Fergie em São Paulo
Em show VIP, loira faz de tudo no palco
Fergie, a loira belzebu que apareceu no Black Eyed Peas e ganhou carreira de cantora pop em 2006, passou por São Paulo na semana passada com seu primeiro show solo no país. A duquesa deu o ar de sua graça trazida por aqui trazida pela Motorola, com quem lançou celular grifado. E como a apresentação era institucional, Fergie cantou na casa fechada para poucos - convidados VIPs da marca, fãs "abençoados", alguns poucos que compraram o aparelho em questão e qualquer um que pagasse os R$ 20 pedidos pelos cambistas na porta, desesperados com os ingressos encalhados.
Sem sua banda original para desviar a atenção, Fergie mostrou que se dá bem, tendo que segurar a bola sozinha. Claro que, como toda boa cantora à la Madonna, a moça tem que se apoiar em dançarinos para preencher o palco. Seu "corpinho recheado" não dá conta do recado, mas é bom ver que ela não se baseia em coreografias aeróbicas cronometradas - pelo contrário, sua dança é até estabanada em alguns momentos. Um pouco de humanidade sempre faz bem.
Fergie
fergie
fergie
fergie
Cantando para platéia que se preocupava mais em trocar mensagens de texto ou preencher a memória de seus celulares com fotos desfocadas, a loira teve que rebolar para atacar com seus poucos hits. A recepção foi OK, com "Here I come" (a música da propaganda que pagou a viagem) e o bom hit "London bridge".
Mas daí pra frente, Fergie jogou baixo. Já começou a ignorar sua carreira solo e trouxe hits do Black Eyed Peas - emendando seu hino "My humps" (em pegada roqueira, ponto para a banda) com um mix de sucessos da banda.
O inesperado viria a seguir, com covers de Paul McCartney ("Live and let die"), Led Zeppelin ("Black dog"), Sublime ("Santeria") e Rolling Stones ("Start me up"). Mesmo que a moça já tenha avisado que está gravando clássicos do naipe para a trilha sonora do Homem de Ferro, a seqüência ao vivo assusta os desavisados - e transforma o show da cantora em banda de baile de formatura.
Então, depois da "dark" "Voodoo doll" e do reggae "Mary Jane shoes", todas de seu disco, ela emendou outra versão: "Barracuda" (do grupo Heart, registrada para a trilha de Shrek Terceiro). Esta terminou com Fergie em piruetas pelo palco, sem parar de gritar ao microfone e citando "Welcome to the jungle", dos Guns'n'Roses. E isso tudo em pouco mais de meia hora de show. Diga lá se não é um espetáculo multimídia, a dona.
Depois de tudo isso, o que viesse era lucro. Então dá até para acreditar que a cantora realmente estava emocionada, ao chorar no final de "Big girls don't cry", e que isso não era jogo de cena. Também podemos fazer vista grossa ao merchandising agressivo ao patrocinador antes de "Fergalicious", afinal alguém tem que pagar as contas. Isso sem falar no bis anticlímax, com a chatinha "Finally". Fergie é esforçada, mas a criançada da platéia merecia se divertir mais.