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A Esperança de Manu Chao

A Esperança de Manu Chao

D
11.07.2001, às 00H00.
Atualizada em 14.11.2016, ÀS 15H06
Nas décadas de 80 e 90, tínhamos uma visão um tanto tosca da música vinda da França. Parecia-nos que nada de lá diferia dos sons de Edith Piaf e Charles Aznavour. Mal sabíamos nós que lá estava uma das melhores bandas do rock mundial em seu tempo, a Mano Negra. Suas músicas até poderiam ser classificadas de rock and roll mas com várias ressalvas, já que se aprofundavam em um campo, então, desconhecido dos “chavões da música” pop mundial, a música étnica.

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Anos depois do fim da banda, em 1999, seu mentor Manu Chao (de origem espanhola mas radicado em Paris) surgiria das cinzas com um belo álbum, Clandestino, que primava pela mistura de ritmos étnicos e sempre fincando um pé em uma espécie de folk dylanesco. Deste disco, afloraram pérolas como “Bongo Bong” (na verdade uma regravação de “King of the Bongo”, pesado rock da fase áurea da Mano Negra), “Clandestino” e “El Desaparecido” (que tratam das peripécias de Chao em suas viagens mundo afora).

Obviamente, como era de se esperar, o lançamento, em sua época, passou despercebido no Brasil, tendo sido “esquecido” na prateleira por sua gravadora. Só com a regravação de “Minha galera” por Adriana Calcanhoto e pelo Mundo Livre S/A de Fred 04, é que se começou a prestar mais atenção no autor daquele som. Daí pro disco ser lançado e se tornar um relativo sucesso comercial (dentro, é claro, dos modestos padrões de vendagem do que poderíamos chamar de música cult), foi uma questão de tempo.

Logo após o lançamento de Clandestino, correndo atrás de seu rastro de sucesso, foi lançada no Brasil uma coletânea da Mano Negra, cujo apelo popular não foi tão grande – injustamente, já que Lo Mejor De Mano Negra pode ser considerado um dos melhores discos de música estrangeira lançados ano passado.

Neste ano, Manu lançou Proxima Estazón: Esperanza, onde retoma a linha folk-eclética de seu último trabalho, campo em que já não mais pode ser considerado um aventureiro, apesar de pioneiro.

Estão lá todos os elementos de sucesso de Clandestino: letras multilinguais (consegui diferenciar espanhol, francês, inglês, português e algo que suponho que seja árabe), transmissões radiofônicas (inclusive de jogos de futebol brasileiros), aquele clima carnavalesco proporcionado pelas influências latinas de Chao e mais duas músicas com a mesma base melódica de “Bongo Bong”. Agora, somam-se quatro, uma vez que “Je Ne T’Aime Plus” é praticamente um trecho de sua “música mãe”.

Mas algo está faltando...

Ou melhor, sobrando. Há em Esperanza uma pitada de melancolia que não era de se esperar de alguém que passou de andarilho a profeta mundial em um disco. Talvez a premente necessidade de uma vida estável (agenda de shows, uma residência fixa, estas coisas de gente normal) tenha acabado por esfriar um pouco o ânimo pela vida do sempre festivo Chao.

Mas não é nada que venha ser traduzido em demérito para a bela música feita por ele.

Enfim, Próxima Estazón: Esperanza é um álbum de grande qualidade mas que, infelizmente, acaba caindo na sombra de seu bombástico antecessor justamente pela grande semelhança. Uma injustiça já que este disco é um passo adiante na musicalidade de Manu Chao.

Esperemos, pois, a próxima estação de sua música.

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