Os 25 anos do Iron Maiden
Os 25 anos do Iron Maiden
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Muita gente torce o nariz e se recusa a aceitar algo que é um fato há muito consumado: o Iron Maiden é, sem sombras de dúvidas, a maior banda de heavy metal do mundo. Desde 1980 na estrada - na verdade, desde 1978, se considerarmos o primeiro registro em estúdio dos caras, ou mesmo 1975, data de sua primeira formação - o Iron Maiden vem dominando o cenário do heavy metal. Diferente de alguns de seus pares, como o Metallica, a Donzela de Ferro ainda é praticamente uma unanimidade entre os fãs do gênero e seu poder de atrair novos admiradores permanece em alta. Prova disso é que, ano após ano, o Iron Maiden parece não perder sua força e isso pode ser comprovado pelos impressionantes números relacionados às vendas de seus álbuns e ingressos para apresentações ao vivo - se comparados a outras bandas do gênero, obviamente.
O dia 14 de abril de 2005 marcou o 25º aniversário de Iron Maiden, primeiro álbum oficial da Donzela de Ferro. No texto abaixo, vamos ver resumidamente como tudo começou, no início da década de 70, e os fatores que levaram a banda à posição de destaque na qual se mantém há um quarto de século.
Londres, início da década de 70
No começo da década de 1970, a Inglaterra passava por uma grande recessão. O número de desempregados era grande, havia pouco dinheiro circulando e poucas oportunidades de empregos para os jovens. O cenário parecia desolador e as perspectivas de futuro não eram boas.
Em 1971, o jovem Steve Harris, então com 15 anos, encontrava-se em uma encruzilhada. Fanático por futebol, ele fazia parte das categorias de base do West Ham United, time de futebol atualmente disputando a segunda divisão do campeonato inglês. Apesar de ter um contrato assinado com o clube, Harris acabou desistindo desse sonho por diversos motivos: a incerteza de chegar ao profissionalismo, a quantidade de tempo necessária para conseguir esse objetivo e o regime de concentrações, dentre outros. Assim sendo, Steve optou por sua outra paixão: a música. Fã de bandas como Wishbone Ash, UFO, Jethro Tull, Led Zeppelin e Deep Purple, o menino decidiu investir a vultosa (para época) quantia de 40 libras em um baixo Fender Telecaster e, munido do espírito do "do it yourself" ("faça você mesmo") que reinava na época e seria uma das bandeiras do movimento punk, começou a aprender o instrumento sozinho. Quando sentiu-se confiante o suficiente, Steve entrou para o Influence. Pouco tempo depois, a banda mudaria seu nome para Gipsy Kiss.
Em 1975, Harris estava bastante insatisfeito com a inconstância pessoal e musical do Gipsy Kiss e decidiu abandonar o barco, entrando para a Smiler. A nova banda era formada por rapazes mais velhos do que Steve, o que fez com que ele aprendesse bastante a respeito daquele mundo no qual começava a se aventurar. Por outro lado, o fato de ser o membro mais jovem da turma significava que ele seria sempre relegado a segundo plano. Trocando em miúdos, se quisesse conseguir uma posição de destaque e escrever músicas, aquele não era o lugar certo. Assim, seis meses depois Harris já dava adeus ao Smiler.
Esta mudança fez com que Steve tomasse a consciência de que o melhor caminho a seguir seria formar sua própria banda. Assim, ainda em 1975, surgiria o Iron Maiden, cujo nome fora retirado de um instrumento de tortura medieval. A "donzela de ferro" constituía-se de uma espécie de caixa metálica no formato do corpo de uma mulher que, quando fechada, perfurava o corpo da vítima com centenas de pregos.
