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Uísque com morfina e outras viagens interplanetárias

No espírito de Kill Bill 2, a coluna do mês sugere buscar o menos óbvio: faixas do primeiro filme que não estão na trilha sonora. Dá pra montar um disco inteiro só com elas. Anote aí:

Omelete Recomenda

  • Music Box Dancer, Frank Mills - cena de Pasadena e o caminhão de sorvetes
  • Armundo, David Allen Young
  • Truck Turner, Isaac Hayes - cena do estacionamento do hospital
  • Seven Notes in Black, Franco Bixie, Fabio Frizzi & Vince Tempera, por Vince Tempera & Orchestra - cena de Buck
  • I Lunghi Giorni Della Vendetta / The Long Day of Vengeance, Armando Trovajoli - a espada atinge a cabeça do pai de O-Ren
  • Il Grande Duello / The Grand Duel, M10, Luis Bacalov - quando O-Ren mata o chefão Matsumoto (bem diferente da versão do disco)
  • Wound that heals (Kaifukusuru Kizu), Takeshi Kobayashi, por Lily Chou-Chou - quando a noiva encontra as espadas
  • I Walk Like Jane Mansfield , The 5.6.7.8s - cena da casa das folhas azuis

Vendendo a Alma

Discos essenciais que um ouvinte de gosto apurado não pode deixar de ter na versão original. Vale até vender a alma ao diabo pra fazer uma aquisição com capinha, encarte e tudo o mais a que se tem direito.

  • Ohio Players - Honey

    Este é para se lambuzar



    Reza a lenda que a modelo chegou a ficar grudada no chão durante a sessão de fotos. Difícil saber qual é a verdade sobre aquela tarde em estúdio no ano de 1975, mas o fato é que a capa de Honey, quarto álbum do Ohio Players, não poderia ser outra senão uma mulher nua coberta de... mel. Muito mais do que causar polêmica entre as americanas feministas da época, a imagem - uma das mais controversas capas daquele ano - traduz toda a sensualidade que permeia a obra desta banda formada em Dayton, Ohio, no final dos anos 1960.



    Os arrepios começam com a faixa-título, que abre o disco. Depois, é só relaxar e se deixar envolver pelos grooves de Lets Do It / Lets Love, pelo sax e as linhas de baixo de Fopp, Sweet Sticky Thing e Alone.



    O grupo terminou em 1982. Talvez sua maior herança seja Love Rollercoaster. A música foi regravada pelo Red Hot Chilli Peppers em 1996 e sampleada por rappers de todas as linhagens nas décadas de 1980 e 1990. Mas o conjunto da obra, no entanto, merece uma atenção especial. Orgasm, Ecstasy, Fire e Pain são nomes de alguns dos outros discos que o Ohio Players deixou para a posteridade. Vale a pena investir. Se não for pela música, que seja pelas capas.
  • Jeff Buckley - Grace

    Bonito que até dói



    Se você ainda não conhece Jeff Buckley, prepare-se para uma mudança na sua vida. Filho do músico genial/maluco Tim Buckley, Jeff foi fruto de um casamento fracassado entre ele e Mary Guilbert. Conheceu seu pai apenas quando tinha 8 anos, em 1975. Poucas semanas depois, Tim morreu em decorrência de uma overdose de heroína, aos 28 anos de idade.



    Jeff cresceu sem aceitar a ausência do pai e encontrou na música um refúgio para suas lamentações. Lapidou seus dons musicais em bares e clubes de Nova York, sempre comparado ao pai, que se tornou uma lenda após a morte prematura e um legado que passa do folk tradicional de Goodbye and Hello até as insanidades jazzísticas de Starsailor.

    Depois de mostrar seu talento e suas composições em um projeto com Gary Lucas intitulado Songs To No One, Jeff foi contratado pela Columbia e gravou seu primeiro álbum oficial, Grace. Lançado no dia 23 de agosto de 1994, imediatamente foi aclamado pela crítica como um dos melhores lançamentos do ano.

    O disco é permeado por lindas canções que falam de espiritualidade, perda, dor e redenção, num clima rock anos 1990. Mas o que diferencia Jeff de todos os outros é que, ao invés do desleixo instrumental e vocal evidente nessa época, o músico apresenta composições e letras profundas em belo e eclético vocal e apurada técnica de guitarra, ingredientes que, juntos, formam uma personalidade musical marcante. Ouça no álbum uma das versões mais arrepiantes de Hallelujah, de Leonard Cohen.

