Grammy 2003 - consagração da musica de boa qualidade

A grande vencedora foi a jovem Norah Jones e seu disco de estréia, Come Away With Me. Ao todo, a garota abocanhou oito gramofones de ouro, incluindo "Melhor Disco", "Canção do Ano" e "Artista Revelação". Norah, no alto dos seus 23 anos, vem conquistando o mundo aos poucos e renovando o cenário do jazz comercial nos Estados Unidos. Cantora e pianista excepcional, seu disco é recheado de baladinhas jazzy. Talento a parte, é quase óbvio que a presença do super produtor Arif Mardin ajudou bastante. Arif, que também foi premiado, foi responsável por alguns dos melhores discos da diva Aretha Franklin.

Uma bendita singularidade deste ano foi a presença quase nula do chamado "pop fabricado". Norah chegou a desbancar ícones como Britney Spears, Pink e Avril Lavigne, como "Melhor Cantora Pop" e "Melhor Disco Pop". As famigeradas boybands também não tiveram presença expressiva.

O guitarrista Santana, que em 2000 levou nove Grammys com Supernatural, não conseguiu repetir o êxito com seu novo disco. Shaman ficou restrito ao prêmio de "Melhor Colaboração Pop", com o dueto grudento de Santana e Michelle Branch.

Na vertente rock, os medalhões levaram tudo, sem nenhuma grande surpresa. Bruce Springsteen, o queridinho dos americanos atualmente, ganhou três prêmios com seu último CD, The Rising, que trata sobre a tragédia de 11 de setembro. O Coldplay ganhou como "Melhor Grupo" e "Melhor Disco de Música Alternativa" ( mesmo prêmio dado à estréia da banda, Parachutes, no ano passado). O Foo Fighters levou como melhor grupo de Hard Rock, numa disputa difícil com o Queens of Stone Age. Os dois grupos lançaram discos excelentes em 2002. O Flaming Lips também marcou presença, com faixa de Yoshimi Battles the Pink Robots, outro lançamento excepcional. Sheryl Crow ganhou como "Melhor Cantora", mostrando que ainda mantém uma legião de fãs nos EUA, mesmo sem grandes truques de mídia.

Na categoria R&B, o destaque foi India.Arie, competente cantora injustiçada no ano passado, época do boom de Alicia Keys. Seu segundo trabalho, Voyage to India, levou para casa dois merecidos prêmios, incluindo "Melhor Disco".

Nada de surpresas para os concorrentes do Rap, também. Outkast e Miss Elliott repetiram a dobradinha do ano passado, ganhando como "Melhor Cantora" e "Melhor Grupo", respectivamente. Sem grande exposição, Eminem ganhou como melhor disco e melhor clipe, com Eminem Show. A única novidade na área foi o rapper Nelly e seu aclamado Nellyville, premiado com duas faixas, incluindo um simpático dueto com Kelly Rowland.

Johnny Cash, que lançou um disco incrível em 2002, ganhou como "Melhor Cantor Country". Na mesma categoria, as veteranas Dixie Chicks mostraram que vêm conquistando espaço nos últimos anos, com dois prêmios - "Melhor Grupo" e "Melhor Disco".

Standing in The Shadows of Motown, documentário sobre os Funk Brothers, clássica banda de apoio da gravadora, foi premiado como "Melhor Compilação". Nos prêmios relacionados à trilha de cinema, Howard Shore ganhou com O Senhor dos Anéis - A Irmandade do Anel e Randy Newman com "If I Didnt Have You", canção de Monstros S.A, também premiada no último Oscar.

O Brasil ficou praticamente de fora da premiação. As únicas indicações, não premiadas, foram de Luciana Souza, para "Melhor Álbum de Jazz", e do percussionista radicado em Nova York Duduka da Fonseca, na categoria "Melhor Álbum de Jazz Latino". O único representante tupiniquim premiado foi o baixista André Lopes, que faz parte da banda Los Bacilos, vencedora na categoria "Melhor Álbum Pop Latino".

Os shows

As apresentações ao vivo são sempre o ápice da longa apresentação. Neste ano, os shows cobriram toda a vertente da produção musical americana. Do country da Sheryl Crow (cantando ao lado de Kid Rock) ao rap do queridinho Nelly, os espetáculos estavam lá para agradar todo mundo.

Depois de 30 anos sem shows, a dupla Simon & Garfunkel reuniu-se para uma apresentação especial, com seu hit "Sound of Silence". Em outro momento, uma homenagem aos Bee Gees reuniu o grupo NSync. O Coldplay foi outro dos destaques, apresentando "Politik" ao lado da Filarmônica de Nova York.

Apresentações pela paz não faltaram, mesmo que veladas. Bruce Springsteen apresentou sua ode às vítimas do 11 de Setembro, ovacionado pela platéia. A cantora Ashanti fez uma doce homenagem também, reunindo crianças no palco. Já Sheryl Crow limitou-se a um "No War" bordado na cinta da guitarra, depois de ser censurada pela organização do prêmio.

No final, uma homenagem especial ao punk do The Clash tomou o palco e o líder da banda, Joe Strummer, morto no ano passado, foi lembrado com louvor. "London Calling" foi interpretada por um Dream Team, liderado por Dave Grohl, Bruce Springsteen e Elvis Costello.

Confira os ganhadores nas principais categorias:

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