Começa o entra e sai
No começo de 1976, o Iron Maiden tocava freqüentemente no circuito de pubs do East End de Londres. Apesar das boas apresentações, Steve Harris parecia insatisfeito com alguns membros da banda. Por isso, na primeira oportunidade, substituiu o vocalista Paul Day por Dennis Wilcock, um velho conhecido do Smiler. Ao chegar à banda, Wilcock provocou uma certa desavença interna, ao recomendar que Steve convidasse o guitarrista Dave Murray para se juntar ao grupo. Na época, as guitarras do Iron Maiden eram comandadas por Terry Rance e Paul Sullivan, que não gostaram da idéia e deram um ultimato a Steve: ou Murray ou eles. A dupla acabou deixando a banda. O guitarrista Bob DAngelo e o baterista Ron Rebel logo se juntaram ao grupo, que passou a fazer concertos por toda zona leste de Londres, chamando a atenção de alguns admiradores.
Seis meses depois, brigas internas provocaram mais mudanças. Bob DAngelo, que fora contratado para ser o segundo guitarrista, mas vivia competindo com Murray para fazer os solos, foi mandado embora. Em seguida, foi a vez de Murray ser demitido, após uma discussão com Dennis Wilcock. Pra completar o quadro, Ron Rebel, cansado das eternas brigas internas, também abandonou o barco. Depois de tanta confusão, Harris e Wilcock decidiram abandonar o conceito de duas guitarras e substituíram a dupla Murray/DAngelo por Terry Wapram; Barry "Thunderstick" Purkis assumiu a vaga na bateria e Tony Moore foi contratado para ser o tecladista.
Essa formação durou apenas uma apresentação. Depois de um show em Bridgehouse, ficou claro para Harris que os teclados não funcionavam como ele esperava e Tony Moore foi "convidado" a deixar a banda. Sua saída fez com que Terry Wapram também seguisse o mesmo caminho, alegando que não conseguia tocar sem o apoio dos teclados. Sem guitarrista e tecladista, Harris decidiu ir à procura de Dave Murray, na época tocando na banda Urchin. Depois de uma conversa, o guitarrista resolveu voltar a tocar ao lado de Harris no Iron Maiden.
Pensa que acabou por aí? Que nada. Passado algum tempo, foi a vez de Dennis Wilcock abandonar a banda, seguido por Purkis. Para o lugar do último foi convocado Doug Sampson (ex-baterista dos Smiler). A procura por um vocalista foi um pouco mais longa. Finalmente, depois de muita procura, Paul DiAnno foi chamado para um teste e acabou ingressando no Iron Maiden.
No final de 1977, a formação da banda finalmente se estabilizou com DiAnno no vocal, Murray na guitarra, Harris no baixo e Sampson na bateria. Era a hora da banda retomar as atividades com força total.
Estabilidade e mais problemas
Encontrar um vocalista e estabilizar a formação era essencial para o Iron Maiden voltar a se apresentar ao vivo. No entanto, quando finalmente conseguiram isso, ninguém parecia mais interessado no que a banda estava disposta a apresentar. Naquela época, o punk e a new wave estavam no auge e eram poucas as casas de shows e pubs que se dispunham a receber bandas que não pertencessem a estes gêneros. As poucas pessoas interessadas em contratar o Iron Maiden exigiam que a banda se enquadrasse na ordem vigente: cabelos curtos e composições punk. Era isso ou nada. Harris escolheu a segunda opção.
No final de 1978, as coisas melhoraram um pouco e a banda conseguiu um bom número de apresentações no East End. Juntando todas as economias conseguidas nessas apresentações, cerca de 200 libras, o Iron Maiden conseguiu finalmente entrar em estúdio e registrar quatro músicas: "Prowler", "Invasion", "Strange world" e "Iron Maiden". Infelizmente, o dinheiro que tinham não permitiu que a banda adquirisse a fita master e, quando conseguiram levantar o capital para comprar tanto ela quanto a mixagem, o material já havia sido apagado. Conseguiram apenas as fitas da sessão original, sem edição.
Apesar de ter um material inferior nas mãos, Dave Murray decidiu arriscar-se e entregou sua fita para Neal Kay. Kay era um DJ que mantinha noites de rock na Soundhouse, clube do norte londrino, e que topou tocar a fita da banda. Como resultado ela ficou meses dentro das mais pedidas, tendo "Prowler" como a música preferia do público da época. Isso ajudou a fazer com que o material chegasse às mãos de Rod Smallwood, que se ofereceu para agenciá-los em âmbito nacional. Tendo Rod como empresário, logo o Maiden estaria realizando apresentações por toda a Inglaterra e ganharia um espaço fixo no clube The Ruski Arms, em Manor Park, Londres.
