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Capitão América: Guerra Civil e o caminho para Guerra Infinita

Roteiristas contam como é o processo de criação dos filmes da Marvel

02.05.2016, às 11H44.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Assim que finalizaram Capitão América: O Soldado Invernal, Christopher Markus e Stephen McFeely começaram a pensar na continuação, baseados nos ganchos deixados pelo filme. Porém, depois de meses arquitetando como usar as consequências das ações de Bucky Barnes, tudo mudou. Kevin Feige, presidente do Marvel Studios, entrou na sala em que trabalhavam e declarou que o próximo filme do estúdio seria Guerra Civil.

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A decisão quase repentina teria sido consequência de conversas com os diretores Anthony Russo e Joe Russo, que estariam em busca de algo diferente para o seu próximo filme no estúdio da Casa das Ideias, e do anúncio de Batman vs Superman - A Origem da Justiça - saiba mais. A missão de Markus e McFeely passou então a ser levar para as telas um dos arcos mais importantes da história recente dos quadrinhos, sem deixar de levar em conta dos acontecimentos de Soldado Invernal, Vingadores: Era de Ultron e Homem-Formiga. “Essa é a diferença de se trabalhar no Universo Cinematográfico da Marvel e de só fazer sequências. O filme em que estávamos pensando era outra aventura para o Capitão América, mas não era a história completa”, explica Markus.

A decisão de Feige, garante McFeely, permitiu que eles levassem a história para outro nível, já que a trama que planejavam refletia em outros personagens do MCU, não apenas Steve Rogers. A responsabilidade de Bucky na morte dos pais de Tony Stark, por exemplo, sugerida em Soldado Invernal, só poderia ser abordada novamente com a presença de Robert Downey Jr. “Se tornou evidente para nós que havia uma ótima história a ser contada aí, mas não podíamos fazer isso se esse fosse apenas um filme solo do Capitão América. O anúncio sobre Guerra Civil acabou sendo uma bênção. E conseguimos manter muitas coisas que já havíamos desenvolvido antes”.  A ameaça representada pelo Soldado Invernal e as cenas de ação na Alemanha são algum dos momentos definidos antes do projeto tomar um novo rumo, “o resto se encaixou naturalmente ao que já tínhamos”.

Para encontrar esse “resto”, contudo, a dupla precisava saber o que Joss Whedon faria em Era de Ultron e como seria Homem-Formiga. “Fazemos uma versão e quando conseguimos mais informações refazemos tudo. Por exemplo, tínhamos Homem-Formiga em Guerra Civil antes de vê-lo no cinema. Nós lemos várias versões do roteiro daquele filme e sabíamos que ele seria interpretado por Paul Rudd. Escrevemos então uma cena pensando no ator e transformamos em Scott Lang depois de aprender mais sobre o personagem”, revela Markus sobre o processo de escrever um roteiro que depende do trabalho de outras equipes criativas. Assim, além de ler todos os scripts e assistir aos filmes do Marvel Studios muito antes do seu lançamento nos cinemas, os roteiristas contam com atualizações quase diárias da linha do tempo do MCU e a aprovação constante sobre o seu trabalho: “Está sendo a mesma coisa com Guerra Infinita, temos tantas coisas acontecendo até o filme chegar aos cinemas que recebemos relatórios sobre tudo. Estamos fazendo isso há um tempo e estamos acostumados, mas existem coisas como ‘Podemos escrever essa cena hoje?’, ‘não!’. Então precisamos esperar alguns meses até que algo aconteça”.

A paciência de Markus e McFeely é uma necessidade dentro do modelo do estúdio, que já afastou diversos profissionais por "divergências criativas" - sendo o caso mais grave o da saída de Edgar Wright de Homem-Formiga, depois de anos planejando o filme - entenda. É preciso entender e aceitar a dinâmica interligada de produção comandada por Feige, sabendo que o longa em que se está trabalhando não existe sozinho. Em Guerra Civil essa abordagem era ainda mais complexa, pois além de ser uma continuação de Capitão América: Soldado Invernal, Vingadores: Era de Ultron e Homem-Formiga, o longa precisava apresentar Homem-Aranha e Pantera Negra, sem esquecer de deixar a base para um conflito ainda maior em Guerra Infinita.

Pantera Negra era um caso mais simples, como revela Markus: “A história de Bucky necessitava de vítimas raivosas de outro lugar e pensamos: por que não pegar pessoas do MCU e colocá-los na história?. Além disso, precisávamos de mais heróis para a luta”. Ainda assim, era preciso ter cuidado para não entregar tudo sobre o personagem, deixando espaço para o diretor Ryan Coogler (de Creed) e o roteirista Joe Robert Cole no filme solo do herói. No plano original,  T'Challa nem chegava a vestir o seu uniforme. Foi a indecisão em relação ao acordo entre Sony e Marvel pelo uso de Homem-Aranha que deu mais espaço para o guerreiro de Wakanda. “Ele então se tornou uma parte tão integral da trama que quando o Aranha voltou, não o tiramos da história. Foi um problema que criou uma boa situação”.

Sabendo que teriam o novo Homem-Aranha por um tempo limitado, com Tom Holland sendo escalado quando Guerra Civil já estava finalizando as suas filmagens (saiba mais), e que o personagem já havia sido apresentado em cinco filmes, Markus e McFeely evitaram entrar em detalhes sobre o amigão da vizinhança, focando na sua interação com outros personagens, principalmente Tony Stark  - “você só deve fazer histórias de origem quando elas são realmente necessárias, porque de outra forma é apenas chover no molhado”. O medo, admite a dupla, era tornar essa participação aleatória, “mas finalmente funcionou de uma forma muito satisfatória e é sempre empolgante quando alguém te dá um novo super-herói para brincar. Quando corta para o Queens as pessoas apenas piram”.

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O cuidado para não dizer demais e atrapalhar o desenvolvimento de outros filmes valia também para Guerra Infinita, que terá a mesma equipe de Guerra Civil - Markus e McFeely no roteiro e os Russo na direção. O conflito apresentado no longa precisava ser grandioso, mas não podia ser definitivo. Ou seja, o MCU não podia perder nenhum de seus heróis. Segundo McFeely, os rumores sobre a morte de Steve Rogers e de qualquer outro membro da equipe nem sequer foram cogitados: “Nunca consideramos isso. Queríamos o conflito continuasse. Se você mata um deles, você se sente mal, a luta acabou. Queríamos que Guerra Civil terminasse sem resolver toda a questão.  Eles estão ferrados, coisas estão vindo e eles não estão preparados para lidar com isso”.

Para encerrar o primeiro ciclo do Marvel Studios, Markus e McFeely devem seguir um caminho sem tantos obstáculos, mas de trabalho constante: “Estaremos no set o tempo todo, como estivemos em Guerra Civil, é um processo contínuo, estamos com um bom material até agora, mas tudo pode mudar”.  Até a estreia de Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1 em 26 de abril de 2018, os roteiristas precisarão levar em conta Doutor Estranho (3 de novembro de 2016), Guardiões da Galáxia 2 (27 de abril de 2017), Homem-Aranha (26 de julho de 2017), Thor: Ragnarok (2 de novembro de 2017) e Pantera Negra (15 de fevereiro de 2018). O mesmo vale para a Parte 2, prevista para 2 de maio de 2019, que será antecedida por Homem-Formiga e Vespa (5 de julho de 2018) e  Capitã Marvel (28 de fevereiro de 2019).

Capitão América: Guerra Civil já está em cartaz nos cinemas brasileiros - saiba onde ver.

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