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Echo and the Bunnymen - A coletiva

Echo and the Bunnymen - A coletiva

29.05.2002, às 00H00.
Atualizada em 21.12.2016, ÀS 20H02

Live in Liverpool

Diante de um punhado de repórteres-rock, encontram-se dois sujeitos que, alguns anos atrás, faziam rock and roll em Liverpool para embasbacar multidões. Ao leitor desavisado, aviso: eles não são os Beatles. Estou falando do vocalista Ian McCulloch e do guitarrista Will Sergeant, as duas forças motrizes (vocal e guitarra, respectivamente) por trás do Echo and the Bunnymen.

O guitarrista, com cara de boneco assassino, mantém-se absurdamente calado e inerte na maior parte do tempo. Faz apenas intervenções cirúrgicas aqui e ali. Já o vocalista é uma matraca com o humor corrosivo próprio de um rockstar. Ainda assim, tem pleno conhecimento de como as coisas funcionam. Briga com o pessoal de apoio por conversar e não nos deixar ouvir, libera mais perguntas no final e acolhe até o mais estapafúrdio dos questionamentos. É o mínimo que se poderia espera de um senhor inglês do alto de sua quinta década de vida.

Os figuras estão no Brasil em turnê de lançamento do seu último álbum, Live in Liverpool, que funciona como arremate de toda a história musical dos homens-coelho. Tocarão em São Paulo, Rio de Janeiro e Alegre-ES (!!!!!), onde o filho do prefeito deve ser fã inconteste da banda.

Questionados sobre a idéia por trás do disco, responderam que o projeto é uma resposta aos fãs do mundo todo, agora que há volume para tanto. Acreditam que não faria sentido lançar um álbum semelhante no primeiro período da banda (até 1987). Ian gostou do resultado tanto pela sonoridade suja quanto pelo momento em que foi capturado. No entanto, ao tratar do DVD do show, foi vago, não aparentando se importar muito. Em todo caso, aventou a possibilidade de uma coletânea de vídeos antigos da banda. Pelo visto, alguém da Warner ainda gosta da gente, concluiu Ian.

Quando alguém mencionou um suposto álbum ao vivo na BBC, os dois pareceram um tanto irritados. Disseram que não sabiam da sua existência. A gente gosta de bootlegs, esclareceu o vocalista, mas não quando é feito pela BBC.

A entrevista prosseguiu com a dupla falando sobre o público. O pessoal das antigas, pensam ele, continua fiel à banda e novas cabeças vêm sendo agregadas. Ian citou a apresentação que fizeram ano passado no Musikaos. O público era todo formado por adolescentes que acabaram cantando junto. Lamentou, porém, que, na Inglaterra, a rapaziada esteja ligada muito mais à cena eletrônica do que ao rock. Mesmo assim, sente-se feliz com o sucesso que bandas como Strokes, Hives e Vines fazem na terra da rainha. Elas estimulam o surgimento de uma nova cena rocker.

Ainda sobre novatos, falou, com satisfação da Coldplay, banda que faz bastante sucesso na Grã-Bretanha. Seus integrantes admitem terem sido muito influenciados pelos Bunnymen. Normalmente, são bandas americanas que nos citam, ressaltou Ian. Agora o Coldplay vem reverter um pouco a história. Comentou também que os guris de Yellow vão participar em uma ou duas faixas do seu próximo álbum solo, a ser lançado ainda este ano. Segundo ele, o disco terá ecos de Transformer, obra-prima de Lou Reed. Sobre a possibilidade de uma participação de David Bowie, respondeu com uma careta. Eu convidaria o Bowie de 1971 se fosse possível.

Indaguei sobre um projeto de inéditas para os Bunnymen, o vocalista respondeu que o grupo deve entrar em estúdio no o final do ano. Até lá, após a turnê de Live in Liverpool, Ian deve divulgar seu disco (Espero vir ao Brasil na divulgação, para fazer shows mais intimistas e acústicos) e Will vai se concentrar em seu projeto paralelo, Glide, com alguns toques de eletrônica. Sobre a distribuição de música pela internet, ambos estão despreocupados. Nas palavras do frontman: não há mal em se fazer uma fita ou copiar um CD para um amigo ou parente [...] isso não nos deve tirar fãs. Pelo contrário, deve trazer mais pessoas para o contato com nosso trabalho.

No final, Ian ainda irritou-se com uma comparação infeliz entre os Bunnymen e o movimento gótico dos anos 80. Prefiro pensar em nosso som como setentista, deixou claro. Somos influenciados por Stooges, Doors e outros nomes da época. [...] nós vestíamos preto porque essa cor parecia nos deixar mais bonitões, mas mudei de idéia na primeira vez que vi o Robert Smith (vocalista do The Cure - primadona dos góticos mundo afora). O cantor também não gostou de ouvir que sua voz, antes trovejante, hoje é apenas um fiapo: A voz ainda está lá [...] talvez você não saiba nada sobre cantar [...] você vai lá hoje? [quarta feira, foi a resposta] ah, então só vou cantar bem hoje.

Por fim, cito um momento de descontração. Ian foi posto em xeque por causa de uma previsão do ano passado. Ele havia garantido que o Brasil não se classificaria para a Copa do Mundo. É, eu achava que vocês não se classificariam mesmo, mas não só se classificaram como pegaram a chave mais fácil. Vão jogar contra quem? Júpiter, Saturno e o Everton? Ah, falando sério, é uma chave muito fácil... China, Turquia e... Everton. Difícil vai ser para a Inglaterra!.

Leia a resenha do show do Echo em São Paulo clicando aqui

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