A Nova Onda do Heavy Metal Inglês
No verão daquele ano, o Iron Maiden apareceu no Sounds, um jornal de músicas, ao lado de diversas bandas emergentes no heavy metal inglês. Foi nessa edição da Sounds que Geoff Barton (que mais tarde fundaria a revista especializada Kerrang!) cunhou a denominação "New Wave Of British Heavy Metal" (A nova onda do heavy metal inglês), que viria a simbolizar o movimento musical que revelaria ao mundo bandas como o Saxon, Venom e Def Leppard (antes da banda deixar de ser heavy metal), dentre outras, e que até hoje tem o Iron Maiden como seu principal representante. Naquela mesma época a banda realizaria apresentações ao lado dos também ingleses do Motörhead.
Aproveitando o bom momento da banda, Rod agendou uma apresentação no clube Marquee, para 19 de outubro de 1979. O show foi acompanhado por John Darnley, da EMI. Três meses depois, no dia 15 de dezembro, o Iron Maiden assinou um contrato para cinco álbuns (três garantidos) com a gravadora.
Antes disso, porém, em 9 de novembro, a banda lançou o EP de sete polegadas The Soundhouse Tapes, contendo as músicas "Prowler", "Invasion" e "Iron Maiden". Com uma tiragem limitada a cinco mil cópias e sendo vendido apenas em concertos e por meio de solicitação postal, o EP logo se esgotou, tornando-se um item de colecionador.
No final do ano, já depois da assinatura do contrato com a EMI, o Iron Maiden gravou as faixas "Sanctuary" e "Wratchild" para a coletânea "Metal for Muthas". Para tal, a banda recrutou um segundo guitarrista, Tony Parsons, voltando a ter cinco membros. Essa formação, no entanto, durou apenas algumas semanas. Antes mesmo do fim do ano, o baterista Doug Sampson teve de sair da banda por motivos de saúde e Tony Parsons, que não mostrava nenhuma animação durante os shows do Maiden, foi mandado embora. Clive Burr e Dennis Straton foram os respectivos substitutos.
O ano de 1980 começou com o Iron Maiden em turnê para a divulgação da coletânea Metal for Muthas. Em fevereiro, a banda lançou o single "Running free", que alcançou a 34ª posição no ranking britânico, algo que superou em muito as expectativas da EMI. O sucesso da música fez com que o Iron Maiden fosse convidado para aparecer no "Top of the pops", o mais popular programa musical da TV inglesa. A banda aceitou o convite com a condição de se apresentarem ao vivo - normalmente os convidados do programa tocam em playback - e foram a primeira banda de rock a fazê-lo desde o The Who em 1973. No mês seguinte, março, a banda saiu em turnê abrindo os concertos do Judas Priest.
Com tudo a seu favor, uma formação estável e uma carreira começando a decolar, era a hora do Iron Maiden entrar em estúdio para gravar seu primeiro álbum.
O Iron Maiden vai pegar você
Assim como o dia 13 de fevereiro de 1970, que marca o lançamento do primeiro álbum do Black Sabbath, o dia 14 de abril 1980 se tornou uma data histórica para o heavy metal: o lançamento de Iron Maiden, primeiro álbum da Donzela de Ferro. Interessante notar que ambos os álbuns são auto-intitulados, algo nem um pouco incomum na história do gênero.
Iron Maiden traz nove faixas: "Prowler", "Sanctuary", "Remember tomorrow", "Running free", "Phantom of the opera", "Transylvania", "Strange world", "Charlotte, the harlot" e "Iron Maiden". A capa mostra a primeira aparição da mascote da banda, Eddie, um morto-vivo que passou pelos mais diversos visuais ao longo dos anos e é considerado por muitos como mais um dos membros da banda. Iron Maiden alcançou uma boa repercussão na terra da rainha, chegando à 4ª posição nas paradas inglesas e rendeu uma turnê que começou com 40 shows agendados para o espaço de apenas dois meses e culminou com três apresentações consecutivas no Marquee, todas elas com lotação esgotada.
