Mulher-Maravilha | Visitamos o set do filme solo da heroína da DC Comics
A Primeira Guerra, os desafios de levar a personagem ao cinema, a ligação com a Liga da Justiça e muito mais
Veld está devastada. O ataque alemão está reduzindo a escombros a charmosa cidade belga em 1918. Atiradores de elite alemães ocupam o alto da torre da igreja, eliminando qualquer cidadão que tente a sorte nas ruas.
A fumaça da destruição preenche o ar... e eu tenho um lugar no camarote! Estou na porta do Bar e Café Buvette, ao lado de um cartaz em que um simpático bávaro de bigode pede "exija as cervejas da brasserie H. Vermeulen-Meynne". Cerveja é minha última necessidade no momento, porém. Faz 1 grau negativo e está ventando nos arredores de Londres, onde Mulher-Maravilha foi rodado, em fevereiro de 2016.
Do meu posto, observo meia-dúzia de caminhões posicionando aparadores enormes para bloquear a luz do sol, que teima em aparecer entre as nuvens. A diretora Patty Jenkins e seus câmeras amontoam-se sob eles, aguardando a chegada de Gal Gadot ao set.
A atriz surge encapotada, com um casaco de montanhismo até as canelas, protegendo-a do frio. Icônicas botas de couro de vermelhas intenso destoam sob o conjunto, porém. Ela e a diretora conversam e trocam sorrisos. Patty parece satisfeita e avisa a todos - "menos roupas!" É hora de filmar.
Gal deixa cair o casaco, revelando braços e pernas à mostra e a armadura dourada da princesa de Temiscira. Mesmo nas sombras, ela brilha, enquanto salta no lugar pra se aquecer. "AÇÃO!", grita Patty.
A Mulher-Maravilha entra em quadro, defletindo um tiro vindo da torre. Uma aldeã idosa deixa sua casa e Diana projeta seu corpo para proteger a mulher. "Fique dentro!", grita, enquanto deflete com seus braceletes dourados outra bala. Mais pessoas aparecem e a heroína corre diante deles, seu elaborado escudo em riste e a espada na cintura. Mais pessoas estão a salvo. Do outro lado da rua, Steve Trevor (Chris Pine) grita para que ela salte até a torre e acabe com os alemães. "É alto demais!", responde a heroína.
Eles terão que encontrar outra maneira de alcançar os snipers... Juntos, os companheiros de Trevor usam uma placa de aço para alavancar a amazona, que com um super salto consegue chegar até a torre e derrotar os inimigos. Assim, dá pra notar que, claro, Diana será a estrela do filme, mas também terá a ajuda e companherismo de diversos personagem ao longo desta primeira jornada solo no cinema.
O momento da maior de todas as heroínas
"Chegou a hora das meninas terem a Mulher-Maravilha nos cinemas!", celebra depois da cena a atriz e modelo israelense que conseguiu o cobiçado papel da super-heroína.
Para Gal Gadot, a versão da personagem é única. Diferente até mesmo dos quadrinhos. "Seria muito fácil retratá-la de forma masculinizada, mais parruda e durona. Mas a fizemos com o poder de um deus e o coração de uma mulher. Ela é inteligente, tem opinião, é muito emotiva, curiosa e cheia de compaixão. Ela luta pela justiça e pela paz e não pela batalha em si", explica. "Todas as mulheres podem ser essa Diana se forem positivas e pensarem no mundo", imagina Gadot.
"Há uma razão para termos ambientado esse filme em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial. É uma época de mudanças para as mulheres", comenta o produtor Charles Roven. "Elas mal tinham conquistado o direito de votar... mas ainda não eram aceitas em certos círculos. Quando Diana entra neles, sendo ela uma princesa amazona, custa a acreditar no que está acontecendo. Nós exploramos um pouco da graça que é comparar a sociedade daquela época com o mundo dela, que espelha o de hoje em certos aspectos. A melhor coisa sobre a Mulher-Maravilha, afinal, é justamente o fato de ela ser uma mulher... e não há como contar sua história sem referenciar isso", segue Roven, afirmando que, para tanto, era necessário ter uma mulher no comando.
Patty Jenkins é descrita como "incrível" por Gal Gadot, que comenta ter adorado a experiência de ter uma mulher no comando do filme que protagoniza. "Ela é sensível, esperta e muito corajosa. Tem uma ideia extremamente específica sobre quem a Mulher-Maravilha é e não deixa ninguém desviar-se disso", diz.
Para Chris Pine, que interpreta o espião americano Steve Trevor, o filme tem um equilíbrio preciso entre humanidade, humor, ação e romance. "E Gal nos contagia todos os dias com seu espírito jovial e esperançoso. Além de trabalhar mais que todo mundo, sempre com um sorriso no rosto!", garante. "Ela é uma deusa. Vende a personagem só de estar na sala".
Gal afirma que prefere não pensar no tamanho da responsabilidade que assumiu. "Eu não penso a respeito, sério. Seria muito difícil. Então estou me concentrando ao lado de Patty para fazer o melhor trabalho possível - e estou muito orgulhosa dele", conclui.
E a Liga da Justiça?
Criações de Zeus para defender os homens de outros deuses, as amazonas teriam uma introdução difícil no gênero de super-heróis há alguns anos. "Nós demos a Christopher Nolan a oportunidade de revelar sua visão do Batman em um universo bastante particular e mais realista na trilogia que começou com Batman Begins", lembra o produtor Charles Roven. "Mas quando chegou a vez do Homem de Aço, isso nos abriu as portas para explorar todo o nosso panteão".
Quando o Superman foi introduzido, trouxe consigo a ideia de aliens e metahumanos. Batman vs Superman é a ampliação total desses conceitos e introduz também outros seres, como as amazonas. "Agora temos acesso a 100% das criações da DC Comics no cinema", comemora Roven.
O produtor explica ainda que cada filme terá seus arcos próprios, mas com interconexões com os outros. "Em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, por exemplo, Diana é um mistério. Aparece em busca de uma fotografia que está em poder de Lex Luthor. Essa foto é o ponto de partida para seu próprio filme, que revelará sua origem", diz. "Já Mulher-Maravilha começa com a heroína recebendo um presente de Bruce Wayne, justamente essa fotografia antiga, com um bilhete que diz 'espero que um dia você me conte sua história'. Ao olhar a foto, ela começa a relembrar sua infância".
"Sabe, não foi por falta de tentar que não conseguimos fazer um filme da Mulher-Maravilha antes", desabafa Roven. "Sempre quisemos, mas nunca saiu do papel. Porém, agora que enfim conseguimos expandir o Universo DC no cinema com Batman vs Superman não poderíamos nem pensar em adiar mais. Afinal, ela integra a santíssima trindade desse mundo, ao lado do Homem de Aço e o Cavaleiro das Trevas. Esse universo estaria incompleto sem esse filme. Chegou enfim a hora da Mulher-Maravilha", conclui.
Mulher-Maravilha tem estreia marcada para 1º de junho. Nós também visitamos a ilha de edição do filme, onde vimos trechos do filme e conversamos com a diretora - saiba como foi. Por enquanto a Warner não confirmou uma sequência para a produção, mas a heroína vai aparecer novamente em Liga da Justiça.