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Luke Cage | Tudo que você precisa saber sobre a origem e a trajetória nas HQs

Da origem na moda do blaxploitation às quebras de tabus

06.09.2016, às 19H24.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Ele tem uma origem complicada e um pouquinho politicamente incorreta, fala palavrões que são só seus, e usa tiara - às vezes. Luke Cage está chegando à Netflix em série própria, e nos quadrinhos da Marvel, há quase 45 anos, tem um histórico de pioneirismo.

O primeiro título black

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Pantera Negra, o primeiro super-herói negro dos quadrinhos mainstream, havia surgido em 1966, mas só deixou de ser coadjuvante quase uma década depois. O Capitão América chegou a dividir o título da sua revista com o Falcão a partir de 1971. Na DC, também em 71, John Stewart estreou e passou um tempo com o anel de Lanterna Verde. Mas o primeiro super-herói negro das HQs dos EUA a ter seu próprio título? Luke Cage, o Herói de Aluguel - em 1972.

Cage não só foi o primeiro super-herói negro a ter sua revista própria, mas também quebrou outros tabus ao longo dos anos, até o do sexo nas HQs. Fruto de uma modinha de época que chamou atenção da Marvel, provou-se um dos personagens mais interessantes do universo da editora. Na galeria abaixo você confere um passo a passo de sua origem e o seu desenvolvimento nessas quatro décadas.

Blaxploitation

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Os anos 1970 tinham acabado de começar e chegaram com uma moda inesperada: a Blaxpoitation. Os heróis negros, geralmente vindos de bairros pobres, carregados nas gírias e na maneirice, começavam a despontar no cinema dos EUA. E com diretores negros. O marco da época é Shaft, sucesso com o detetive da polícia interpretado por Richard Roundtree, que ganhou duas sequências no cinema e uma série de TV.

Fãs ilustres

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Quentin Tarantino queria fazer um filme de Luke Cage e tinha o ator certo para o papel: Laurence Fishburne. Mas isso faz um quarto de século: Tarantino acabou envolvido com a produção de Pulp Fiction. E diz a lenda que Nicolas Kim Coppola, o sobrinho de Francis Ford, quis esconder seu parentesco na indústria do cinema fazendo uma homenagem a Luke Cage - tal como o herói dos quadrinhos fizera para se esconder da polícia no início de carreira. Embora hoje todo mundo saiba que ele é um Coppola, Nicolas Cage continua ostentando que é um brother perdido de Luke.

Seis mãos brancas

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Ligado nas tendências da época, Stan Lee queria que a Marvel participasse do que acontecia na cultura pop. A incumbência de criar o primeiro título de herói negro da editora ficou com o roteirista/editor Archie Goodwin junto ao diretor de arte da Marvel, John Romita (autor da capa). George Tuska, que virou desenhista efetivo da revista, fez mais retoques. Um único quadrinista negro, Billy Graham (foto), participou da edição como artefinalista - e mais à frente desenharia edições da série.

O laboratório de Cage

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Em 2007, a Marvel soltou foguetes ao anunciar que Genndy Tartakovsky, criador de O Laboratório de Dexter, Samurai Jack e Hotel Transilvânia, ia escrever e desenhar uma minissérie de Luke Cage. O projeto sumiu de vista, provavelmente por conta da agenda de Tartakovsky... mas recentemente foi reanunciado pela Marvel e a minissérie em quatro capítulos sai a partir de outubro.

Em cana

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Assim que conhecemos o primeiro herói negro titular da Marvel, ele é... presidiário. Mas, para aliviar a crítica social, ele foi preso injustamente. Carl Lucas - seu nome de batismo - tinha cometido seus delitos: cresceu nas gangues do Harlem e evoluiu no submundo até virar gângster. Mas é por conta de um desentendimento com seu parceiro desde a adolescência, William Stryker, que Lucas é preso. A polícia encontra drogas em seu apartamento - plantadas por Stryker.

De aluguel de novo

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A última de Luke Cage nos quadrinhos é a retomada da parceria com Punho de Ferro, os dois prestando serviços de aluguel heroico em Nova York. A nova Power Man and Iron Fist estreou nos EUA este ano com roteiros de David Walker mais carregados na comédia, e desenhos cartunescos de Sanford Greene. O desempenho dos dois personagens nos seriados da Netflix pode ditar se eles voltarão a ter séries individuais nos quadrinhos.

Duplamente traído

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Lucas não só levou uma rasteira de Stryker, mas também perdeu a namorada para o ex-parceiro. Reva Williams começa a sair com Stryker enquanto Lucas está na cadeia - e acaba morta quando um gângster rival quer matar Stryker. (Quem assistiu ao seriado Jessica Jones sabe que a morte de Reva é um pouco diferente no Universo Marvel da TV.)

