Incubus - 8 | Crítica
Incubus lança disco irregular com poucos bons momentos e sem identidade
O Incubus, depois de cinco anos sem material inédito, retorna aos palcos com uma produção interessante, de proposta simples e direta que, ao menos nas primeiras faixas pode funcionar com os fãs de longa data. No entanto, a novidade para por ai. O disco 8, lançado recentemente, logo de entrada, chama a atenção por ter a co-produção de Skrillex, o que de acordo com o guitarrista do grupo, Mike Einzenger, aconteceu de forma despretensiosa, já que o DJ/produtor foi convidado para uma participação específica e acabou ajudando em grande parte do processo do novo álbum.
Depois dessa informação, não tem como não se sentir feliz com o rumo e a sonoridade do início do álbum. De cara, "No Fun" se apresenta como uma faixa com bom punch, boas quebras e alternância rítmica, ideal para não cair no marasmo. Sem contar que ter uma faixa de abertura boa é um excelente passo para ganhar o público.
O disco segue com mais uma boa sequência capitaneada pela já conhecida "Nimble Bastard" que conta com guitarras estridentes e um timbre marcante e vai para "State of the Art" que apresenta elementos para ser ouvida no repeat por um dia inteiro. É engraçado notar que mesmo com uma aposta que não foge da zona de conforto o grupo, ao menos nesse primeiro momento do disco, mantém a qualidade de seus arranjos e de sua proposta musical. Sem dúvida não é algo corajoso, mas marca bem o território que o Incubus conquistou em mais de 20 anos de carreira.
"Glitterbomb" também começa com um bom arranjo e chega a sugerir uma tracklist pensada para formar duplas musicais que se completam.
"Undefeated" abre o segmento de baladas e se mostra como a faixa mais fraca do disco, apesar de uma ideia interessante para a quebra de andamento e também na sonoridade do riff de guitarra. Na sequência surge "Loniest", criação que - facilmente - poderia ter ficado de fora do disco. A faixa seguinte é uma brincadeira com a sonoridade latina e também não encontra razão para fazer parte da tracklist, a não ser pela excentricidade da banda. O disco encontra nessa sequência de músicas seu ponto mais baixo com "Familiar Faces", entrando no segmento de músicas que não colaboram para o 'caminho sonoro do álbum'. "Love In A Time of Surveilance" também não empolga, ainda mais quando comparada com as faixas que abrem o disco. Talvez a música mereça uma ressalva somente por apresentar uma leve lembrança do riff presente na versão de "Strawberry Fields Forever" recriada por Ben Harper.
O projeto segue e se mantém sem identidade até chegar à faixa final "Throw Out The Map", que surge como uma intressante surpresa de sonoridade roqueira e com mais peso.
Em todo caso, o Incubus não peca por um excesso de faixas, já que o disco tem pouco mais de 40 minutos, mas se perde em um caminho que tenta ser experimental e não traz nada de novo ao som que o grupo já faz há algum tempo. Nem mesmo a boa sequência de abertura faz o álbum encantar. Uma ideia é partir para experimentações mais concretas e também apostar na criatividade do DJ que compõe o grupo (um bom exemplo é o The xx) e não tê-lo somente como um adereço de atmosfera. Um disco bacana, que se perde no meio e termina com a sensação de que foi bom, mas poderia ter sido muito melhor.