Música

Artigo

Mesmo nostálgico, Phil Collins prova que ainda é relevante

De bengala e sentado, vocalista faz show exemplar

26.02.2018, às 00H47.
Atualizada em 01.03.2018, ÀS 01H00

A noite de Pretenders e Phil Collins no domingo, em São Paulo, não foi só nostalgia. Dois atos gigantes dos anos 80, as duas bandas se apresentaram para um público majoritariamente mais velho, mas não apenas provaram que seus hits são eternos, mas que também, seus talentos, continuam com tudo. 

move concerts/facebook/reprodução

O The Pretenders subiu ao palco antes do dia escurecer, com a líder Chrissie Hynde esbanjando simpatia e estilo. Já ganhando o público na segunda música, “Back On The Chain Gang”, a guitarrista e vocalista interagia com as primeiras fileiras e, nem de longe, aparentava seus 66 anos. Sua voz continua a mesma, fato comprovado principalmente na lenta “Hymn To Her”, que ela introduziu com humor: “vocês querem ouvir algo velho e brega? Claro que querem, senão não estariam aqui." Hynde e sua banda animaram o Allianz que ia lotando aos poucos, com clássicos, covers de Kinks e Bob Dylan e, no fim da apresentação, com “In The Middle Of The Road”, o estádio cantava tanto que parecia que a noite era do Pretenders.

Mas meia hora depois, a banda – e que banda – de Phil Collins subiu ao palco. Depois dos quinze músicos já posicionados, entra o velhinho Collins. Discretamente, pelo lado do palco, surge um vovô careca, de bengala, e curvado. Ele chega ao meio, pendura a bengala no encosto de uma cadeira, e se senta. Já curvado pelos aplausos, agradece. E, de cara, entoa a difícil “Against All Odds” com perfeição. A voz é tão poderosa e resistente, que Collins parece dizer que seu estado físico não é nada – o que importa continua em perfeito estado.

Collins passa a apresentação inteira na cadeira. De vez em quando girando para olhar sua própria banda, ele fica, na maior parte do tempo, olhando e apontando para o público, além de sempre bater palma em agradecimento geral à banda e à cantoria geral. Seu carisma é de poucas palavras mas dura por todo o show, que apesar de ter a figura principal sentada, é bizarramente eletrizante: talvez pela exemplar animação da banda, que exibe coreografias descontraídas, ou talvez por talento irrefutável. Apesar de ser formada por músicos, na maioria, quarentões, o palco inteiro é absolutamente cool. Apoiada por um visual estiloso nas luzes e telões, a banda de Phil Collins sustenta todo o show sem nem por um momento parecer ultrapassada.

Na primeira parte da apresentação, o show é mais lento, passando por “Another Day In Paradise” e “Hang In Long Enough”, mas deu tempo até para demonstrar bom humor. Conversando com o público para apresentar “Wake Up Call”, Collins se dirige a multidão dizendo que tocaria uma faixa do seu álbum Testify, mas não recebeu resposta alguma. Ele então vira para um grupo seleto de fãs nas primeiras fileiras e diz: “olha, esses cinco aqui conhecem”.

Já no início Collins animou também os fãs de Genesis, que empolgaram em “Throwing It All Away” e “Follow You Follow Me”, recheadas de imagens da banda no telão. E, se não fosse pelo dueto com a backing Bridgette Bryant em “Separate Lives”, onde os dois cantaram muito, o show não teria nenhum momento brega. Mas, para quem é fã de anos 80 e de Alfa FM, a dupla agradou bastante. De qualquer jeito, o lento durou pouco, e depois de “Something Happened On The Way To Heaven” a apresentação só cresceu, e a banda não parou quieta até se despedir.

“In The Air Tonight”, antecipado momento da apresentação, foi um de seus auges. A música que começa discreta e vai aumentando, brilhou no vocal de Phil Collins, e ainda comprovou os talentos do filho do vocalista, que aos 16 anos já toma conta das baquetas. Depois disso, “Invisible Touch” e as duas últimas antes do Bis, “Easy Lover” e “Sussudio”, foram sucesso absoluto. Não só a plateia não descansou e cantou o tempo inteiro, como a banda descia e se mexia pelo palco, dando à apresentação todo o dinamismo que um band leader sentado poderia requerer.

Depois de sair lentamente, Collins recebeu pedidos de BIS genuínos, algo que não se vê tão frequentemente. Ele retorna com a bengala para performance da bela “Take Me Home”, que encerra com uma festa de fogos de artifício também de dar inveja a Paul McCartney. E enquanto o público do Allianz olhava para cima admirando as luzes e pensando no que se passou ali, o vovô Collins discretamente se retirava, com elegância e postura de quem deixou sua marca no país. 

 

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.