Herói trabalhando de casa?

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O fim da fase Bendis nos Vingadores sinaliza também o final de carreira para Luke Cage. Ou pelo menos é o que ele diz ao sair da equipe: que vai dedicar-se a criar a filha, em casa, com Jessica. Mas logo ele está de volta à ação com uma nova formação de Vingadores e até de líder de uma versão dos Thunderbolts que visa reabilitar criminosos.

Cobaia

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Quando não está sofrendo pela injustiça que o colocou na cadeia, ou nas mãos de carcereiros cruéis, Lucas cai nas graças de um médico e pesquisador que precisa de cobaia para um estranho experimento. O Dr. Noah Burstein quer descobrir os efeitos de uma variação do Soro do Supersoldado - o mesmo que rendeu o Capitão América. Lucas não tem nada a perder.

Casado com os Vingadores

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A relação entre Luke Cage e Jessica Jones é o pano de fundo dos quase dez anos em que Brian Bendis escreveu as séries dos Vingadores. Luke e Jessica tiveram a filha Danielle - o nome é homenagem a Daniel Rand, o amigo Punho de Ferro - e casaram-se (quem oficia a cerimônia, a propósito, é Stan Lee). Jessica abandona a vida de heroína e de investigadora, e o fato de Luke estar sempre correndo risco de morte é a grande discussão do casal. Cage chega inclusive a ser líder dos Vingadores por um longo período.

Eletrobioquímica

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Lucas começa os testes com "o sistema eletrobioquímico para estimular regeneração de células humanas" do Dr. Burstein - com patrocínio das Indústrias Stark, a propósito. O prisioneiro Lucas entra em um banho de produtos químicos dentro de um máquina gigante, ainda dentro da prisão. Mas um carcereiro que odeia Lucas mexe no experimento e a máquina explode.

Bendis

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Foi o escritor Brian Michael Bendis que deu nova vida a Luke Cage. Depois de aproveitá-lo em Alias, Bendis trouxe-o como um dos guarda-costas de Matt Murdock em Demolidor e introduziu-o na reformulação dos Vingadores. E não só: ao final de Alias, Jessica Jones revela a Luke que a amizade colorida e os booty calls renderam uma gravidez...

Pele de aço

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Carl Lucas sai vivo do experimento. E melhor: descobre que tem superforça - que prontamente usa para derrubar a parede da prisão e fugir. Os guardas atiram nele, o que rende a descoberta de outro poder: sua pele é resistente a balas de qualquer calibre. E também a facas, produtos corrosivos, ataques biológicos, temperaturas altas ou pressão alta. Por fora, ele é invencível.

Hollywood

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Não foi à toa que a Marvel tentou destacar Cage no início dos anos 2000. O personagem tinha boas chances no cinema, com um roteiro pronto na Columbia Pictures e John Singleton (Os Donos da Rua) quase certo na direção. Jamie Foxx e Tyrese Gibson estavam cotados para o papel principal. O projeto parou por aí, porém, e os direitos acabaram voltando para a Marvel.

Herói de aluguel

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Escondendo-se da polícia - afinal de contas, é um fugitivo da cadeia - Lucas dá de cara com o assalto a uma lanchonete. Mesmo tomando um tiro do assaltante, ele derruba o outro com um tapa. Ao ganhar uma recompensa do gerente, vem a ideia: ele oferece seus poderes a quem puder pagar. É o herói de aluguel.

Cage MAX

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Para firmá-lo no universo adulto Max, Luke Cage ganhou uma minissérie para adultos onde foi reinventado pelo roteirista Brian Azzarello (de 100 Balas) e o lendário ilustrador Richard Corben. Nada de camiseta amarela nem tiara: Luke ganhou uma repaginada gangsta rap, com cabeça raspada, barriga de tanquinho à mostra, óculos escuros e os traços do ator Wesley Snipes. Embora ele mesmo tenha continuado sem dizer palavrões, todo mundo à sua volta não economizava nos xingos.

Cafona

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Primeiro passo: Super-heróis precisam de uniforme. Ele vai a uma loja de fantasias e remexe no baú de um escapista (aqueles artistas que fazem fugas impossíveis, como Houdini). É daí que sai a corrente, os braceletes, a tiara (?) e a indefectível camisa amarela que mostra os músculos do peito. "Roupinha meio cafona... mas e daí? Assim que é o rolê de super-herói", diz. Segundo passo: mudar de nome para fugir da polícia. Terceiro passo: imprimir cartões de visita: "Luke Cage, Herói de Aluguel".

