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Como uma banda sem guitarras pode fazer rock ´n´ roll? A resposta é simples: ouça Keane. O trio inglês de Battle vem chamando atenção desde que lançou o single "Everybody´s changing". Quem os descobriu foi Simon Williams, da Fierce Panda, o mesmo selo que um dia lançou Coldplay, Supergrass e Ash. Não por acaso, a comparação mais fácil é justamente com a primeira banda, liderada por Chris Martin, que, assim como o Keane, tem o piano e a voz como grandes diferenciais. "Mas se você odeia o Coldplay, escute a nossa banda, porque é completamente diferente", adverte Richard Hughes, o baterista.
As comparações parecem não afetar a banda. Eles dizem não ter problemas como isso, afinal Coldplay, Travis e Radiohead (as mais citadas pela crítica especializada) são ótimos grupos e eles adoram ouvi-los. Eles chegaram inclusive a abrir alguns shows do Travis em uma excursão ao Canadá.
Sucesso rápido?
Nos Estados Unidos e Inglaterra, o Keane vem tocando em shows lotados, seu disco figura na lista dos mais vendidos e seus singles estão nas paradas. Mas este sucesso não veio da noite para o dia, como muitos imaginam. A banda surgiu em 1998 e na época eles tinham um guitarrista. O nome veio de uma mulher que tomava conta de Tom Chaplin, a Sra. Cherry Keane, mas como muita gente entendia "Cherokee", eles decidiram adotar apenas o sobrenome. No início, seu repertório era igual ao de 99,99% das bandas: repleto de covers. Eles tocavam de Beatles a U2 e Oasis. Ao assinar um contrato com uma gravadora maior, o trio formado por vocal (Tom Chaplin), piano/teclado (Tim Rice-Oxley, que também toca baixo) e bateria (Richard Hughes) entrou no estúdio e só saiu de lá quando Hopes and fears ficou pronto. O resultado é um disco cheio de baladas, umas mais, outras menos aceleradas, mas sempre bastante emotivas.
Em uma entrevista para uma rádio de Los Angeles, Tim e Richard contaram que já se conheciam há bastante tempo e costumavam tocar juntos. Quando perceberam que nenhum dos dois conseguia cantar, conheceram Tom, que mostra no CD inteiro que eles estavam certos em chamá-lo.
A faixa que abre o disco, "Somewhere only we know" é um lindo cartão de visitas e foi usada como o primeiro single do disco. "This is the last time", a música seguinte, já é mais acelerada e pode facilmente fazer as pessoas levantarem para dançar. "Bend and Break" segue no mesmo ritmo. O vocal de Tom vai mais alto, deixando o piano fazer uma base junto com a bateria. Se fosse um show, o intervalo até o início de "We might as well be strangers" seria aquele momento em que alguém da banda diria "Obrigado! É muito bom estar aqui com vocês esta noite!" e entra a balada que faz as pessoas meterem a mão no bolso e pegarem seus isqueiros.
"Everybody´s changing", merece um parágrafo à parte, afinal, foi com ela que tudo começou. Apesar de tocarem juntos há um tempo, foi naquele pequeno show acústico no Natal de 2002 que Simon Williams ouviu a banda e ofereceu para lançar a canção como single pelo selo dele. Já no começo de 2003, a faixa foi tocada no programa do Steve Lamacq na BBC 1 e chamou também atenção do pessoal da X-FM, que decidiu tocá-la. Daí a assinar contrato com uma gravadora e lançar seu primeiro disco, foi tudo muito rápido. Apesar de já ter sido lançada como single pela Fierce Panda, a música foi escolhida como segundo single do disco e relançada em maio deste ano, uma semana antes do álbum chegar às lojas.
"Your eyes open", "She has no time" e "Can´t stop now" são talvez as mais fracas do disco, mas a primeira tem um interessante efeito de teclados no início e no fim que monstra o que eles podem fazer em álbuns futuros. As comparações com Radiohead são precipitadas, mas não absurdas. Os refrões de "Sunshine" e a voz mais contida de "Untitled I", que tem um belo instrumental no minuto final, preparam muito bem o clima para o grand finale que é "Bedshaped". O teclado de Tim Rice parece mais afiado, construindo pequenas texturas, enquanto um coral rápido serve como um ponto final digno de um álbum de estréia muito bom. Não é excelente como muitos proclamaram por aí, mas é bastante promissor, pois em apenas algumas audições você estará cantarolando as músicas. Elas são pegajosas. E isso não é uma crítica negativa.
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