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Akashic, Dr. Sin, Karma e Heaven Falls

RM
02.05.2006, às 00H00.
Atualizada em 13.02.2017, ÀS 18H04
A brand new day
Akashic (Hellion)
Listen to the doctors
Dr. Sin (Trinity)
Leave now!!!
Karma (Dynamo)
Reality in chaos
Heaven Falls (Hellion)

Como prometido na última coluna, esse mês falarei de alguns dos últimos álbuns lançados por bandas de heavy metal nacionais que mais me chamaram a atenção recentemente. Sem mais delongas, vamos a eles:

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Akashic - A brand new day

Formada no fim do século passado em Caxias do Sul (RS), o Akashic inicialmente era composto pelo guitarrista Marcos De Ros, o baixista Fábio Alves e o baterista Sandro Stecanela, todos integrantes do trio De Ros. Depois de dois álbuns lançados, o trio resolveu diversificar sua música recrutando o vocalista Rafael Gubert e o tecladista Éder Bergozza. Sandro deixou a banda pouco depois, sendo substituído por Maurício Meinert. Com essa formação, o Akashic lançou em 2001 Timeless realm um álbum bastante influenciado pelo prog metal consagrado por bandas como Dream Theater e Symphony X. O resultado chamou a atenção da mídia especializada. Dois anos depois, a banda entrou em estúdio para gravar seu segundo álbum e quase nada mais se ouviu falar deles.

A brand new day está finalizado desde 2003, mas só agora chega ao mercado. Pelo menos a espera valeu a pena, já que este é um dos melhores álbuns nacionais do ano. Seguindo a cartilha do prog metal, o álbum tem de tudo um pouco: tempos rítmicos quebrados, influências que vão da música clássica à latina, passando pelo pop e pelas mais diversas variações do rock e, claro, aquela virtuosidade - sem abusar - que faz a festa dos apreciadores do estilo. Tudo isso embalado na competência dos membros da banda, especialmente de Marcos De Ros, que, não à toa, é considerado um dos cinco melhores guitarristas brasileiros da atualidade, e do vocalista Rafael Gubert, que tem um domínio impressionante sobre sua voz.

Por tudo isso, e mais um pouco, pode-se dizer que A brand new day é um excelente álbum dentro do seu gênero. Apesar de bastante homogêneo, músicas como "Vaudeville", "Revelead Secrets", "Give me shelter" e "Hush break" podem ser citadas como alguns dos destaques individuais. Sem sombras de dúvidas, um álbum indispensável para os fãs do estilo.

Dr. Sin - Listen to the doctors

Formado pelos irmãos Andria Busic (voz e baixo), Ivan Busic (bateria) e pelo guitarrista Edu Ardanuy, o Dr. Sin é uma das bandas mais longevas do hard rock/heavy metal nacional. Completando 14 anos de estrada em 2006, a banda resolveu lançar um álbum de covers composto exclusivamente por músicas que tenham a palavra "Dr." em seu título. O resultado é um ótimo álbum, recheado de músicas para todos os gostos, indo do heavy metal ao jazz.

Desde a abertura, com "Calling Dr. Love", do Kiss, até "Doctor Jazz", que fecha o álbum, Listen to the doctors é uma viagem musical que mostra não só as influências como a competência do trio. Prova disso é o fato de músicas como "Dr. Feelgood", do Mötley Crue, terem ficado mesmo superiores às originais.

Como o álbum varia dentre as mais diversas vertentes musicais fica difícil apontar destaques individuais, porque isso vai do gosto de cada um. No entanto, músicas como "Doctor doctor", do UFO, "Just what the doctor ordered" (Ted Nugent), além das supracitadas "Calling Dr. Love" e "Doctor Jazz", que traz a participação especial do pai dos irmãos Busic, são belos exemplos individuais do ecletismo e qualidade do disco.

Há de se destacar também o belo trabalho gráfico do álbum, com embalagem digipack e letras de todas as músicas, algo raro de se ver em álbuns em que não há material inédito.

Karma - Leave Now!!!