Jessica

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Luke Cage ressurgiu em grande estilo em 2000, e mais uma vez como pioneiro. Apesar de ser apenas coadjuvante de Alias - a série que inspirou o seriado Jessica Jones - ele aparecia na edição de estreia na primeira cena de sexo sem censura da Marvel. Foi a estreia do selo Marvel Max, de quadrinhos adultos. A cena provocou controvérsia na época - a primeira gráfica escolhida pela editora recusou-se a imprimir a revista. Cage continuou de coadjuvante e "amizade colorida" de Jessica Jones ao longo da série.

Ofidiofobia

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Os autores de Luke Cage deviam ter trauma com cobras. Enquanto Lucas adotava sua alcunha de super-herói, o ex-parceiro Willis Stryker já atendia por Cascavel (os dois se resolveram no tapa e Stryker acabou morto pelas próprias mãos). Outro vilão que incomodou Cage logo à frente foi Cottonmouth (outra serpente, conhecida como mocassim d'água em português), chefão do crime com dentes afiados. Os dois vilões viborescos têm presença confirmada no seriado do Netflix.

Todo mundo de aluguel

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Outra tentativa de ressuscitar o personagem foi a de meados dos anos 1990, na série Heroes for Hire (inédita no Brasil). Sim: heróis de aluguel. Cage e Punho de Ferro resolveram incrementar o serviço ofererecendo uma equipe inteira aos clientes. Cavaleiro Negro, Tigre Branca, Hércules, Homem-Formiga, Tocha Humana, até Deadpool fizeram parte da equipe - e Cage chegou a namorar um colega funcionária: Mulher-Hulk. A série durou 19 edições.

Sweet Christmas!

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Um dos grandes baratos da blaxpoitation no cinema eram os palavrões e gírias. Nos quadrinhos, porém, Luke Cage não podia dizer "motherfucker", muito menos brincar com símbolos religiosos. Foi assim que, no texto de Archie Goodwin, "Sweet Jesus!" ("Meu doce Jesus!") virou "Sweet Christmas!" ("Meu doce Natal!", literalmente) e até hoje é lembrado como bordão de Cage. No Brasil, as primeiras traduções faziam o personagem dizer "Cacetada!"

Ninguém me aluga mais

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Luke Cage passou um bom tempo esquecido depois de Power Man & Iron Fist. Houve uma tentativa de relançá-lo no início dos anos 1990: na série Cage, ele mudava o uniforme, o penteado e até de cidade. Agora em Chicago, ele se metia com vilões novos e problemas de família (como um irmão com quem nunca falava). Para os padrões da época, a série durou pouco: 20 edições.

Herói de hoje

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Luke Cage chegou rápido ao Brasil. Um ano depois da estreia nos EUA, o herói negro chegou aqui pela editora carioca Gorrion, conhecida pelos títulos de terror. Em comentário à tendência vanguardista de Cage - ou só para aproveitar o logo original - aqui a revista ficou com o nome "Herói de Hoje". A revista só durou três edições, porém, e Cage só reapareceu por aqui em aventuras solo no final dos anos 1970.

Parceria eterna

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A parceria que surgiu da crise deu bastante certo. Luke Cage e Punho de Ferro fundaram um empresa de heroísmo de aluguel e exploraram esse filão por mais de 70 edições. Power Man & Iron Fist - apesar de ser uma série praticamente ignorada no Brasil - durou até meados dos anos 1980 e encerrou com a morte de Punho de Ferro. Que voltou vivo logo depois, claro, por motivos de: Marvel Comics.

Maneirada

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Com pouco mais de um ano de série, a Marvel divulgou que ia dar uma segurada nas "gírias de mano" de Luke Cage. Não se explicou exatamente por quê. Ao mesmo tempo, o nome da série mudou: no número 17, Hero for Hire virou Power Man. Apesar de seguir alugando seus serviços, Luke achou que precisava de um nome mais super-herói. (No Brasil, a alcunha "Poderoso" não pegou - Luke Cage continuou sendo chamado de Luke Cage.)

Os anos 70 acabaram

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A blaxpoitation perdeu o gás no final dos anos 1970. Outra tendência forte no cinema, as artes marciais, também estava sem fôlego. A Marvel tinha dois heróis baseado nessas modas: respectivamente, Luke Cage e Punho de Ferro. Como as vendas de ambos estavam caindo, a solução era cancelar as séries. Ou... quem sabe eles começam a atuar juntos?

Equipes de aluguel

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Luke Cage teve tempo de participar de algumas superequipes - e não em detrimento da carreira solo de herói de aluguel. Reed Richards contratou-o para substituir o Coisa no Quarteto Fantástico - no qual figurou por três edições. Cage também se envolveu com os Defensores - de graça, no início. Quando se deu conta que ser herói de graça ia contra a carreira solo, largou mão da equipe. Outro integrante, Falcão Noturno - alter ego do milionário Kyle Richmond - resolveu pagar um salário para Cage ficar no grupo.

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