Nightwish - Uma (quase) obra-prima
Nightwish - Uma (quase) obra-prima
O
Nightwish, banda de heavy metal finlandesa que dispensa maiores apresentações,
começou a chamar a atenção do mundo com o lançamento de seu segundo álbum, Oceanborn, de 1998. A consagração, no entanto,
viria no trabalho seguinte, Wishmaster, de 2000, que trouxe uma verdadeira
legião de fãs para a banda.
A qualidade de Wishmaster fez com que a expectativa em torno da próxima obra da banda crescesse exponencialmente. Nem mesmo o single Over the hills and far away, lançado ano passado, fez com que a ansiedade dos fãs diminuísse.
Finalmente, dois anos após Wishmaster o Nightwish lançou seu novo CD e a única coisa que se pode dizer a respeito do álbum é: valeu a pena esperar.
Century child é um álbum que mostra, novamente, toda a competência da banda, especialmente do tecladista/compositor Tuomas Holopainen e da vocalista Tarja Turunen, há muito uma hours concours no mundo do metal. Completando a banda, estão o guitarrista Emppu Vuorinen, o baterista Jukka Nevalainen e o baixista Marco Hietala (ex-Sinergy) que faz sua estréia no grupo, substituindo Sammi Vänskä. Marco faz também as vezes de backing vocal e mesmo vocalista principal em algumas faixas.
O disco é aberto com a pesada Bless the child, onde, de cara nota-se que o vocal de Tarja soa um pouco diferente do usual. É um vocal menos lírico, mais convencional, mas não por isso menos belo. Soa bem parecida com trabalhos anteriores do Nightwish. Uma abertura perfeita, que deixa o ouvinte ansioso pelo que viria pela frente. O mesmo vale para a seguinte, End of all hope, que tem uma levada bem semelhante à faixa Wishmaster, do trabalho anterior.
Dead to the world é um dos destaques do álbum. É a primeira faixa em que o baixista Marco Hietala acumula também a função de vocalista, ao lado de Tarja. O trabalho dos dois juntos soa bem entrosado, e Marco mostra-se um vocalista competente o suficiente para fazer as vozes masculinas nos clássicos da banda ao vivo. Geralmente, este cargo cabia a convidados. Além disso, a música tem um refrão forte e empolgante.
Ever Dream foi a primeira faixa do CD a ser liberada para audição e é um típico produto do Nightwish, com o teclado e guitarra trabalhando em harmonia pra criar uma atmosfera bem legal, fora o refrão cativante, que mostra mais uma vez o entrosamento já obtido entre Tarja e Marco.
Slaying the dreamer é outro destaque do álbum. A música surpreende e pode causar estranheza nos fãs da banda, pelo fato de ser bastante pesada. Guitarras bem pesadas e cheias de variações, bateria marcante de Jukka e um vocal mais sujo de Marco dão um clima sensacional à composição. Com certeza, uma das melhores músicas do grupo de todos os tempos.
Depois da pancadaria, vem a sentimental Forever Yours, onde, a exemplo de Swanheart do álbum Oceanborn, a voz de Tarja fica em destaque. Uma balada repetindo uma fórmula que, apesar de ser antiga, não deixa de dar certo.
Ocean soul é outra faixa que não trás muita inovação para o trabalho da banda, mas, nem por isso, deixa de ser boa. A mesma fórmula é meio repetida na música seguinte, Feel for you, que, no entanto, é mais cadenciada do que Ocean soul, e trás novamente um dueto entre Marco e Tarja. Um dos destaques da música fica por conta da bela linha de baixo apresentada.
O belo entrosamento de Tarja e Marco, que mostra novamente que ele foi o melhor escolhido para substituir Sammi, é mais uma vez destaque em The phantom of the opera, nova versão para a clássica música do compositor Andrew Lloyd Webber. A guitarra pesada trabalhando junto com o teclado, visando criar uma atmosfera interessante, somada à belíssima interpretação de Tarja faz com que os mais desavisados pensem que se trata de um original do Nightwish.
Finalmente, o álbum é fechado com a belíssima The beauty of the beast, uma verdadeira obra-prima do Nightwish. São mais de dez minutos de uma música recheada de belos riffs de guitarra, melodias, mudanças de acompanhamento e, principalmente, um belo trabalho dos vocais, seja de Tarja, seja dos backings, que foram orquestrados. A música é a típica faixa que assusta quando vemos sua duração antes de ouvi-la, mas que não parece tão grande quando tocada. É tão cativante e bela que, quando menos esperamos, já acabou. Mais um ponto para Tuomas, que conseguiu fechar o álbum da melhor maneira possível.
Enfim, se Century child não é o melhor álbum da carreira do Nightwish, é pelo menos o mais inovador, já que Tuomas empregou muita experimentação na hora de compor as músicas desse trabalho. Mesmo a sonoridade da banda está um pouco mudada, e para melhor, já que tanto a guitarra de Emppu quanto o baixo de Marco estão mais juntos do teclado. Isso faz que os riffs de guitarra e o teclado trabalhem juntos colaborando para um som mais pesado e, ao mesmo tempo, mais agradável. Somando isto ao fato de ter sido usada orquestra de verdade para a gravação de certas passagens do álbum, podemos dizer que Century child mostra mais uma vez que não é por mero acaso que o Nightwish vem conquistando mais e mais fãs a cada novo álbum.