Já faz um tempo que James Mercer vem transformando aos poucos o som do The Shins. Em Port Of Morrow a mudança foi radical em relação aos primeiros álbuns da banda, com uma pegada mais leve, mais orientada ao pop e com a inserção de muitos elementos eletrônicos sinalizando que os rumos estavam mudando.
Funcionou, o som do The Shins manteve sua essência, mas ganhou elementos que ajudaram a catapultar intenções ainda escondidas em Wincing The Night Away (e a clara intenção de ganhar mais mercado). Agora, com Heartworms, a banda continua no mesmo caminho e aproveita para intensificar mais sua veia pop.
A primeira faixa, "Name For You", é ensolarada: alegre, rápida, com uma batida marcante que remete aos trabalhos mais recentes do The Strokes, parece uma trilha sonora perfeita para um churrasco. Aí você se pergunta se ainda são os mesmos The Shins de “Oh Inverted World” ou “Chutes Too Narrow” e se surpreende positivamente. Desde 2007 a banda vem invertendo o peso do rótulo indie-pop. Agora menos indie e cada vez mais pop. No caso deles, a mudança tem vindo para melhor. Heartworms é um excelente álbum.
"Fantasy Island" e "Mildenhall" mostram Mercer enfrentando dilemas com sua auto-estima com uma dose de melancolia, mas a auto-penitência não dura muito e "So Now What" enaltece o casamento e o futuro que vem junto com ele, com uma boa dose de otimismo e orgulho de quem conquista uma grande realização pessoal. Ou seja, “good vibes”. E elas estão o tempo todo temperando o disco com vocais à la Beach Boys e elementos pop que colorem e agitam o som numa mistura moderna e despretensiosa.
Para os fãs mais antigos pode demorar um pouco mais pra descer, mas Heartworms recompensa o esforço e se revela um dos discos mais completos e criativos do The Shins, coroando a condução (e a ousadia) dada por Mercer e confirmando que, às vezes, grandes mudanças são para melhor. Ouça o álbum na íntegra.
