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Crítica

Fall Out Boy - Mania | Crítica

Banda continua arriscando e acerta em alguns hits

22.01.2018, às 09H16.

É normal que as bandas do começo dos anos 2000, que surgiram na era do pop punk e emo, se reinventem. As que não sumiram de vez, passaram por turbulências, mudaram de formação e continuam na ativa, mas a sonoridade da moda do começo do novo milênio simplesmente não existe mais. Elas são relembradas com nostalgia e ainda vivem com força no coração de quem cresceu junto, mas continuar no sofrimento do punk moderno ficou datado e realmente já não faz mais sentido hoje.

O Fall Out Boy é uma daquelas bandas que resistiu firme e segue até hoje, mas caminha na empreitada de reinvenção, em uma estrada que não foi tão fácil. A banda de Illinois fez sucesso principalmente com hits como “Sugar, We’re Going Down” e “This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race”, mas desde a volta de um hiato que durou de 2008 a 2013, o grupo experimenta com outros gêneros, tentando se encontrar. O seu novo álbum, MANIA, é um exemplo disso, com o conjunto trazendo um pé profundo no EDM.

MANIA já foi um álbum complicado de lançar. Previsto para setembro de 2017, a banda diz que na época o disco não estava satisfazendo os próprios membros, então eles tomaram mais alguns meses para produzir algo que agradasse. O guitarrista e vocalista da banda Patrick Stump falou a Billboard que o resultado agradou, “esse é o primeiro álbum que eu gosto de tudo”.

Mas o sétimo álbum revela uma banda ainda com dificuldades de se encontrar: se por um lado as letras continuam falando sobre as dificuldades de se encaixar, território familiar para o letrista Pete Wentz, a mistura entre o estilo raíz do Fall Out Boy com um som tão contemporâneo resulta em um clima instável. MANIA soa como se Fall Out Boy tentasse seguir o caminho do Maroon 5, assumindo de vez a vontade de tocar na rádio. Mas nesse quesito ele funciona: hits como "Champion", "Hold Me Tight Or Don’t" ou o último single, "Church", são contagiantes.

O álbum abre com a simpática “Young And Menace”, um ótimo exemplo da posição em que o Fall Out Boy se encontra, até na sua primeira frase: “Nós fomos muito rápido por muito tempo e nunca fomos predestinados a chegar tão longe". A música empolga, até em seu refrão bem tecno, e pode desagradar os fãs da guitarra da banda que ficou pra trás. Mas para quem topa ouvir a reinvenção da banda, a música funciona. O mesmo serve para o single “Hold Me Tight Or Don’t” e a próxima “The Last Of The Real Ones”.

A segunda parte do álbum é mais tranquila e dá para respirar mais aliviado depois de tanto efeito das primeiras cinco músicas. “Wilson (Expensive Mistakes)” já traz o lado mais manso e deve cativar os fãs das antigas. Até na letra, “I’ll stop wearing black when they make a darker color” ("Eu vou parar de usar preto quando inventarem uma cor mais escura")  relembra o começo dos anos 2000. A faixa segue para uma das melhores de MANIA, “Church”, onde a banda soa como uma versão mais pop de Muse e se encontra melhor em seu som.

No fim das contas, MANIA é uma boa tentativa do Fall Out Boy de se manter relevante. O caminho inevitável que a banda tomou é arriscado e, como muitas outras, deve deixar muito fã para trás. Mas é melhor tomar riscos e acertar entregando hits do que viver no passado. 

Nota do Crítico
Bom

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