    Tudo isso, por si só, já transformaria Grace em um disco denso e melancólico. Mas a história tratou de cavar um buraco ainda mais fundo. Depois de três anos na estrada entre a América do Norte e a Europa, resolveu pensar no novo álbum. No dia 29 de maio de 1997, contente com o resultado das primeiras sessões, Jeff se deu uma folga e viajou até a marina de Mud Island Harbor, às margens do rio Mississipi. Seu corpo foi encontrado quatro dias depois, reconhecido por um piercing no umbigo. Aos trinta anos, Jeff Buckley repetia o prematuro e trágico final de seu pai.

    Depois disso, ouvir o seu legado ganhou outras proporções. É preciso saber a hora certa de escutá-lo, pois os efeitos causados ao ouvinte podem ser irreversíveis. É mais ou menos como foi explicado certa vez em algum lugar da internet: Ouça Grace ou Last Goodbye de Jeff Buckley usando seu melhor par de fones. Se completar a audição da música sem sentir arrepios, aperto no coração ou nó na garganta, você tem um grave problema de caráter. E tem mesmo!







Farejando o novo

Seção dedicada aos álbuns recém-lançados no país. Abra um espaço na prateleira para...

  • The Zutons - Who killed the Zutons?
    Meia xícara de rock, uma colher de funk

    The Zutons. Você ainda vai ouvir falar muito sobre eles. A não ser que, por mais uma lambança da indústria fonográfica, essa pérola seja desviada para o limbo.






    Formado em Liverpool, Inglaterra, esse quinteto, com média de idade entre 20 e 23 anos, tem empolgado até os mais céticos do rock atual com o seu primeiro álbum: Who Killed The Zutons?.

    Fazendo uma mistura entre o rock tradicional da sua terra (Beatles, Rolling Stones) com o novo rock (Franz Ferdinand, White Stripes) e intervenções do funk e da soul music dos anos 1960 e 1970 (Funkadelic, Prince), os Zutons mostram vigorosas composições que, apesar de transformarem o disco em uma unidade, surpreendem a cada momento devido aos rumos tomados pelas canções, instigando o ouvinte a próximas audições.

    Funciona assim: você aperta o play e se depara, de primeira, com o riff matador e o alto astral do hit Zuton Fever; passa pela segunda, Pressure Point, meio James Brown/meio White Stripes e desemboca no Funkadelic de You Will, You Wont. A quarta, Confusion, é uma balada digna de orgulhar qualquer integrante dos Fab Four. E assim por diante, entendeu? A grande sacada fica por conta da dosagem dos ingredientes, o que transforma Who Killed the Zutons? em um molho muito saboroso para o deleite auditivo.

    Por ter seus integrantes da mesma cidade e dividir selo e produtor, o grupo tem sido comparado ao The Coral. Mas, no som, as semelhanças não são tão evidentes, e surpreendem quem espera um mero clone, com boas composições e ótima pegada. Lançado em abril, só não é o álbum do ano pela concorrência desleal dos lançados em 2004. Mas, o troféu de revelação já tem dono.







  • Twinemen - Twinemen
    Morfina com uísque

    No dia 3 de julho de 1999, a poucos meses de desembarcar no Brasil para shows no Free Jazz Festival, o líder do Morphine (e ex-Treat Her Right), Mark Sandman, teve um ataque fulminante do coração em plena apresentação de sua banda, na cidade italiana de Palestrina.

    Apesar da curiosa formação, que contava com um baixo de duas cordas prodigiosamente afinado (e muitas vezes tocado com um slide), mais bateria e saxofone, seus membros tinham a plena consciência de que se tratava de uma das grandes bandas de rock surgidas nos anos 1990.

    Por isso, quando o coração de Sandman parou de bater, seus companheiros de conjunto, Dana Colley e Billy Conway, não deixaram que a célula musical gerada por ele morresse. Pelo contrário, seu trabalho foi duplicado.

    Primeiro, com o surgimento da Orchestra Morphine, um noneto jazzístico que interpreta músicas de Mark Sandman. Quem já viu ao vivo diz que é emocionante. O mais louco é que os nove se apresentaram no início de setembro passado (isso mesmo, há alguns dias) na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, no festival Tudo é jazz.

