Cordel do Fogo Encantado fala do retorno: "Nenhum grupo nos substituiu"

Créditos da imagem: Julia Franco Braga/Divulgação

Música

Entrevista

Cordel do Fogo Encantado fala do retorno: "Nenhum grupo nos substituiu"

Lirinha falou ao Omelete sobre os shows de 2019

14.02.2019, às 15H59.

Um dos maiores movimentos musicais de 2018 foi o ressurgimento de uma das bandas mais marcantes do cenário musical do início dos anos 2000. O Cordel do Fogo Encantado, banda com uma sonoridade única que havia aparecido em 2001, anunciou seu retorno ao estúdio e ao palco, e registrou a volta com o belo álbum Viagem ao Coração do Sol. A personalidade cênico-musical do grupo pernambucano agora vem à São Paulo, em shows que comemoram 20 anos de banda. 

Nesse contexto, o compositor principal Lirinha conversou com o Omelete sobre a reunião após tanto tempo, como é levar o repertório antigo ao palco e como é feito o espetáculo audiovisual da banda hoje em dia. 

Antes de mais nada, queria entender um pouco melhor o retorno de vocês, depois de quase dez anos de hiato. O que impulsionou a volta?

Algumas coisas se somaram e impulsionaram o retorno. O entendimento de que a proposta estética musical da banda é única e que nenhum grupo ou artista substituiu. A força da reunião musical que fizemos pra gravar uma música inédita pra um filme enquanto estávamos no hiato. A vontade de participar com o Cordel do Fogo Encantado desse novo mundo alterado pela internet. E por fim, o desejo de fazer um show em homenagem a Naná Vasconcelos.

O Brasil está completamente diferente do que era em 2010. Como que as mudanças se refletem em novas composições? As inspirações vem do novo cenário nacional?

A inspiração vem do que estamos vivendo, nossas ilusões e desilusões. Buscamos fazer uma música que nasce dos nossos sonhos.

O país mudou em muitos sentidos, mas imagino que na carreira de uma banda nacional a mudança da indústria também seja bem forte. Como vocês vem o cenário musical nacional naquela época e agora? 

Mudanças nas estruturas das profissões sempre acontecem, algumas mais radicais como a que vivemos agora com as plataformas de consumo musical e divulgação. Mas uma banda é forte quando entende as mudanças e tem humildade pra aprender também com os mais novos. 

Como foi o processo de composições no novo álbum? Em que estágio do disco Fernando Catatau entrou para o projeto? O que ele influenciou?

Catatau participou de quase todo o processo depois que as músicas foram compostas e escolhidas. Desde os ensaios em Recife, as gravações em São Paulo, a mix em Fortaleza e a finalização do álbum. Nos ajudou em todos os aspectos. Produtor perfeito pro retorno do Cordel, incrivelmente talentoso e duma inesquecível honestidade no que pensa, no que diz e no que faz.

É curioso que mesmo depois de tanto tempo, Viagem ao Coração do Sol continua com a sonoridade peculiar que vocês tem. O que você sente que é sempre presente nas composições e arranjos? O que faz o som de vocês tão único?

É a mesma instrumentação da origem da banda. Base percussiva, um instrumento harmônico (violão) e sons pré gravados, na zona de fronteira entre a poesia e a música. Naná nos lembrava sempre que a banda apareceu com diferenças importantes, que a nossa estranheza era força. Uma das primeiras críticas nacionais que recebemos dizia que éramos AntiPop. Uma banda sem baixo, guitarra, nem bateria, mas que frequentava os principais festivais de rock do país. Não pensamos isso quando montamos a banda, eram os instrumentos que tínhamos na hora, mas depois assumimos como marca. 

Vocês são conhecidos pelo espetáculo criado ao vivo, o que vocês prepararam para os shows da Viagem ao Coração do Sol? Como tem sido a recepção dos fãs ao vivo?

Sim, o mais importante pra banda é o espetáculo ao vivo. Até o nome do grupo nasceu de um espetáculo que montamos no sertão de Pernambuco. Nessa nova turnê: Viagem ao Coração do Sol, além da iluminação especial, com luminárias produzidas pelo grupo, cenário também construído pelos integrantes, ampliamos pra projeções mapeadas e viajamos com uma equipe criativa comandada por Jatlyles Miranda na luz e Gabriel Furtado no mapping. Também essa turnê conta com a participação especial da cantora Isadora Melo.

Como é tocar músicas de quase 20 anos atrás no palco? 

É uma mistura de memória com nova mensagem. Uma história antiga que é contada num tempo novo.

Vocês tem ouvido algumas bandas novas nacionais? Se sim, quais?

Não dá pra citar todas as novidades que escutamos. Cada integrante um universo. Viver música no Brasil em 2019, é viver novidades quase diárias. E não mais álbuns e sim músicas soltas, músicas/projetos especiais. A força do rap e suas variações, a música instrumental, os movimentos do interior do país, as novas vozes, as novas compositoras.

Já existe previsão para um novo lançamento? Como é o projeto de 2019 para vocês? 

Faremos o planejamento da tour Viagem ao Coração do Sol até o fim de Julho e depois alguns shows especiais de comemoração dos 20 anos do CFE até o início de 2020.

SERVIÇO - Cordel do Fogo Encantado

Dias 15, 16 e 17 de fevereiro, sexta e sábado às 21h30, domingo às 18h30
Local: Comedoria do Sesc Pompeia 
Ingressos: R$9 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$15 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira).
Venda online no site oficial do Sesc
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 6 de fevereiro, quarta-feira, às 17h30.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.