Música

Entrevista

BaianaSystem e Francisco El Hombre conversam com o Omelete sobre suas sonoridades marcantes

Grupos dividem o palco com o soundsystem soteropolitano, MiniStéreo Público, nesta sexta (22)

22.06.2018, às 11H46.

Não foi hoje que o BaianaSystem conquistou o seu lugar ao sol. Na estrada desde 2009, o grupo rompeu as fronteiras sonoras do Brasil e é destaque em todo o território nacional graças a uma ideia musical e artística original e dançante. E quando falamos de ideias originais outro nome nacional que salta aos olhos e ouvidos é o do grupo Francisco El Hombre, que com seis anos de estrada tem quebrado barreiras ao misturar a sonoridade latina à musicalidade brasileira. Mas o que estes dois grupos têm em comum?

BaianaSystem e Francisco El Hombre são as atrações da 19ª Sexta-Básica, que acontece na próxima sexta-feira (22) em São Paulo. O evento ainda conta com a presença do MiniStereo Público, a primeira equipe de som de Salvador especializada em reggae, dub, ragga, dancehall e jungle, que irá complementar a noite de música.

O encontro dessa diversidade sonora acontece como parte da proposta da Sexta-Básica que de acordo com o agitador cultural e pesquisador musical da festa, Thiago Costa, tem o objetivo de ser uma plataforma musical que realiza festas, shows e eventos de rua, sempre com encontros e formações inéditos e/ou inusitados, algo que condiciona os organizadores a buscar informações e experiências diferente no entretenimento. “Escolher os artistas para cada edição [e encontrar o espaço ideal] é uma tarefa difícil e deliciosa. A Sexta-Básica tem a alegria e responsabilidade de levar a fama por grandes encontros inusitados como Baby do Brasil e Otto, Gil e Ney, Alceu Valença e Mariana Aydar, Pepeu Gomes e Manoel Cordeiro, e é assim que nos esforçamos para continuar”.

Essa vontade de viabilizar o inusitado coloca em destaque o encontro de grupos como o Baiana e Francisco El Hombre, algo 100%  justificado pela ideia e entrega sonora peculiar dos dois grupos.

Sobre o som produzido pelo BaianaSystem, Russo Passapusso, integrante do grupo, afirma que grande parte da proporção que a música deles tem hoje está ligada ao tempo de maturação de um trabalho feito a longo prazo. “[...] acredito muito na arte que respira com o tempo necessário para ser absorvida”, complementa.

Já os ritmos e a intensidade latino-americana das faixas da Francisco El Hombre é justificada pelo baixista Rafael Gomes como o fruto da vontade compartilhada pela banda de “viver tudo ao mesmo tempo e ao máximo possível. A mistura de timbres e ritmos tem a ver com os caminhos que percorremos”.  

Justamente esse mix de sons, potencializado pelos mexicanos Mateo e Sebástian (criadores do grupo),  é o que funciona como o principal elemento para fazer com que a música latina faça parte do dia a dia do brasileiro, um público nem sempre muito ligado aos sons do continente. “Com o tempo,  fica a sensação de que só precisamos do contato com a música dos nossos vizinhos pra entender o quanto ela pode fazer parte do nosso cotidiano”, enfatiza Rafael.

E além dos desafios sonoros criados pelos dois grupos, outro fator une seus conceitos: A vontade de não estagnar.

Beto Barreto, idealizador do BaianaSystem, conta que os shows do grupo são sempre diferentes. “Dificilmente repetimos um show pois trabalhamos com o formato de soundsystem, com as músicas abertas, e a improvisação e experimentação são marcas dos nossos shows”.

Rafael, da Francisco El Hombre, comenta que o espírito de acreditar no que fazem é um grande motivador e motor que os move sempre que se veem na iminência de estagnar. “Se começa a parecer que estamos fazendo o de sempre, é porque precisamos mudar urgentemente e seguir procurando novos caminhos para explorar”. Algo nítido nos shows do grupo seja em um trio elétrico, seja em uma casa de shows.

E claro, conjuntamente com essas duas forças sonoras brasileiras, o MiniStéreo Público também toca na festa. Conhecida como a primeira equipe de som de Salvador, eles devem gerar a amálgama sonora para sedimentar a conexão entre as atrações.

Algo que é destacado pelo DJ Raiz, integrante do grupo, é a forma como soundsystem se desenvolveu na capital baiana, já que o projeto tem 13 anos de estrada e já levou para a cidade nomes que representam muito para o segmento como Zion Train (UK), Mad Professor (UK), E-ka Mouse (JAM), Carlton Livingston (JAM), YT (UK), Million Stallez (SUE), Selecta K-Na Man (FRAN) e os brasileiros Dubversão Sistema de Som, Yellow-P, Digital Dubs, Buguinha Dub, Selecta Magrão, Lazzo Matumbi, Flávio Renegado, Miss Ivie, Lady Di Day, Lailah Arruda, Karina Buhr, BNegão, Black Alien, Rico Dalasan.

“Estamos aí ocupando a maior parte dos espaços que podemos em Salvador e nas cidades onde já fomos, principalmente na rua e [a apresentação] na Sexta-Básica será a chegada da equipe Ministéreo em Sp esse ano. Vai ser superbacana podermos divulgar o lançamento do nosso novo riddim ( NEM Riddim ) , que vai rolar no dia seguinte ( 23.06) no Estúdio Bexiga, (com participação de Mis Ivy e Lailah Arruda), e também a nossa temporada de agosto em Sp, todas as quartas, no mesmo local”.

Aproveitando o embalo, Rafael, da Francisco El Hombre, promete para a apresentação desta sexta, “além de um detalhe ou outro das músicas que estamos trabalhando pro novo disco, vai rolar participação da Luê. A gente quer que a noite pegue fogo, né? Então prometemos que cada detalhe está sendo pensado para que ninguém saia da festa sem estar pingando de suor!”.

O BaianaSystem, graças a sua dinâmica soundsystem, também deve entregar um show diferente. Mas Beto Barreto aproveita a chance para destacar que o grupo está sempre em processo de criação e que eles estão começando a juntar material para um novo disco.

“O que se pode esperar [do novo projeto]? Não tem como a gente falar muito, porque nem a gente sabe, qual é a direção que isso está tendo. A gente tem se voltado muito para a pesquisa das coisas daqui, da nossa ancestralidade, das coisas da Bahia. Da gênese, das cordas, de como se formaram as histórias das cordas aqui na Bahia. E nas cidades ao redor, a percussão, a forma do canto. Então, a gente tem se voltado e juntado o material para ver o que vai dar, para poder entender como vai ser o próximo disco”.

O novo disco de inéditas ainda não tem data para sair, mas quem gosta do som do grupo pode ficar animado: “[...] não dá para gente falar quando isso vai sair. A gente espera que consiga fazer esse ano ainda, mas isso vai depender muito do ritmo das coisas aqui, e de quando ele estiver pronto de uma maneira  madura por ele mesmo”.

O BaianaSystem, depois desse ano cheio de shows pelo Brasil, segue para uma sequência de apresentações pela Europa (Portugal, Espanha, Inglaterra) e Estados Unidos.

Vale lembrar que todos esses artistas irão se apresentar na próxima sexta (22) no Tropical Butantã, a partir das 22h. Todos os dados do evento estão disponíveis aqui.

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