    Desse grupo de músicos, uma cantora se destacou como a peça perfeita para uma homenagem mais profunda ao falecido músico. Laurie Sarget se uniu aos dois remanescentes do Morphine e, juntos, formaram um trio com a proposta musical semelhante à bolada por Sandman - o Twinemen, nome tirado de um cartoon do músico falecido.

    Em 2001, no mesmo estúdio usado pelo Morphine, o primeiro e homônimo disco foi concebido, com a ajuda dos músicos Russ Gershon e Evan Harriman (da Orchestra Morphine) e Andrew Mazzone e Stuart Sargent (da Family Jewels e também Laurie Sargent).

    Como não poderia deixar de ser, quando o som começa a rolar a lembrança de Mark Sandman logo surge e permeia o disco todo. Apesar disso, a voz de Laurie, aliada à falta do marcante baixo com slide, traz um clima diferente à banda. Se antes, ouvir o Morphine era claustrofóbico como estar em um bar cheio e enfumaçado, escutar este primeiro álbum do Twinemen traz a mesma atmosfera soturna, mas dimensiona o ouvinte para uma sala vazia de um casarão antigo, cujos únicos móveis são a sua poltrona de veludo e a mesinha que suporta o copo de uísque.

    O mais legal é que, em momento algum, o Twinemen soa como esses projetos caça-níqueis que surgem após a morte de algum líder. Os caras realmente querem manter o espírito de um músico genial admirado pela sua inventividade e, ao mesmo tempo, mostrar novos caminhos musicais, como em Chouse Savage, cantada em francês e com um grande tratamento percussivo. Para os mais saudosos, a faixa três, Golden Hour, exige um certo cuidado, sob o risco do enfartado agora ser você.
















Procurando almas
Álbuns atemporais, que dificilmente chegarão às prateleiras em formato nacional, são tratados com toda a atenção e o carinho que merecem. Esses discos têm lugar de destaque em nossa lista do Soulseek (ou qualquer outro compartilhador de arquivos via internet). A idéia é essa: em vez de gastar R$ 80 na versão gringa, gaste R$ 2 em uma mídia gravável e monte uma trilha sonora de fazer inveja a Tarantino.

  • Galactic - Late for the future
    Viagem interplanetária

    O jazzista Danny Barker uma vez declarou que a música feita em New Orleans era especial devido a apenas um motivo: água. Os pântanos, o rio e o lago que cercavam a cidade seriam os responsáveis por formar uma cúpula de humidade que de alguma forma fazia com que o som se propagasse de forma mais doce pelo ar. Há ainda pessoas que acreditavam nas vibrações espirituais vindas dos mausoléus do cemitério local - elas é que faziam a música produzida ali ser tão encantadora.

    Qualquer que seja a explicação, parece que essa atmosfera ultrapassou a camada de ozônio e atingiu outras galáxias, tocando os astros com uma brisa de soul, jazz e funk. Embora se considere "atrasado para o futuro", o Galactic é o maior responsável por levar a sonoridade de New Orleans ao terceiro milênio. Basta ouvir a mistura de metais com guitarra, sax e o inconfundível Hammond B-3 do último disco do sexteto, Late for the Future, para perceber que, sim - graças à presença de água, ou às boas almas, vai saber - eles chegaram em tempo. Mas não sozinhos: sua musicalidade carrega na alma a bagagem de seus ancestrais. The Meters, Neville Brothers, Chocolate Milk, Alain Toussaint... suas vibrações estão em cada faixa do disco.

    A história da banda remete aos tempos do colégio dos amigos Jeff Raines e Robert Mercurio. Planejando ir à faculdade, a dupla se muda para New Orleans. Em pouco tempo já estava assistindo às aulas. A única diferença em relação aos outros alunos é que o currículo dos dois incluía buscar - e absorver - por todos os cantos da cidade, todo o tipo de funk e soul que eles encontrassem.

    Não demorou muito para que eles cruzassem Theryl Houseman de Clouet, um vocalista que cresceu no cenário musical da cidade participando de jams com os Neville Brothers antes mesmo que eles se tornassem uma banda. Mercurio assumiu o baixo e Raines ficou com a guitarra.

