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Música
Artigo

Em show no Brasil, Ado sustenta mistério com potência e intimismo

Cantora sem rosto prova que há muito mais para se conhecer além de sua aparência

Omelete
4 min de leitura
14.08.2025, às 11H32.
Ado Hibana

Créditos da imagem: Divulgação/Universal e Crunchyroll

Não é incomum conhecer a mística de Ado antes de sequer ouvir uma de suas músicas. A cantora japonesa que não mostra o rosto é gigantesca no seu país, sendo quase impossível andar pelas ruas de lá sem se deparar com alguma de suas artes no estilo de anime em lojas ou outdoors. Seu show no Brasil, mais um da turnê Hibana a ter os ingressos esgotados, prova que o conceito misterioso se sustenta pela potência, propondo um jeito diferente de aproveitar o momento.

Mesmo antes do espetáculo começar, durante a entrada, os espectadores são bombardeados com avisos para que celulares, câmeras ou binóculos não sejam usados. Tirar fotos do palco, ainda com as luzes acesas, faria brotar um funcionário que observaria enquanto os registros eram apagados do celular.

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Ado Hibana
Omelete

Ado, afinal, segue um costume que se cultivou entre artistas japoneses há mais de décadas: como forma de manter sua privacidade e um pouco da vida “comum", sua identidade é sigilosa. A tática não é tão usual entre cantores, mas é praticamente a regra para mangakás.

Durante o show, tudo que enxergamos é a silhueta da cantora, que fica dentro de uma jaula de LEDs ao longo de toda a performance. Essa é a pequena intimidade que pode ser perdida caso alguém ouse apontar a câmera para Ado — o que também resultaria em um convite nada ambíguo para se retirar do local.

Uma vez que o palco se ilumina e as primeiras palavras de “Ussewa” são ditas, é fácil esquecer desses detalhes e abraçar o caos proposto. Não há muito respiro numa experiência que se torna cada vez mais visceral: com baixo e bateria excelentes, Ado comanda uma quebradeira quase sem pausas. Há, no máximo, alguns segundos entre uma música e outra para que ela e o público recuperem o fôlego.

Mesmo sem conhecer a discografia ou até entender a língua cantada pela artista, cria-se uma relação sinestésica. Ado entrega seus traumas e inseguranças por meio de uma voz que alterna entre o melódico e o gutural, e o público retribui com energia. Ainda que estivéssemos assistindo do distante camarote, nos sentimos compelidos a dançar e gritar junto, ensaiando um bate-cabeça de quatro pessoas à batida de “RuLe”.

Há espaço, claro, para um pouco de tranquilidade - em “Elf”, por exemplo -, o que só corrobora a imagem conturbada que a cantora cria de si. Intensificando seus gritos ao longo do setlist, ela finalmente se despedaça em “Aishite Aishite Aishite”: a faixa menos formulaica do seu repertório soa como o ápice do que foi construído até aqui. Com a bagunça de batidas e versos imprevisíveis, conquistamos um vislumbre do lado mais obscuro da cantora.

O espetáculo se encaminha para o fim com a primeira interação mais extensa de Ado, que conta um pouco sobre sua experiência com o Brasil, relembrando até de como agradecia ao país quando, mais nova, fingia que estava se apresentando para uma multidão.

Após “Odo”, uma pequena pausa para o bis dá espaço a “Rock Star” e um improvável cover de “Chandelier”, de Sia — que talvez nem se encaixe tanto com o resto do show, mas já estávamos entregues. Antes da última faixa, “Neon Genesis”, mais uma conversa com o público, dessa vez ainda mais focada nas inseguranças da cantora, deixando explícito aquilo que já estava bem desenhado: esconder o rosto é mais sobre eliminar quaisquer julgamentos acima da performance, e nem tanto assim sobre poder andar tranquila na rua.

Talvez, com celulares levantados para todo o canto, essas mensagens não ficassem tão claras. Paradoxalmente, é ao eliminar as distrações que Ado cria a atmosfera perfeita para conhecermos mais sobre ela. Por outro lado, é curioso ver como nem sempre estamos preparados para encarar uma experiência sem registrá-la, o que pode explicar a apatia de boa parte do público em meio às músicas mais dançantes da apresentação.

A cantora sabe que sua aparência não é o que há de mais íntimo sobre si, e ao menos alguns espectadores percebem que o agora pode ser mais importante do que lembranças materiais. Estes certamente deixaram a plateia com uma visão diferente sobre shows, e ansiosos pela próxima oportunidade de ver Ado.

Confira a setlist do show de Ado no Brasil:

  1. Usseewa
  2. Lucky Bruto
  3. Gira Gira
  4. Show
  5. Kura Kura
  6. Readymade
  7. MIRROR
  8. Charles
  9. Elf
  10. Value
  11. Stay Gold
  12. RuLe
  13. Utakata Lullaby
  14. Aishite Aishite Aishite
  15. Gyakkou
  16. Hibana
  17. Episode X
  18. Odo
  19. ROCKSTAR
  20. Chandelier
  21. Shin Jidai

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