Black Label Society em Curitiba 2011
Zakk Wylde cumpre com as expectativas dos fãs, apesar de alguns problemas técnicos
Três anos atrás, quando o Black Label Society se apresentou pela última vez no Brasil, seu líder Zakk Wylde ainda era guitarrista de Ozzy Osbourne, e a banda fez um curto show de abertura para o Príncipe das Trevas. Agora, após uma reformulação nos músicos que acompanham Osbourne, Wylde está totalmente dedicado ao BLS, e veio à América do Sul para uma turnê completa.
Foto: Taiz Dering
Foto: Taiz Dering
Foto: Taiz Dering
Foto: Taiz Dering
O primeiro show na passagem da banda pelo Brasil foi em Curitiba, no Master Hall, na última sexta-feira, 12 de agosto. O grupo subiu ao palco com poucos minutos de atraso. A chegada do vocalista, adornado por um gigantesco cocar indígena, e o riff de de "Crazy Horse", já foram suficientes para deixar a platéia em êxtase. A faixa que abre o último disco de inéditas da banda, Order of the Black (2010), com seu refrão simples "Oh, I am, crazy horse, I am", funcionou perfeitamente como abertura.
Quase sem pausa entre as músicas, seguiram para as ótimas "Funeral Bell" e "Bleed For Me", deixando claro o peso que predominaria naquela noite. Apesar de terem lançado recentemente o disco de versões acústicas The Song Remains Not The Same, nada dele foi tocado em Curitiba. O grupo focou principalmente em Order of the Black, com cinco faixas daquele disco escolhidas para o setlist de 14 músicas. Com sete álbuns de estúdio, é claramente difícil representar os melhores momentos de cada um, mas a banda fez um esforço honrável para incluir o máximo possível em uma hora e meia de show.
Considerando o entusiasmo constante da plateia, parecia que ninguém estava ligando muito para o repertório que ficou de fora. A multidão, vestida (obviamente) quase toda de preto, mostrou seu fanatismo durante toda a noite. O Black Label Society pode não ser tão famoso ou reconhecido como outras bandas de metal que passaram recente pelo Brasil (como, por exemplo, Slayer), mas seus fãs trazem uma dedicação acima da média. Todos os refrões foram cantados com muita energia pelo público curitibano, que em alguns casos até vocalizava os riffs de guitarra de Wylde. Era quase impossível encontrar alguém na pista que mostrasse algum sinal de cansaço.
Os músicos responderam a esse entusiasmo na mesma medida. Zakk Wylde demonstrou, além de uma tremenda presença de palco, muito carisma toda vez que se dirigiu à plateia. Quem acompanha o músico em seu Twitter pode observar que ele trata os fãs como uma família, e não foi diferente em Curitiba. Também foi notável a forma com que o guitarrista Nick Catanese e o baixista John DeServio constantemente se aproximavam da beirada do palco, interagindo com o público.
É uma pena que o grupo escolheu tocar tão pouco material de seu primeiro álbum, Sonic Brew, cujo som influenciado pelo rock sulista americano ainda fica em contraste com o resto do repertório do grupo. A sua única representação do disco no setlist, "Born To Lose", foi justamente o momento que iniciou a sequência de maior variedade sonora da noite. A balada "Darkest Days", com Wylde no teclado, deu uma merecida pausa nas músicas pesadas, marcando uma bela transição para "Fire It Up", uma das poucas canções propriamente rock do show. Esta foi encerrada com um solo absurdamente longo de Wylde - quase 10 minutos -, que arrancava aplausos e urros daqueles próximos ao palco, mas fazia os mais distantes procurarem um lugar para sentar ou comprar uma bebida. Após uma volta ao metal implacável com "Godspeed Hellbound", a bonita e relativamente calma "The Blessed Hellride" foi bem recebida com unanimidade.
Mesmo que o setlist tenha favorecido as músicas pesadas em detrimento da variedade e versatilidade criativa do grupo, não há dúvidas quanto à execução das composições pelos quatro integrantes: todas, sem exceção, são tocadas quase perfeitamente. Infelizmente, a qualidade do som da casa não estava apta a representar adequadamente essa performance. Enquanto o volume era suficientemente alto em todos os pontos do Master Hall, a nitidez deixava muito a desejar para aqueles que não estivessem diretamente na frente do palco. É irônico que justamente na área VIP da casa, localizada na sua seção superior, ficava quase impossível distinguir as palavras do vocalista entre as batidas da bateria.
Apesar desses problemas, e do show curto (apenas 1h30 de duração), o Black Label Society com certeza conseguiu satisfazer seus fãs. O grupo pode não trazer inovações ou surpresas para o gênero do metal, mas cumpriu com todas as expectativas daqueles que estavam presentes, e é energizante ver um público ser recompensado por toda sua fidelidade.