    Era o início dos anos 1990 e Rich Vogel já tinha um Hammond B-3. O encontro com outros "iluminados" veio na seqüência: Stanton Moore na bateria e Ben Ellman no sax. Muitas "gigs" se seguiram até a banda ser convidada para participar de eventos importantes, como o Newport Jazz Festival e o Fillmore, em San Francisco. Black-Eyed Pea, que abre o disco, já dá uma canja do que vem a seguir. Doublewide, Action Speaks Louder Than Words, Two Clowns... todas faixas são uma verdadeira viagem interplanetária. Se gostar - e você vai - corra atrás de Crazyhorse Moongoose, o álbum anterior, que mostra o lado mais jazz da banda. Siga as instruções de Vogel: quando estiver rolando Quiet Please, "apague as luzes, acenda algumas velas e deixe acontecer".










No quintal de Casa
O que há de interessante acontecendo em território nacional.

Aniversários importantes
Este mês, a coluna destaca o aniversário de duas obras díspares musicalmente, mas marcantes cada uma em sua época.

A primeira delas é o disco Embalo, do pianista Tenório Jr.. Considerado um dos músicos mais importantes da bossa nova, trabalhou com nomes como Wanda Sá, Beto Guedes, Milton Nascimento e Edison Machado.

Neste LP, lançado em 1964 (e já disponível em CD), Francisco Tenório Cerqueira Júnior é também arranjador e comanda um verdadeiro dream team do samba-jazz daquela época: Milton Banana (bateria), Rubens Bassini (congas), Sérgio Barroso (baixo), Celso Brando (violão), Neco (guitarra), Pedro Paulo e Maurílio (trompetes), Edson Maciel e Raul de Souza (trombones), Paulo Moura (sax alto), J. T. Meirelles e Hector Costita (sax tenor). Em suma, são 30 minutos de puro deleite instrumental.

Apesar da sua participação em inúmeros discos de artistas nacionais daquela época, Embalo é o único registro solo do músico, que teve um final trágico. Tenório Jr. acompanhava Vinicius de Moraes e Toquinho em uma turnê. Em Buenos Aires, após uma apresentação no Teatro Grand Rex, no dia 18 de março de 1976, retirou-se para o Hotel Normandie, onde estava hospedado. Às três horas da madrugada, deixou um bilhete na porta do quarto de Vinicius: Vou sair para comer um sanduíche e comprar um remédio. Volto logo. Foi levado preso pela rede clandestina da repressão oficial argentina. Recebeu um tiro na cabeça após ter ficado claro o seu não envolvimento com atividades políticas, depois de ser torturado por 9 dias.

O segundo aniversariante é muito mais recente e menos refinado. Mesmo assim, é impossível não destacar sua importância para o desenvolvimento do rock nacional dos anos 1990, tanto para os pequenos selos que surgiam, quanto para o rock alternativo, com uma linguagem legitimamente brasileira.

Há 10 anos nascia o primeiro disco da banda Raimundos e, para falar sobre ele, depois de tanta água que rolou debaixo da ponte dos seus integrantes, nada melhor do que a pessoa que lapidou o som que contagiou tanta gente e abriu tantas portas. A coluna conversou com o produtor e proprietário do extinto selo Banguela, Carlos Eduardo Miranda, sobre a história do disco Raimundos e sua importância no cenário musical do Brasil. Divirta-se!

Você concorda com o que nós dissemos [acima] sobre a importância deste CD na história do rock brasileiro?

Claro que concordo, sem falsa modéstia. Este disco, junto com o primeiro do Skank, do Mundo Livre S/A e do Chico Science e Nação Zumbi, foi importantíssimo para a música nacional da década de 90. Antes, o que estava aí eram o Sepultura e o Ratos de Porão. E eles apareceram para mostrar que tinha uma pá de coisa nova rolando.

Na sua opinião, quais foram os maiores méritos deste primeiro disco do Raimundos?

Cara, é um disco cheio de areia. Barato, descomprometido, sujo, cheio de palavrão e que, mesmo assim, tocou nas rádios.

Como foi seu primeiro contato com a banda?