No fim de agosto, a banda se apresentou no tradicional festival inglês Reading festival, abrindo para o UFO. A apresentação no Reading aconteceu no dia 23 daquele mês e, no dia seguinte, a banda embarcou para sua primeira turnê européia, abrindo os shows do Kiss. Na volta para casa, Dennis Straton, que considerava o som do Iron Maiden "muito pesado", resolveu deixar a banda. Para seu lugar foi contratado o guitarrista Adrian Smith, ex-companheiro de Dave Murray no Urchin. Uma miniturnê foi logo arranjada para que a nova formação fosse apresentada aos fãs.
Ainda naquele ano, o Iron Maiden voltou ao estúdio, para gravar seu segundo álbum. No meio do processo de gravação, a banda ainda realizou um concerto especial no Rainbow Theatre de Londres, na época do natal. O concerto, com duração de cerca de 30 minutos, foi filmado e eventualmente lançado em VHS no ano seguinte.
Killers, o segundo álbum, foi lançado em fevereiro de 1981 e superou seu predecessor em termos de repercussão positiva. O LP alcançou o 12º lugar nas paradas britânicas (o que é um grande feito em se tratando de uma banda de heavy metal) e foi agraciado com discos de ouro em diversos países europeus. A turnê, intitulada "Killer world tour", abrangeu 15 países, num total de 113 concertos e marcou a primeira vez que o Iron Maiden deixou o velho continente e se aventurou nos Estados Unidos, Canadá e Japão. A miniturnê japonesa foi um tremendo sucesso. Os ingressos para as quatro apresentações da banda na terra do sol nascente esgotaram-se rapidamente e acabaram rendendo um EP ao vivo, Maiden Japan, lançado naquele mesmo ano. Até hoje, o Japão é um dos lugares do mundo onde o Iron Maiden tem mais público.
Mais mudanças: Saem DiAnno e Burr, entram Bruce Dickinson e Nicko McBrain
Com o sucesso da banda, o vocalista Paul DiAnno mergulhou de cabeça no estilo de vida apoiado pelo tripé "sexo, drogas e rock and roll". DiAnno começou a abusar da combinação de drogas e bebidas (segundo ele próprio disse recentemente, até menos do que outros membros da banda), o que passou a comprometer seu desempenho em cima do palco. O Iron Maiden chegou a cancelar uma turnê inteira na Alemanha devido ao fato de seu vocalista alegar estar indisposto para se apresentar ao vivo. Depois de ignorar os avisos de seu empresário, médicos e amigos de banda e continuar danificando suas cordas vocais, DiAnno encerrou sua passagem pelo Iron Maiden ao receber seu aviso de demissão do próprio Steve Harris. Para seu lugar foi convocado Bruce Dickinson, egresso do Samson, que, após apenas uma audição, já era o novo vocalista da banda. A entrada de Bruce marcou uma discreta mudança no direcionamento musical do Iron Maiden, já que sua voz é menos agressiva e mais potente do que a de DiAnno. Tal potência vocal fez com que Bruce recebesse o apelido de "air siren", algo como "sirene aérea", uma referência às sirenes que alertavam os londrinos para a presença de bombardeiros alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
Bruce foi apresentado ao público em uma miniturnê italiana e fez sua estréia na Inglaterra no dia 15 de novembro de 1981, no Rainbow Theatre, em Londres. Apresentações feitas, era hora de voltar aos trabalhos.
