Música

Entrevista

Ego Kill Talent comenta história e sonoridade da banda

Banda composta por nomes experientes do rock nacional aposta em criação coletiva e mistura de backgrounds

07.02.2017, às 17H49.
Atualizada em 31.03.2017, ÀS 18H03

A Ego Kill Talent é uma das principais bandas de rock da nova safra nacional. Cantando em inglês e composta por nomes que já passaram por diversos outros projetos importantes na cena (Diesel/Udora, Sepultura, Reação em Cadeia, Sayowa), a banda conseguiu unir músicos de trabalhos distintos e, depois de dois anos na estrada, lançou, no final de janeiro, o álbum homônimo.

ego kill rock nacional

No entanto, os caminhos que levaram até a reunião de todos os membros são um pouco longos, conforme afirma Theo Van Der Loo (guitarrista e baixista). O músico conta que ele e Raphael Miranda (Bateria e Baixo) são amigos desde a adolescência e juntos formaram a Sayowa, grupo com "um som mais pesado com tambores tipo de Olodum".

Em 2003, ele conheceu o vocalista da Reação em Cadeira, Jonathan Correa, que havia ido ao Rio para gravar um disco no mesmo estúdio que Loo havia acabado de finalizar seu primeiro projeto. "Cheguei lá conheci o Jonathan e ficamos amigos meio que instantaneamente", confessa.

Também, nesse mesmo ano, o Sepultura gravou nesse estúdio, e ele foi apresentado à banda, ainda com Iggor Cavalera na bateria. "De cara eles convidaram o Sayowa pra abrir um show deles no Canecão". Eles ainda seguiram em excussão com os mineiros pela Europa, o Iggor saiu do Sepultura, e Jean Dolabella entrou. O grupo permaneceu ligado ao Sepultura de forma que Andreas Kisser, guitarrista do grupo mineiro, chegou a produzir o segundo álbum do Sayowa.

Após isso, Loo e Miranda montaram uma produtora de shows especializada em festivais e trabalharam na realização dos dois primeiros SWU e também do Maquinária e isso fez com que fosse "impraticável manter o Sayowa em conjunto com o trabalho de promotores de festivais. Com isso a banda acabou".

Depois de alguns anos trabalhando na parte executiva do show biz, Miranda decidiu voltar a tocar bateria e se afastou da produtora, mas Loo continuou por mais algum tempo no negócio. Esse processo durou até a saída de Dolabella do Sepultura, que pouco tempo depois de se desligar da banda mineira ligou para Loo para avisar que estava solo e morando em São Paulo. "No mesmo dia a gente se encontrou no fim da tarde, eu comentei com o Jean que tinha essa frustração de estar tão envolvido no show biz mas no papel de promotor e sem ter uma banda. Mas que achava que 'esse capítulo de ter banda já tinha passado na minha vida'".

Após o relato, a insistência de Dolabella para que o amigo não deixasse seu lado músico para trás foi tanta que o fez repensar nas possibilidades e então surgiu a dupla, ainda sem baixista, que ensaiava somente músicas instrumentais. Isso durou até que Raphael Miranda ouviu um ensaio e se ofereceu para fazer parte do grupo. Ele entrou como baixista, mas também colaborou com a bateria em algumas faixas, "[...] e assim começou essa história do 'rodízio' de instrumentos", processo no qual os integrantes revezam suas posições, principalmente durante o processo criativo e que Loo destaca que isso faz com que a rotina da banda seja muito prática, auxiliando na criatividade. "Por exemplo, o Jean traz muitas ideias de riffs e nessa hora é muito prático o Rapha poder tocar bateria enquanto estamos no momento da composição, mesmo que depois talvez troque e o Jean toque batera naquela música. Ou ao contrário. O processo de construção de arranjos dentro da banda é bem dinâmico e todos se envolvem bastante". Sem dúvida, um dos temperos do Ego Kill Talent.

E claro, mesmo com o núcleo da banda formado, ainda faltava o vocalista. Loo segue contando que eles ficaram um tempo sem saber quem colocar na vaga, "[...] até cogitamos colocar um cara de Los Angeles". No entanto, apesar disso, o músico confessa que sempre comentava sobre Jonathan com Dolabella. "Um dia eu liguei pra ele [Jonathan] e ele veio pra SP ouvir o que a gente estava fazendo, levou as músicas gravadas e uma semana depois voltou com ideias de melodias pro que depois veio a ser a faixa 'Sublimated'. A gente pirou nas idéias e na execução vocal dele e então ele passou a ser parte da banda".

Após isso, e com quase tudo pronto, faltava um integrante, que veio a ser Niper Boaventura (guitarra e baixo), amigo de Jonathan e que acompanhava de perto os shows do grupo há algum tempo.

Após o encerramento do processo para encontrar os membros do grupo, surgiram os processos para criação das músicas, que apresentam letras profundas que falam sobre sentimento de posse, necessidades humanas, mágoas e diversos outros temas. O grupo ainda construiu um bom caminho até liberar o álbum completo, por meio do lançamentos de dois EP´s até chegar no primeiro álbum que mantém em destaque o cuidado com o som do grupo, apresentando músicas bem produzidas e sem arestas. Sobre isso, Loo comenta que o resultado se deve a duas coisas: "A gente realmente se dedica muito a trabalhar a sonoridade da banda, desde a composição de arranjos, timbres dos instrumentos e execução de todos nós" e complementa que a outra parte se deve ao trabalho do produtor Steve Evetts. "Ele fez um trabalho incrível na gravação e sem dúvida conseguiu tirar o melhor da gente naquele momento".

E isso se soma ainda a opção por cantar em inglês, que de acordo com Loo aconteceu de forma natural. "A gente gosta de como o inglês soa dentro do nosso som e essa é a real razão de catarmos em inglês", justifica.

Por fim, depois de toda essa jornada, quando perguntados sobre quais seriam as duas faixas que indicariam para quem ainda não conhece o trabalho do grupo, o músico afirma que essa é uma tarefa difícil, "[...]todos nós somos muito envolvidos com todas as faixas", mas acaba escolhendo, "Muito provavelmente seriam 'Last Ride' e 'Still Here'. Simplesmente porque acho que mostra bastante do que a banda é. Tanto nos riffs de guitarra, quando nas melodias e letras".

Agora, o grupo que afirma ter influências que vão de John Mayer até Tool, diz que o próximo passo, depois do lançamento do disco é tocar muito e no máximo de lugares que puderem. Que assim seja.

Ouça o disco do Ego Kill Talent

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