Motörhead no Rio de Janeiro
A banda mais barulhenta do planeta ensurdece a Cidade Maravilhosa
A banda Motörhead, uma das precursoras do trash metal, se apresentou sábado, dia 28 de abril, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Pouco mais de mil headbangers, entre jovens e tiozinhos, se dispuseram a enfrentar a via crucis que foi chegar ao show. Como no Circo Voador, praticamente do lado da Fundição, estava acontecendo a apresentação do grupo de punk rock Less Than Jake, a Polícia Militar resolveu fechar todas as ruas próximas às duas casas. Isso provocou um nó no trânsito, com carros na contramão buscando vagas nos estacionamentos que existem em frente à Fundição. Felizmente, não houve acidentes.
Talvez por causa dessa dificuldade em chegar, o Motörhead atrasou seu show em 40 minutos. Ainda tinha gente entrando quando os primeiros acordes disparados pelo baixista e cantor Lemmy Kilmister explodiram nas caixas de som. A banda, que existe desde 1975, veio lançar o álbum Kiss of Death por aqui (lançamento pela EMI Music). Acompanhando o britânico Lemmy, vieram o galês Phil Campbell na guitarra (na banda desde 1985) e o greco-sueco Mikkey Dee na bateria (desde 1995 no grupo).
Os presentes foram saudados por um show correto, com canções do novo trabalho e os habituais clássicos. Nada muito novo para quem já viu o grupo ao vivo - eles já estiveram várias vezes por aqui, sendo que a primeira apresentação no Brasil foi em 1989. A única coisa que piorou - ou melhorou, dependendo do referencial -, foi a reação dos headbangers. Se antes eles batiam cabeça no ar, agora trocam socos e chutes como se estivessem em uma batalha campal. Outros são atirados para o alto e quando caem, começam a "nadar" por entre os braços levantados do público até conseguir chegar ao fosso que separa a platéia do palco. Nesse fosso ficam os seguranças, que tentam em vão impedir que os fanáticos consigam entrar no local. Quando conseguem, são empurrados violentamente para as aberturas laterais. No trajeto ainda levam uns cascudos, mas parecem não se importar, pois fazem símbolos de vitória para o público, que urra de felicidade. Curiosamente, essa prática aconteceu a noite inteira, com os mesmos protagonistas.
Quem se posicionou mais ao fundo, longe da baderna, pôde sentir o som "rolo-compressor" do Motörhead, que se orgulha de ter feito parte, durante anos, do livro Guinness como a banda mais barulhenta do mundo. Durante o show, as músicas só eram reconhecidas nos primeiros acordes. Depois se transformavam em um rocambole sonoro de explodir os tímpanos, no qual só é possível reconhecer, de vez em quando, o estribilho. O destaque foi para o solo de quase 10 minutos do baterista Mikkey Dee com iluminação homenageando o Brasil. Ele ainda tocou violão em uma espécie de set acústico (!?!?) da banda. Foi a primeira música do bis, o blues "Whorehouse blues", que ainda teve Lemmy trocando seu baixo por uma gaita. Mas esse momento de ternura durou pouquíssimos minutos. Logo depois a metralhadora sonora voltou a disparar. As músicas? "Stay clean", "Killers", "Metropolis", "Over the top", "In the name of tragedy", "Sacrifice", "Going to Brazil", "Iron fist", "Ace of spades" e "Overkill", entre outras. Mas naquela balbúrdia sado-masoquista será que o público realmente conseguia identificá-las?
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