No início da década de 90, eu trabalhava na Bizz e o [André] Forastieri estava fazendo uma matéria sobre o que estava acontecendo de novo na música, por regiões. Aí todo mundo se perguntou o que acontecia em Brasília e em Pernambuco, mas ninguém sabia. Aí resolvemos colocar que não acontecia nada naquela região, porque sabíamos que se tivesse rolando ia chover neguinho reclamando. Foi o que aconteceu: chegou muita reclamação dos dois lugares. Daí eu recebi umas demos e foi assim. Eles vieram pro Junta Tribo, mas eu não lembro por qual motivo não pude ir e nos desencontramos. Depois o Fred [baterista] veio para São Paulo e ficou hospedado na minha casa. E assim rolou.

Como era a demo? Qual a diferença entre ela e o que se ouve no CD?

Tava tudo ali, só era mais simples. Foi aí que entrou a minha parte, tinha que ter alguém para fazer o preto e branco bem feito. O disco do Mundo Livre S/A [Samba Esquema Noise], a gente fez bem colorido. O do Raimundos foi bem preto e branco.

Você se lembra das datas de gravação?

Lembro sim. Foi verão de 1994. As gravações foram em janeiro e eu mixei o disco todo no Carnaval. Em maio ele já estava no mercado. A partir daí, foi tudo muito lento. A primeira tiragem da Warner foi de 2 mil discos. Não durou nada nas lojas e eles prensaram mais 2 mil. Ficou nesse pinga-pinga até completar umas 40 mil cópias vendidas, uns 2 ou 3 meses depois. Daí eles prensaram 60 mil e foi aquela coisa.

Como foram as sessões? Alguma curiosidade nas gravações?

Cara, tava muito calor. Queimou o ar-condicionado do estúdio e ninguém queria parar; então ficamos trabalhando com um monte de ventiladores e as luzes apagadas. Todo mundo sem camisa, suando muito. E como a sede da Banguela funcionava no mesmo lugar do estúdio, tudo acontecia ali e estava sempre apinhado de gente. Eu praticamente morava ali. Foi um disco na raça.

Já ouvimos muita gente dizendo que o Digão não segurava aquelas guitarras sozinho. Que inclusive nos shows do Raimundos havia um guitarrista meio moqueado fora do palco. Até onde isso é verdade?

Não, ele que tocou tudo direitinho no CD! Ao vivo, depois, eles chamaram o Guiminha para tocar nos shows, mas, acho eu, o motivo dele tocar lá atrás é porque ele tinha umas danças estranhas, eu acho. Não sei bem, mas não houve nenhum intuito de esconder isso de ninguém.

Você, como uma pessoa experiente do mundo do rock, como analisa a trajetória dos Raimundos até aqui? O que achou do último álbum, Kavookavala?

Cara, o Raimundos é uma banda com energia pra caralho, muito forte mesmo, e foram ficando cada vez mais pesados. O Só no forévis foi um disco dedicado à canção mesmo, pro pessoal cantarolar junto e tudo mais. Mas nunca teve uma intenção comercial. O CD Ao Vivo, para mim, foi o auge deles. Aí, o Rodolfo resolveu seguir outros rumos por opção pessoal e acho que o Digão fez um bom trabalho. O Kavookavala é fruto de muito esforço, tanto da banda quanto dos produtores, o Rafael Ramos e eu.

Que banda hoje em dia pode ser considerada o Raimundos dessa década em termos de importância? Existe?

Ah, é muito difícil dizer. Estamos na época da multiplicidade. Mais gêneros rolando, uma coisa muito mais completa.

Tem algum nome que ainda está no limbo em que você aposta?

Visitem o site da Trama Virtual. Eu que seleciono as bandas da seção Destaques. Tem muita coisa boa lá.

O que você tem ouvido ultimamente? Recomende aí algumas bandas pra galera.

Eu ouço muita coisa. De Moacir Santos a Felix Da Housecat e Black Strobe. Curto de alt-country como The Hanson Family até disco punk como Liars e Dance Disaster Movement. Me amarro também em soft rock, tenho ouvido muito o homônimo da Girl Called Eddy. Electro-punk alemão também é muito bom, Erase Errata, por exemplo. Muita coisa: Boards of Canada, Danko Jones, Dizzee Rascall, Chicken Lips, os primeiros EPs do Go Chains, The Elected, Hot Hot Heat... tenho ouvido muito o disco do vibrafonista do Lambchop, Paul Burch, Fool for Love, ele mistura uma coisa meio Elvis com Roy Orbison. Acho que já dá pra se divertir bastante...

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