Porão do Rock 2004
Porão do Rock 2004
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Khallice |
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Autoramas |
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Supla |
Festival de Brasília se adapta para sobreviver
O maior festival alternativo de música do Brasil está renegando suas origens em busca da sobrevivência. O Porão do Rock 2004, que reuniu mais de 70 mil pessoas no último fim de semana (17 e 18 de julho) em Brasília, aos poucos está deixando de promover bandas independentes, abrindo cada vez mais espaço para nomes consagrados do rock nacional.
Talvez seja o caminho natural para um evento realizado anualmente, que poderia cair na mesmice e, conseqüentemente, no esquecimento caso não ousasse a cada nova edição. Festivais que se mantêm fiéis às origens costumam desaparecer. Exemplo recente é o itinerante Lollapalooza, uma febre no verão norte-americano até poucos anos atrás, mas que acabou cancelado em 2004 por conta da baixa venda de ingressos.
Ou seja, a mudança no festival brasiliense, em sua sétima edição, não é necessariamente ruim. O evento traz para a capital do País bandas que nunca desembarcariam no Planalto Central em outra ocasião. Além disso, está surgindo em Brasília uma lacuna a ser preenchida por outro festival com as características do antigo Porão do Rock.
Aliás, de "Porão" só restou mesmo o nome, porque a estrutura montada no estacionamento do Estádio Mané Garrincha em nada lembra um festival underground. O que se viu no coração de Brasília foram 33 bandas tocando em dois palcos dignos de shows internacionais, uma tenda eletrônica com capacidade para 500 pessoas, um camarote VIP imenso, dezenas de barracas de comida e bebida, além de um half para skatistas, entre outras firulas.
Tudo muito diferente do primeiro Porão, que reuniu algumas dezenas de gatos pingados, em 1998, no subsolo de um pequeno edifício comercial. Naquela época, banda e público se misturavam após as apresentações, entornando algumas latinhas de cerveja juntos. Hoje, banda e público possuem lugares bem definidos e não se misturam, como ocorre em qualquer grande evento.
Para se ter uma idéia das mudanças, em 2003 o Porão vendia ingressos a 5 reais por dia. Este ano, o preço saltou a 10 reais por dia. Continua um preço justo, mas é preciso lembrar que o aumento foi de 100%. Mantida essa proporção de reajuste, em 2006 entrada passaria a custar 40 reais por dia. Obviamente os organizadores terão o bom senso de não extrapolar, mais uma vez em busca da própria sobrevivência.
Resumo do Porão - 2004
Sábado
Dia das bandas pesadas, apesar de encerrar com os paulistanos do CPM 22, que pareciam sobremesa light depois de uma bela feijoada. Mesmo assim, conseguiram fazer bonito ao agitar a galera às duas e meia da madrugada, quando o festival já contava mais de nove horas de duração.
No sábado, o público começou a crescer a partir das 18h e reuniu mais de 25 mil pessoas. Os destaques foram as bandas Khallice (DF), Korzus (SP) e Autoramas (RJ). A única atração internacional, a californiana Peligro , não empolgou.
Domingo
Marcelo D2, que pisou no palco por volta das 23h, fez a melhor apresentação de todo o festival. Depois dele, ficou difícil para as atrações seguintes agitarem os brasilienses, com ressalva para O Rappa, que fez jus à condição de principal nome do Porão-2004.
No início do show do Supla, por volta das 19h30, o baterista Zé foi atingido por uma pedra atirada da platéia, que muito provavelmente era endereçada ao filho da prefeita de São Paulo. A banda imediatamente abandonou o palco. Ao contrário do que ocorrera em 1988, quando o público de Brasília se revoltou e vandalizou o estádio Mané Garrincha após o Legião Urbana deixar o palco, dessa vez a galera só faltou agradecer ao atirador da pedra.
Destaque também para duas bandas do Distrito Federal: Rumbora e Etno.
Pontos Negativos do Porão
- O despreparo dos seguranças
- O desastre da PM de Brasília na organização do trânsito
- A comida cara e ruim
- Os atrasos no cronograma dos shows
- O desencontro de informações
- A sofrível localização do camarote VIP
Pontos Positivos
- A qualidade técnica do som e da iluminação
- A tenda eletrônica
- As 50 toneladas de alimentos arrecadados
- O preço dos ingressos
- O amplo espaço para estacionar
- A paciência do público



