Djavan lança 25º álbum para dar esperança e cobra luta pela democracia no Brasil

Créditos da imagem: Divulgação

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Djavan lança 25º álbum para dar esperança e cobra luta pela democracia no Brasil

Cantor tentou esquecer pandemia para compor 12 músicas inéditas e vê país em risco antes de eleições deste ano

Omelete
4 min de leitura
12.08.2022, às 10H25.

Quase quatro anos depois de seu último álbum de inéditas, Djavan está de volta e “djavaneando” (como diria Caetano) como nunca. O singular artista alagoano lançou seu 25º álbum com o singelo nome de D, como se estivesse assinando toda sua carreira em um único disco. Não estranhe se ao ouvir o álbum pela primeira vez (ele já está em todas as plataformas de streaming) você se sinta em casa voltando para a casa da avó quando criança, quase uma sensação de “isso é novo, mas parece que já ouvi”. É um disco que soa fresco e saudosista ao mesmo tempo. E o próprio explica que foi exatamente essa a ideia.

“Eu geralmente monto uma banda, entro em estúdio, gravo um disco e com essa mesma banda eu vou para a estrada. Dessa vez eu quis fazer diferente”, disse Djavan em entrevista ao Omelete. “Eu quis trazer a maioria dos músicos que sempre trabalhou comigo, para dar a diversidade de gênero que eu sempre trago nas minhas músicas, uma diversidade sonora também, de vibe, de atmosfera. É por isso que causa essa impressão, que é real.”

Esperança

Além dessa diferença na confecção do álbum, Djavan também quer dar esperança com a músicas que estão em D. Ele contou que usou o último ano para criar sua arte de uma forma em que os problemas que o país e o mundo passaram na pandemia de Covid-19 ficassem de fora. Quem domina as letras é o amor em todas as suas formas, os correspondidos ou não, os platônicos ou reais, os românticos ou familiares. “Foi quase como abrir as comportas de uma represa, porque eu estive recluso como todo mundo, tentando se proteger ao máximo.”

“Em junho de 2021, eu comecei a compor esse disco novo. De outubro a janeiro eu gravei (a parte instrumental) e fui para a minha casa de praia para escrever as letras. O clima solar de lá combinava com o meu objetivo de fazer um disco cheio de esperança, para trazer otimismo para todo mundo, pensar e construir um futuro melhor”, contou o cantor de 73 anos. “Eu pude sair daquele obscurantismo com alegria, com esperança, tentando passar essa mensagem de felicidade.”

Ele também buscou essa esperança dentro de sua própria família. Pela primeira vez ele gravou uma música com filhos e netos, a faixa "Iluminado", que fecha o álbum e tem um nome auto-explicativo. “Foi a primeira vez em que registramos nossos encontros no sítio, em casa para cantar e tocar e eu queria muito fazer isso.”

“Aí fiz essa música com mensagem de otimismo, uma música solar, ela foi escrita na praia. Eu queria trazer essa mensagem junto com todos eles, mandar essa mensagem de felicidade e esperança. Esse encontro me causou uma grande alegria e foi feliz para todo mundo.”

Luta pela democracia

Mas não achem que esse é um álbum completamente alienado com os problemas atuais. A faixa "Beleza Destruída" tem um papel duplo: o primeiro é alertar para os desmatamentos das nossas florestas nativas e a morte dos povos originários. O segundo é corrigir um erro que o próprio Djavan diz ter na carreira – até agora. É a primeira vez que ele grava com Milton Nascimento, que coincidentemente está se aposentando dos palcos.

“É um momento de reflexão no disco. Tinha que ter. E ela não é triste, ela é densa. Essa reflexão faz parte do processo de felicidade que estamos buscando, de construção de um futuro promissor. Até por isso chamei o Milton, que também é uma pessoa preocupada com essa temática. Também pagamos uma dívida de nunca termos gravado junto (risos) nesses anos todos.”

Djavan ainda aproveitou para fazer um alerta sobre a eleição para presidente este ano. Ele fez questão de declarar seu voto em Lula e acredita que o que está em jogo é a democracia brasileira. “O que se tá buscando agora é votar na democracia, a gente precisa fazer com que nosso voto represente um posicionamento sobre a manutenção do Brasil em uma democracia plena, total e irrestrita. E acho que a maioria dos artistas e estão vendo isso também.”

“Eu sempre votei no Lula e vou votar no Lula de novo”, cravou. “Acho que nos últimos anos, o povo brasileiro perdeu um pouco dos valores fundamentais, que formam nossa personalidade e nossa identidade. Acho que a gente tem que voltar a valorizar a dignidade, a ética, valorizar a verdade. Chega de mentira, chega de fake news. Todo mundo está começando a sentir essa necessidade. A realidade da vida é essa. Precisamos voltar a ficar conectados com a verdade.”

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