The number of the beast foi o álbum de estréia de Bruce Dickinson. Lançado em março de 1982, conseguiu superar Killers em termos de repercussão. De cara, o álbum atingiu o topo da parada inglesa e conseguiu bons números no mercado americano e canadense, estabelecendo o Iron Maiden em ambos os mercados. The number of the beast também foi o primeiro álbum do Iron Maiden a chegar a terras tupiniquins, movido, em termos, pela polêmica gerada em torno de si. Tudo graças à sua capa, que mostrava um Eddie gigantesco manipulando um fantoche do demônio que por sua vez manipulava um homem. Bastou isso para o Iron Maiden entrar na lista das bandas "satanistas que representam um perigo para a juventude". Quer publicidade melhor do que essa para uma banda de heavy metal no início dos anos 80? :-)
A turnê "The beast on the road" passou por 16 países, num total de 180 concertos ao redor do mundo e marcou a primeira excursão do Iron Maiden à Austrália e Nova Zelândia. Foi também a primeira vez que o Iron Maiden realizou um concerto com ingressos esgotados no Palladium de Nova York. Ainda naquele ano, a banda voltaria ao Reading Festival, no qual tocaria para um público de 35 mil pessoas.
Como nem tudo são flores, o ritmo desgastante das turnês fez com que Clive Burr resolvesse deixar a banda, para que tivesse mais tempo para se dedicar à sua família. No seu lugar entrou Nicko McBrain, ex-membro dos franceses do Trust. Estava consolidada a formação mais longeva do Iron Maiden até o momento. Com Bruce nos vocais, Dave e Adrian nas guitarras, Steve no baixo e Nicko na bateria, o Iron Maiden gravou cinco álbuns (incluindo aí um ao vivo) e alcançou o período mais criativo de toda a sua história.
O primeiro trabalho da nova formação do Iron Maiden foi Piece of mind, lançado em maio de 1983. Pra variar, o álbum foi bem recebido e alcançou a 3ª posição na parada inglesa e, pela primeira vez, a 14ª nos Estados Unidos, o que lhe rendeu um disco de platina. A "World piece tour" teve números ainda maiores do que sua antecessora, totalizando 140 apresentações em sete meses de excursão. Ao final daquele ano, a Kerrang!, a mais conceituada revista especializada do mundo, elegeu Piece of mind e The number of the beast como os mais importantes álbuns da história do rock pesado.
Escravizando o mundo
Apesar da turnê de Piece of mind ter sido exaustiva, não era hora para o Iron Maiden descansar. Assim, depois de três semanas de férias, a banda dedicou o primeiro semestre de 1984 para os ensaios e gravações de seu mais bem sucedido álbum: Powerslave. Um dos mais perfeitos álbuns do heavy metal, em Powerslave o Iron Maiden faz uma viagem ao Egito dos faraós não só na faixa título do álbum, como também em sua arte e toda produção de palco da turnê subseqüente. A capa do disco é uma das mais detalhadas já produzidas por Derek Riggs (artista que produziu a maioria das capas dos álbuns do Iron) e mostra Eddie como um grande faraó, imortalizado por uma pirâmide que leva suas feições. Derek inclusive acrescentou alguns detalhes divertidos à capa, como alguns gatos e a inscrição "Indiana Jones was here" ("Indiana Jones esteve aqui").
A "World slavery tour" começou em agosto de 1984, três semanas antes de Powerslave chegar às lojas. O pontapé inicial se deu na Polônia, no dia 9 de agosto e o Iron Maiden foi a primeira banda de rock de grande importância a se apresentar no país. Lembre-se que estamos falando de 1984, uma época em que o Muro de Berlim, o regime comunista e a Guerra Fria ainda exerciam um papel importante no mundo. Da Polônia o Iron foi para Hungria e depois para a antiga Iugoslávia. Um documentário registrando os bastidores da passagem do grupo por esses países foi lançado um tempo depois, sob o nome de "Behind the iron curtain" ("Atrás da cortina de ferro").
Do leste europeu a banda voltou para casa, realizando uma série de concertos dos quais se destacam as quatro noites consecutivas no Hammersmith Odeon, todas elas com ingressos esgotados. Dali a banda partiu para a América do Norte, onde fez shows nos Estados Unidos e Canadá. Essa turnê norte-americana foi interrompida no começo de janeiro. No dia 11 de janeiro de 1985 o Iron Maiden fez sua primeira apresentação na América do Sul, tocando para nada menos do que 200 mil pessoas na primeira edição do Rock In Rio. Bruce Dickinson chegou a declarar algum tempo depois que foi sua passagem pelo Brasil, com os fãs acampando na frente do hotel da banda e enlouquecendo a cada aparição de seus membros, que fez com que ele tomasse consciência de quão grande o Iron Maiden estava se tornando.
