Eu tinha 14 ou 15 naquela vez em que vi o Emicida pela primeira vez. Na época, ele era conhecido apenas por suas rimas de protesto e enfrentamento, o que tornou acompanhar sua evolução para outros ritmos ainda melhor. Com o tempo, Leandro foi misturando samba e MPB a suas músicas, firmando parcerias importantes, como vemos no seu DVD 10 Anos de Triunfo, lançado em 2018. Isso ficou ainda mais evidente em AmarElo, projeto que Emicida lançou antes da pandemia de Covid-19, em 2019.
Agora, quase cinco anos depois, chegou o momento de encerrar o ciclo iniciado com AmarElo e para isso o artista decidiu fazer uma turnê por várias estados brasileiros e passando, é claro, por São Paulo, sua cidade natal. Com um Ibirapuera lotado, o cantor trouxe três horas de show e muita emoção, com músicas que contam sua trajetória da rinha de MC’s ao Teatro Municipal.
Ele abriu a apresentação com “É Tudo Pra Ontem”, que ficou popular com o lançamento do documentário sobre AmarElo na Netflix. O início do show ajudou a aquecer o público do gramado, que encarava temperaturas de 17 °C e um vento gelado que vinha por todos os lados. A sequência de “A Ordem Natural das Coisas” e “Quem Tem um Amigo tem Tudo” também incentivou abraços e mais calor humano na noite fria de sábado.
No meio do show ele iniciou a transição das acalentes músicas do projeto AmarElo para seus raps mais potentes. Após cantar justamente a música que dá nome a sua turnê, ele trouxe “Pantera Negra”, e fez o público trocar as lágrimas por pulos, mudando completamente a atmosfera do show. Ele emendou “Zica, Vai Lá”, “Selvagem” e “Bang!” o que só deixou sua plateia ainda mais agitada.
O ritmo se manteve inclusive nas participações especiais, que contaram com Rashid e Projota para “Nova Ordem”, Rico Dalasam, Raphão Alaafin, Muzzike, Stefanie - substituindo Drik Barbosa, e novamente Rashid, para “Mandume”, e Karol Conká para “Todos os Olhos em Nóiz”. Jé Santiago, Fabiana Cozza e Rappin’ Hood também foram alguns dos destaques no palco.
Com um carisma inabalável, Emicida movimentou uma plateia fiel durante horas de frio e de muitas música e reencontros. Interagindo, parando o show para chamar bombeiros e até chorando, o cantor fez do show no Ibirapuera um dos melhores que já trouxe para a cidade, mostrando que ainda é o “Emicida da rinha” e que ainda tem muito a fazer pela música brasileiros. (Ele encerrou o show com “Passarinhos”).
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