festival independente do país. Tanto a estrutura quanto as atrações têm se mantido em um nível elevado nos últimos três anos, mas falta alguma coisa para atrair os brasilienses ao "velho" Porão.

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Não seria arriscado afirmar que as atrações internacionais mais atrapalham que ajudam. Afinal, elas encarecem o ingresso e pouco acrescentam para os fãs. Este ano, por exemplo, se apresentaram bandas internacionais de qualidade indiscutível, mas pouco identificadas com os freqüentadores do festival. É o caso de Born a Lion (Portugal), Satan Dealers (Argentina) e BellRays (EUA). Tiveram uma grande passagem pelo palco, mas pouco empolgaram. Até o Mudhoney, um dos responsáveis pela sobrevivência do rock nos anos 90, viu um estacionamento esvaziado ao final da maratona de 26 shows.

E por falar em maratona, talvez esse seja um segundo ponto a ser tratado. Afinal, 13 bandas por noite exigem um preparo físico de triatleta. Em resumo, talvez os caminhos para atrair a galera de volta sejam: ingresso mais barato, menos atrações internacionais, programação mais enxuta e a volta das grandes bandas nacionais.

Os shows

Os Garotos Podres fizeram o melhor show de abertura de um Porão nos últimos cinco anos. Irreverentes, levantaram a galera para a noite punk-emo-metal, cantando hinos de protesto como "Aos fuzilados na CSN" e "Papai Noel Filho da Puta". Foram muito superiores aos Inocentes, que horas depois tiveram uma apresentação correta, mas pouco vibrante.

A banda brasiliense Galinha Preta, com uma performance cômica, arrancou risos e aplausos, a ponto de a música ficar em segundo plano. Ou seja, Garotos Podres e Galinha Preta levaram ao palco um pouco do espírito que faz do rock o maior fenômeno cultural dos últimos 50 anos.

Os portugueses do Born a Lion mostraram um metal puxado no blues e bons arranjos. Com personalidade cativaram uma molecada pouco habituada a esse tipo de som. Principal atração da primeira noite, o Angra não decepcionou. Fez um show para fãs mesmo, tocando os clássicos para aqueles que esperaram a banda até as 3h da madrugada.

No sábado se destacaram as bandas chamadas pequenas, como os gaúchos do Superguidis, os pernambucanos do Vamoz! (sem baixo, mas com pegada), e os cariocas do Moptop, muito aplaudida. Os brasilienses do Móveis Coloniais de Acaju, atração obrigatória no Porão, mais uma vez colocaram a galera para dançar energicamente. No final, alguns integrantes desceram do palco e fizeram uma das maiores rodas de pogo da história do rock nacional. Quiçá mundial.

Os californianos dos BellRays, com um punk soul de primeira, ajudaram a esquentar 20 mil pessoas para o Nação Zumbi, esse sim um dos melhores shows desta edição. Teria sido o melhor da noite, extremamente dançante e interativo, uma verdadeira carga de adrenalina, mas para o azar dos pernambucanos a banda que viria a seguir era ninguém menos que Sepultura.

E o Sepultura fez o que deles se espera: arrebentaram. Os fãs enlouquecidos cantaram cada sílaba das músicas, recebendo de braços e corações abertos o novo baterista, Jean Dolabela, substituindo com segurança seu antecessor e ídolo, Igor Cavalera. O fato de Derrick Green ter sido muito simpático, anunciando as músicas em português, só ajudou a fazer deste o melhor show na comemoração dos 10 anos de Porão. A banda seguirá agora para uma turnê de três meses por toda a Europa, comprovando a condição de artistas brasileiros mais conhecidos no exterior nos últimos 15 anos.

Para encerrar, subiu ao palco a banda que deu o pontapé inicial ao movimento grunge, em Seatle: Mudhoney. Grande parte do público deixou o estacionamento do Mané Garrincha após o show do Sepultura, mas os fãs do quarteto americano, ainda vestindo roupas flaneladas, se concentraram fielmente na frente do palco até depois das 4 horas da matina.

* Fotos:
Alessandro Dantas/Clausem Fotografia
Clausem Bonifacio/Clausem Fotografia
Jandir Ribeiro/Clausem Fotografia
Telmo Ximenes/Clausem Fotografia



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