Música

Crítica

The Mediator Between Head And Hands Must Be The Heart – Sepultura | Crítica

Lenda do metal brasileiro volta com álbum inspirado no clássico Metropolis

09.11.2013, às 14H32.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Após dois anos desde o lançamento de Kairos, o Sepultura está de volta com The Mediator Between Head And Hands Must Be The Heart, seu décimo terceiro álbum de estúdio. Produzido por Ross Robinson, que trabalhou no multiplatinado Roots, The Mediator... é o primeiro disco da lendária banda brasileira a ser gravado nos EUA desde Against, lançado em 1998.

Segundo o guitarrista Andreas Kisser, tanto a frase que dá nome ao álbum como a temática das letras foram inspiradas no filme Metropolis, clássico de 1927, dirigido pelo austríaco Fritz Lang. O disco, entretanto, não é um trabalho conceitual como os recentes Dante XXI (baseado na Divina Comédia, de Dante Alighieri) e A-Lex (baseado em Laranja Mecânica, de Anthony Burgees).

"Trauma Of War" abre o álbum com uma introdução que une todas as faixas em uma só. A miscelânea sonora logo dá lugar a inspirados riffs de guitarra, que mostram um Sepultura thrash como há tempos não se via. Andreas sequer sola nos pouco mais de 3 minutos da faixa, que entra para o hall das melhores aberturas de toda a discografia da banda.

"The Vatican" começa com sinos, orquestrações e corais, criando um ambiente de igreja, propício a temática da música. Aqui Andreas critica o alto escalão da Igreja Católica em uma letra raivosa, interpretada de maneira soberba por Derrick Green. Assim como em "Trauma Of War", Eloy Casagrande apresenta seu cartão de visita e mostra o porquê de ter sido escolhido para ingressar no Sepultura. O baterista, por sinal, é um capítulo a parte em The Mediator....

Em seu primeiro registro de estúdio com a banda, Eloy impressiona com uma performance digna de um veterano. O metal não é novidade para Eloy, considerando seu trabalho com o vocalista Andre Matos (ex-Viper, Angra, Shaman), mas o jovem de apenas 22 anos parece ter achado o seu lugar no Sepultura, formando uma cozinha de primeira linha com o baixista Paulo Jr.

A partir da terceira faixa, a banda começa a revisitar o seu passado mais recente. "Impending Doom" e "Tsunami" mostram um Sepultura mais cadenciado, arrastado. Ambas entrariam facilmente em A-Lex ou Kairos. "Manipulation Of Tragedy" e "The Bliss Of Ignorants", por outro lado, apresentam percussões que remetem ao clássico Roots, disco que consagrou comercialmente a união da música brasileira com o heavy metal.

Em "Grief", Andreas fala sobre o trágico acidente ocorrido em janeiro de 2013, que matou mais de 200 jovens, na boate Kiss em Santa Maria (RS). Como não poderia ser diferente, a faixa tem um tom bastante melancólico. Derrick canta com uma voz limpa em meio ao dedilhado de Andreas na guitarra, até que a música se transforma, explodindo no refrão. Certamente um dos grandes momentos de “The Mediator...”.

"The Age Of The Atheist" foi a primeira amostra do trabalho divulgada pela banda na internet. A faixa é a mais experimental do disco, mostrando um flerte com o metal moderno. Já "Obsessed" traz como grande destaque a participação de Dave Lombardo (ex-baterista do Slayer), em uma jam com Eloy, numa espécie de troca de bastão entre a nova e a antiga geração do heavy metal. "Da Lama Ao Caos", cover de Chico Science & Nação Zumbi, fecha o álbum com Andreas nos vocais em um tributo aos pais do Manguebeat.

Com The Mediator... o Sepultura enfim consegue se desfazer das amarras do passado, em um disco que mistura elementos tradicionais a um frescor moderno. O resultando é uma obra coesa, autêntica e definitiva na era pós-Max Cavalera.

Nota do Crítico
Bom

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