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Música
Crítica

The Mars Volta - Noctourniquet | Crítica

Com canções mais acessíveis, grupo atinge êxito em sua reinvenção

FS
27.03.2012, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Nos últimos cinco anos, The Mars Volta demonstrou uma peculiar consciência do efeito que cada parte de sua discografia tem sobre seus ouvintes. O grupo parece ter planejado cada um de seus últimos lançamentos com base nas reações que receberam, procurando contrariar as expectativas (muitas vezes exageradas) dos fãs, e ainda assim surpreender com um produto melhor do que o esperado. Em seu sexto trabalho de estúdio, Noctourniquet, tal planejamento foi provavelmente o mais bem calculado até então e, consequentemente, o que mais surtirá efeito. Após seu mais longo período sem qualquer material inédito, o Mars Volta finalmente teve êxito em mudar seu som de forma a surpreender e agradar, em medidas iguais.

Se o terceiro álbum da banda (Amputechture, 2006) aperfeiçoou ao máximo o rock progressivo pelo qual ficaram conhecidos, evitaram se encurralar na mesmice com The Bedlam In Goliath (2008), que adotou um estilo muito mais pesado e direto. Apesar da boa aceitação crítica a essa mudança, outro trabalho com a mesma sonoridade seria redundante; logo, seu álbum seguinte (Octahedron, 2009) foi anunciado como "acústico" pelo guitarrista e compositor Omar Rodriguez-Lopez. No entanto, Octahedron foi considerado uma (curta) coleção de músicas ocasionalmente inovadoras, mas cujos melhores momentos nem se aproximavam de ser tão memoráveis quanto aqueles de discos anteriores. Tendo em vista essa recepção relativamente negativa, The Mars Volta procurou uma verdadeira reconstrução sonora em Noctourniquet.

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De acordo com o cantor e letrista Cedric Bixler-Zavala, uma de suas principais inspirações foi o krautrock, gênero musical que predominou na Alemanha do começo da década de 70, em que artistas buscavam criar um rock que fugisse das estruturas comuns e minimizasse as influências do blues americano. Essa inspiração está aparente em todo o álbum, na maneira em que sua instrumentação ora abandona quase por completo o que se esperaria do The Mars Volta, ora parece outro artista fazendo uma interpretação da banda. Primeiramente, a guitarra de Rodriguez-Lopez tem um papel muito menor em Noctourniquet do que tinha no passado, com a função principal de dar textura às canções, ao invés de conduzi-las. Ela se eleva apenas em momentos de maior impacto, em que divide a atenção com sintetizadores - estes últimos, empregados de forma bem ampla por todo o álbum.

No entanto, pela maioria das músicas, o que predomina é a seção rítmica (comandada por Deantoni Parks e Juan Alderete), sempre acompanhada pelos vocais de Bixler-Zavala - agora discerníveis e livres dos efeitos de distorção robóticos que irritavam muitos fãs de alguns anos para cá. Onde anteriormente havia arranjos épicos e multi-estruturados, foi adotado um foco em ritmos e melodias. É essa alteração que faz Noctourniquet cumprir sua meta krautrock, e permite que as composições de Rodriguez-Lopez e Bixler-Zavala sejam vistas de um ângulo diferente, expondo e expandindo uma riqueza raramente vista antes.

Algumas canções, como "Dyslexicon" e "Molochwalker", relembram o Mars Volta do passado, mas somente num nível superficial, como releituras sucintas daquele estilo, não pecando em qualidade quando comparadas. Merecem mais destaque os momentos em que o grupo se diversifica, como no uso de ritmos "errantes" em "The Whip Hand", "The Malkin Jewel" e "Lapochka". Também é notável a maneira que faixas como "In Absentia", "Noctourniquet" e "Zed And Two Naughts" conseguem ter uma progressão lenta e natural, porém não se encaixam, necessariamente, no rótulo de "rock progressivo". A quantidade de baladas (ou semi-baladas) irá desagradar alguns ouvintes, e exigem uma certa paciência para serem apreciadas, mas enriquecem o disco quando este é escutado do começo ao fim. Ademais, "Empty Vessels Make The Loudest Sound" pode muito bem ser a melhor balada já composta pela banda.

Seja analisado como um todo ou faixa por faixa, o tracklist de Noctourniquet rivaliza qualquer um dos melhores discos do Mars Volta, ao mesmo tempo em que é o mais acessível de todos. O intervalo maior entre as gravações estúdio, combinado com uma nova motivação para evoluir de forma significativa, resultou na obra que era necessária para o Mars Volta progredir, enfim, na medida em que seus fãs esperavam e ainda surpreendê-los. Independentemente de qual reinvenção esta seja em sua carreira (primeira, segunda, ou terceira, dependendo dos critérios de análise), é certamente a mais completa e bem-sucedida. Para qualquer artista, já seria um feito notável; para uma banda que já mudou tanto quanto esta, é extremamente recompensante.

Nota do Crítico

Bom
Fernando Scoczynski Filho

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Sucesso

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