Retomando a turnê norte-americana, o Iron Maiden alcançou um novo feito: foi a primeira banda da história a se apresentar por quatro noites seguidas com todos os ingressos esgotados em cada uma delas. Essa série de apresentações aconteceu na Long Beach Arena, Califórnia, e todas elas foram registradas em áudio e vídeo. Em 1985, depois de 190 apresentações em 24 países, totalizando 322 dias em turnê, o Iron Maiden lançou um vídeo e um álbum duplo intitulados Live after death, trazendo o que houve de melhor naquelas quatro noites californianas. Ambos alcançaram uma boa repercussão em termos comerciais. O que já estava se tornando comum naqueles dias.
Perdido no tempo
Passados pouco mais de doze meses desde o encerramento da "World slavery tour", o Iron Maiden já estava na estrada novamente. O LP Somewhere in time foi lançado em setembro de 1986 e traz uma das capas mas elaboradas do Iron Maiden, se não A mais elaborada. Derek Riggs transportou a banda para um futuro apocalíptico, no qual Eddie se transforma num ciborgue assassino. A contra-capa do álbum é um deleite para os fãs, já que traz referências a diversos lugares e momentos importantes da carreira do Iron Maiden. Estão lá o "Ices high bar" e o "Ancient mariner seafood restaurant" (referências respectivamente às músicas "Aces high" e "The rime of the ancient mariner", do "Powerslave"), o Rainbow, e a Long Beach Arena, dentre outros. Há até mesmo um placar eletrônico mostrando os últimos resultados do campeonato de futebol inglês, no qual o West Ham United aparece dando uma tremenda goleada de 7 a 3 no Arsenal, um dos mais populares e fortes times britânicos. Somewhere in time também marca uma mudança na sonoridade do Iron Maiden, que passou a usar sintetizadores em algumas músicas, o que apenas contribuiu com o trabalho da mesma.
A exemplo da turnê anterior, a "Somewhere on tour" começou no leste europeu (Belgrado) e terminou oito meses depois, no Japão. No ano seguinte, foi lançado 12 wasted years, um vídeo documentário mostrando toda a história do Iron Maiden, desde sua primeira formação em 1975, recheado de entrevistas, vídeos e materiais até então inéditos.
O sétimo filho
1988 foi o ano de lançamento de Seventh son of a seventh son, sétimo álbum de estúdio do Iron Maiden e o único trabalho conceitual da banda. Inicialmente, a idéia era fazer um LP como outro qualquer, mas, à medida que eles trabalhavam nas letras das músicas, perceberam que todas elas se inter-relacionavam de alguma maneira. Ao contrário da maioria dos discos conceituais, no entanto, Seventh son... não conta uma única história. Suas músicas são ligadas entre si devido ao fato de girarem em torno do mesmo tema. Outro ponto a ser destacado a respeito do álbum é sua capa. Se as artes dos álbuns anteriores primavam pela riqueza de detalhes, dessa vez optou-se pela suavidade. Eddie em meio à geleiras, com um feto na mão. Simples e "limpo".
Seventh son of a seventh son foi um álbum menos pesado do que os anteriores e isso fez com que a banda fosse bastante criticada. Porém, isso não impediu que a "Seventh tour of a seventh tour", que começou nos Estados Unidos, alcançasse um relativo sucesso. O ponto alto aconteceu na Inglaterra, quando o Iron Maiden foi a atração principal do antigo festival Monsters of rock, em Donington Park. A banda fechou uma noite que teve atrações como o Helloween, Guns N Roses, David Lee Roth (ex-vocalista do Van Halen), Megadeth e Kiss se apresentando para um público recorde de 102 mil pessoas. Foi a primeira vez que o Iron Maiden tocou em grandes casas de show inglesas e a turnê foi encerrada com duas apresentações no NEC de Birmingham. Esses dois shows foram filmados e os melhores momentos reunidos em um vídeo intitulado "Maiden England", lançado em novembro de 1989.
Continua semana que vem...






