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Crítica

U2 - Songs Of Experience | Crítica

U2 evidencia sua influência na música em ótimo álbum

01.12.2017, às 12H53.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Songs Of Experience chegou com um ano de atraso. Idealizado como uma sequência ao último álbum Songs Of Innocence, lançado em 2014, e que buscava retratar a infância do grupo, o novo trabalho pretendia demonstrar o U2 amadurecido, após anos de “experiência”. Mas segundo o grupo, o mundo mudou tanto desde o primeiro capítulo, que o atraso foi inevitável. A banda de Bono retrabalhou o que tinha no estoque para refletir o novo mundo: um lugar pós Brexit, e liderado por Donald Trump, temas que combinaram bem com o que já era planejado.

Retrabalhar o álbum foi a melhor coisa que o U2 poderia ter feito. O novo disco está muito à frente do último que o conjunto entregou. Com uma produção mais sólida, Songs Of Experience demonstra o o talento do rock do grupo irlandês, que entregou músicas mais pesadas, pegajosas e relevantes do que no primeiro capítulo.

O álbum abre com a sentimental “Love Is All We Have Left”, a única faixa em que a produção erra a mão e solta vocais cheios de auto-tune ao fundo, que se perdem sem motivo. Mas depois o disco melhora muito; a segunda música “Lights Of Home” tem uma melodia ótima, e é definitivamente uma das melhores do álbum. A faixa ainda ganhou uma versão com orquestra excelente, “St. Peter’s String Version”, que é uma das melhores composições lançadas pelo U2 nesta década.

Depois disso, o single “You’re The Best Thing About Me” exemplifica o espírito do U2 que o mundo conhece e não tinha atingido seu melhor em Songs Of Innocence. As seguintes fortalecem ainda mais o poder da banda: a tríade “American Soul”, “Summer of Love” e “Red Flag Day” são o auge do álbum. Além de ganchos cativantes, elas tocam no político de um jeito poético e certeiro. “American Soul” fala sobre refugiados e mentiras políticas, simbolizando bem a música do U2 para a era Trump.

Durante todo o disco, um fator é evidente: a influência do U2 na música atual. Faixa por faixa, o grupo se assemelha a muitas sonoridades que estão em alta hoje, do pop ao rock: dá pra ouvir Coldplay, The Killers e até Taylor Swift (“Get Out Of Your Own Way” poderia ter sido gravada na voz da popstar). Mas nada soa descolado da som que a banda sempre apresentou, comprovando que o que o U2 desenvolveu nos últimos 30 anos continua relevante. “Songs Of Experience” é uma prova de que o grupo de Bono ainda reina, e que seu legado para a música é inegável.

O fim do disco, bem exemplificado por “The Blackout” e “Ordinary Love”, é grandioso e traz uma produção mais semelhante ao predecessor, e  por isso perde um pouco o ritmo, amenizando a predominância de guitarras. O trabalho, no entanto, não perde a coesão, baseada principalmente no tom das letras de Bono. “Songs Of Experience” é um álbum otimista em todos os sentidos; até quando critica o mundo, os temas buscam deixar claro que o amor é maior que a desesperança. O ápice da tese chega em “Love is Bigger Than Anything In Its Way”.

Ter parado para tomar tempo e retrabalhar as faixas foi uma ótima ideia. “Songs Of Experience” é um sucesso do U2 em todos os sentidos: eles conseguiram entregar um álbum que reflete o melhor pop e rock que a banda sabe fazer, com as letras politizadas que Bono gosta, e que exemplifica perfeitamente a importância que os irlandeses tiveram para a música. 

Nota do Crítico
Ótimo

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