Diretora de documentário de Lizzo chama cantora de “arrogante, egoísta e cruel”
Sophia Nahli Allison se demitiu do filme após convivência com a cantora; ativista Ola Ojewumi lembrou caso de capacitismo da musicista
Créditos da imagem: Frazer Harrison/Getty Images North America/AFP
Após ser acusada de assédio sexual e moral por três ex-membros de sua equipe de dançarinos, Lizzo agora vê outras pessoas acusando-a de comportamento inapropriado. Sophia Nahli Allison, outrora diretora de um documentário sobre a musicista, afirmou ter se demitido da produção após conviver com a cantora, definindo-a como “arrogante, egoísta e cruel”.
Em seu Twitter, Allison compartilhou um curto texto em que lembrou sua experiência com Lizzo, que teria tratado a cineasta com “muito desrespeito” ao longo das duas semanas em que ela trabalhou no projeto. “Me senti manipulada e profundamente ferida, mas me recuperei”, disse a diretora — confira o relato completo:
Sharing this because validating other Black women's experiences is deeply important to me. pic.twitter.com/gd2xEK6szq
— Sophia Nahli Allison (@SophiaNAllison) August 1, 2023
“Normalmente não comento nada relacionado à cultura pop. Mas, em 2019, viajei um pouco com Lizzo para ser a diretora de seu documentário. Me demiti depois de duas semanas. Fui tratada com muito desrespeito por ela. Testemunhei o quão arrogante, egoísta e cruel ela é. Não tive proteção e fui jogada em uma situação de merda com pouco apoio. Meu espírito me disse para correr o mais rápido o possível e sou muito grata por ter seguido meus instintos. Me senti manipulada e profundamente ferida, mas me recuperei. Ler esses relatos [de abuso] me fizeram perceber o quão perigosa aquela situação era. Esse tipo de abuso de poder acontece com muita frequência. Muito amor e apoio aos dançarinos”
A ativista Ola Ojewumi também lembrou um caso de capacitismo que ela sofreu em uma apresentação da cantora em 2017. Em relato compartilhado na época e recuperado na última segunda-feira (1º), ela lembrou de quando um fã subiu em sua cadeira de rodas, pisando em suas pernas, para chamar a atenção da equipe de Lizzo. O homem não só não foi repreendido, como ainda foi chamado ao palco para dançar ao lado da musicista — confira o relato completo abaixo:
Tragic.
— Ola Ojewumi (@Olas_Truth) August 2, 2023
I defended Lizzo from racism, misogynoir, and fatphobia in the past. I hesitated to discuss my personal experience with her and her team at a concert. I was trampled by a man in my wheelchair at her DC show in 2017. They saw it and brought him on stage with her anyway. https://t.co/1Nz2ZVsKI3 pic.twitter.com/quNIRgC8Gs
“Trágico. Defendi Lizzo de racismo, misoginia e gordofobia no passado. Hesitei em discutir minha experiência pessoal com ela e sua equipe em um show. Fui pisoteado por um homem em minha cadeira de rodas em seu show em Washington em 2017. Eles viram e o levaram ao palco com ela mesmo assim. Lizzo me enviou uma nota legal padrão na DM, não assumindo nenhuma responsabilidade, negando que tivesse visto um homem de salto plataforma subir em minhas pernas enquanto eu estava sentada em minha cadeira de rodas. Os dançarinos dela o puxaram de cima de mim e o trouxeram ao palco para dançar com ela. Lizzo disse que me encontraria em Washington e nunca cumpriu. Ainda assim, defendi Lizzo no passado porque sou protetora das mulheres negras e vi os ataques ao seu peso, saúde e imagem como injustos. Essas novas alegações são horríveis, mas mostram o que sempre soubemos: você pode ser oprimido e opressor. Se eu acusasse Lizzo e a sua equipe de capacitismo contra mim durante a controvérsia sp * z, teria sido eviscerada por seus fãs e pelo Black Twitter. Muitos não reconhecem a existência de pessoas negras com deficiência ou o cabo de guerra que enfrentamos quando somos forçados a escolher nossa raça em vez da identidade de deficiência. Eu vou silenciar este post agora. Vejo que os gordofóbicos, incels e misóginos pegaram ar e usaram isso para justificar seu ódio antigo e profundo por Lizzo. Vocês não se importam com pessoas negras deficientes regularmente, não usem minha história para fingir que se importam agora.”
Entenda o caso
Em 1º de agosto, três ex-dançarinos de Lizzo processaram a cantora e a capitã de sua equipe de dança, Shirlene Quigley, por diferentes eventos de assédio sexual e moral, citando casos de gordofobia, humilhação e de obrigar funcionários a tocar de forma inapropriada dançarinas nuas em uma viagem a Amasterdam, na Holanda. Advogado das vítimas, Ron Zambrano afirmou que “a natureza impressionante com a qual Lizzo e sua equipe de gestão trataram seus artistas parece ir contra tudo o que Lizzo defende publicamente, enquanto no privado ela envergonha seus dançarinos e os rebaixa de maneiras que não são apenas ilegais, mas absolutamente desmoralizantes.” A cantora ainda não se manifestou sobre as acusações.