Outra adepta do prog metal, o Karma foi formado em São Paulo no fim do século passado e, mesmo antes do lançamento de seu álbum de estréia, Inside the eyes, sofreu com diversas mudanças em sua formação, um problema comum em bandas de heavy metal. Lançado em 2000, o primeiro disco conseguiu atingir a crítica especializada, que destacou o som do Karma, que, assim como o Askashic, também recebia suas influências diretamente de bandas como Symphony X e Dream Theater. Seis anos - e inúmeras formações e problemas depois - o Karma volta à cena com o excelente Leave now!!!, sério concorrente ao título de melhor CD nacional de heavy metal do ano.

Com a formação estabilizada com Thiago Bianchi (voz), Chico Dehira (guitarra), Fabrízio di Sarno (teclados), Felipe Andreoli (baixo, que também integra o Angra) e Marcell Cardoso (bateria), Leave now!!! traz músicas diretas, com um acabamento moderno e pesado, mas sem deixar pra trás as raízes progressivas da banda.

Não há muito o que falar do Karma. Individualmente, seus músicos são excelentes. Chico Dehira domina bem sua guitarra, variando acordes simples e mais complexos de maneira bem natural; Marcell Cardoso consegue encaixar levadas e viradas de maneira perfeita; Fabrizio Di Sarno, responsável pelo lado mais progressivo da banda, consegue criar climas e atmosferas bem interessantes; já Felipe Andreoli prova, mais uma vez, porque foi recrutado para fazer parte do Angra e o motivo de ser considerado por muitos um dos melhores baixistas do país. Finalmente, Thiago Bianchi é daqueles vocalistas que parece ter um domínio perfeito de sua voz. Sem abusar de tons agudos, Thiago consegue ir de vocais suaves a agressivos de maneira bastante competente. Em determinados momentos fica difícil não compará-lo a André Matos (Shaaman) ou Edu Falaschi (Angra).

Leave now!!! abre com a faixa título e é um belo cartão de visitas do que se pode esperar desse trabalho. O álbum alterna faixas pesadas, como "Life", baladas como "Im yours" e outras como "Crawl", cujo refrão grudento é excelente. Uma curiosidade a respeito deste disco é que tanto a faixa título quanto "Older" e "O.D" chamaram a atenção dos responsáveis pela novela Floribella, da Bandeirantes, a ponto de serem acrescentadas na sua trilha sonora, fato que não deve agradar aos fãs mais xiitas, mas que representa uma boa visibilidade para a banda e seu gênero musical.

A exemplo do álbum do Dr. Sin, Leave now !!! também vem em embalagem digipack, com um encarte trazendo fotos do grupo e letras das suas músicas. Uma prova de que as gravadoras finalmente resolveram dar um tratamento mais decente às bandas de heavy metal.

Heaven Falls - Reality in chaos

Formada por Sabrina Carrión (vocal), Victor Montalvão e Pedro Mota (guitarras), Carlos Jannarelli (baixo), André Andrade (bateria) e José Luiz Faulhaber (teclado), os cariocas do Heavenfalls vêm agregando um bom nome no underground e em seu curto período de existência já conseguiu alguns feitos, como ser a banda de abertura na última passagem do Iron Maiden pelo Rio.

Ao contrário da grande maioria das bandas que tem uma mulher no vocal, o Heavenfalls investe em um heavy metal tradicional, passando longe dos climas góticos e melódicos que caracterizam as demais. Reality in chaos é o segundo álbum da banda e já começa com a pesada e rápida "No sorrow", ótimo ponto de partida.

O som do Heavenfalls bebe diretamente do metal tradicional, acrescentando, aqui e ali, influências vindas do thrash e do prog metal. Riffs de guitarra bem feitos, bateria marcante, um teclado ora discreto, ora colaborando para a criação de climas e atmosferas interessantes (como na balada "Self to self" e em "Conception", primeira parte da trilogia "Rising of a new soul") e um vocal que pode cometer certos deslizes quando investe em tons muito agudos, mas não compromete o resultado, porque Sabrina domina os tons graves com grande perfeição. Merecem menção ainda músicas como "Masquerade down", "Fly high away" e "Awakening".

No frigir dos ovos, Reality in chaos mostra que o Heavenfalls superou o trauma do segundo álbum com louvor e tem tudo para se tornar um dos grandes nomes do heavy metal nacional.

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