Foi uma das grandes surpresas do já infame “dia das cadeiras” do MCU: em meio á revelação do elenco principal de Vingadores: Doomsday, ficamos sabendo que os protagonistas de Thunderbolts* estariam na próxima aventura comandada pelos irmãos Joe e Anthony Russo para o Marvel Studios. A presença de nomes como Sebastian Stan (Soldado Invernal), Florence Pugh (Viúva Negra), David Harbour (Guardião Vermelho), Wyatt Russell (Agente Americano) e Hannah John-Kamen (Fantasma) contrariou a teoria de que um ou todos os personagens morreriam em Thunderbolts*, e serviu para aumentar a expectativa em torno do longa - mas será que também não deveria ter contato como spoiler?
O Omelete conversou com David Harbour e Wyatt Russell enquanto Thunderbolts* chega aos cinemas brasileiros - as primeiras sessões aconteceram a partir da quarta-feira (30), e o longa segue em cartaz por aqui -, e aproveitou para perguntar sobre o próximo longa dos Vingadores, é claro. Mas também falamos sobre a química improvável entre os integrantes dos Thunderbolts, sobre improvisos no set, e sobre como o Guardião Vermelho se assemelha a um certo xerife de Hawkins, também interpretado por Harbour… Confira o papo completo a seguir!
OMELETE: Olá, pessoal! Sou o Caio, do Omelete, no Brasil. Muito prazer em conhecê-los!
RUSSELL: Prazer em conhecê-lo também!
HARBOUR: E aí, como vai?
OMELETE: Eu quero começar dizendo que, David, o Alexei é o maior apoiador dos Thunderbolts* nesse filme; e Wyatt, acho justo dizer que o John é o menos entusiasmado com a ideia de fazer parte desse grupo.
HARBOUR: [Risos] Sim!
RUSSELL: Totalmente, totalmente.
OMELETE: Vocês acham que eles se complementam, nesse sentido?
HARBOUR: Eles são yin e yang, cara! Você precisa dos dois. Pasta de amendoim e geleia. Eles combinam muito bem.
OMELETE: Me contem como foi construir essa química no set. A dinâmica da equipe é muito importante para esse filme funcionar.
HARBOUR: Quero dizer, foi tão divertido e tão fácil. Apenas observar esses caras trabalhando, e o que eles trouxeram para seus personagens, foi um prazer. Sabe, foi engraçada a forma como filmamos, porque eles gravaram uma longa sequência da qual eu não participo, e só cheguei um dia para observar o trabalho deles. Eu estava em outro projeto, e não consegui estar no set o tempo todo. E eu não conhecia o Wyatt muito bem, tinha visto só algumas coisas do trabalho dele, e ele não estava conosco quando fizemos a leitura no roteiro… estou lembrando errado?
RUSSELL: Não, eu participei apenas remotamente, pelo telefone.
HARBOUR: Exato, eu não sabia como ele ia abordar o personagem. Mas cheguei naquele dia no set e vi uma tomada dele… lembro de achar tão engraçado. Não conseguia parar de rir. E acho que senti de forma tão forte aquele humor porque era muito diferente do meu como Alexei. Eu trago algo maior, mais expansivo, enquanto o personagem de Wyatt fala de maneira maldosa, seca, desagradável, egocêntrica. É impossível não rir de um cara que se comporta daquele jeito, você não consegue acreditar!
RUSSELL: Para mim foi bem similar, porque nós tínhamos feito tantas cenas juntos até o ponto em que você chegou no set e começou a trabalhar. E quando isso aconteceu, eu pensei: ‘Oh, graças a Deus!’. Eu acho que ele chega bem na hora exata em que você precisa no filme, trazendo toda aquela energia. Sem ela, o filme poderia ser um verdadeiro porre, porque todo mundo é tão deprimente. [Risos] Então chega essa força incrível de energia e positividade, o que é sempre tão divertido de interpretar em um personagem. E hoje em dia é muito raro um personagem ser interpretado dessa forma, com positividade. Geralmente, é a negatividade que vende as coisas hoje em dia. Então eu adoro a energia positiva que o David trouxe para o personagem.
OMELETE: É verdade. Wyatt, você também deixou muito claro que prefere o capacete que te deram em Thunderbolts*, em comparação com o antigo.
RUSSELL: Com certeza, bem melhor!
OMELETE: É curioso que há uma pequena cena no filme fazendo referência a isso. Fico pensando, aquele diálogo foi colocado de propósito ou foi improviso?
RUSSELL: Aquilo foi improviso, meu amigo. Eu queria ter certeza de que todo mundo soubesse o quanto eu gostei desse novo capacete.
HARBOUR: Acho que a Florence [Pugh, intérprete de Yelena Belova no filme] chama o capacete de chapéu nessa cena. [Risos] Muito ofensivo.
RUSSELL: Eu adoro poder interpretar uma pequena insegurança de John naquela cena. Eu estava louco para poder fazer isso, então fico feliz que tenha entrado na versão final do filme.
OMELETE: Então houve bastante improviso no set de Thunderbolts?
RUSSELL: Não chega a ser muito. Naquela cena em particular, sim. David, você e o Sebastian [Stan, o Soldado Invernal do filme] brincaram ainda mais no banco da frente.
HARBOUR: Sim! Houve momentos em que o diretor [Jake Schreier] queria ser mais rigoroso com os diálogos, porque estava preocupado em contar a história direito. Em outros dias, ele nos deixava mais livre. Sobre aquela cena, acho que no roteiro só estava escrito ‘eles dirigem o caminhão pelas ruas de Nova York’. Só isso, mais nada. [Risos] O diretor só chegou e nos cutucou: ‘Digam algumas coisas aí’. Então Wyatt e o pessoal inventaram a coisa do capacete do lado de trás, e eu e Sebastian começamos a falar sobre o soro do super soldado.
RUSSELL: É uma das minhas cenas favoritas do filme.
HARBOUR: Minhas também! Foi realmente muito divertido imaginar o que essas pessoas falariam umas para as outras. Foi um daqueles presentes estranhos e malucos quando, no meio de uma produção tão grande, você tem momentos mais calmos em que esses personagens podem apenas ser seus ‘eus’ mais estranhos. Tipo, é claro que existem os momentos maiores, em que eles têm que realizar algo emocionalmente ou têm que realizar algo em termos de ação, mas também há esses momentos mais calmos em que eles têm quatro horas para dirigir fazendo nada. Ou, na verdade, umas 15 horas, de Utah até Nova York. Sobre o que eles conversariam durante uma viagem de carro horrível como essa? Acho que é divertido brincar com isso.
RUSSELL: Uau, eu nunca tinha pensado no quão longa foi essa viagem.
HARBOUR: Sim, eu também pensei sobre isso agora. Talvez um dia inteiro? Não sei quanto realmente dura uma viagem assim. [O Google Maps estima 34 horas entre o coração de Utah, perto da costa Oeste dos EUA, e a cidade de Nova York]
OMELETE: Sim, provavelmente foi uma viagem constrangedora. Mas tenho que dizer - falamos sobre o aspecto emocional do filme, e ele é muito forte também. David, Alexei especificamente precisa encarar que ele não esteve presente para Yelena da maneira que deveria.
HARBOUR: Sim, é verdade.
OMELETE: Curiosamente, acho que esse sentimento de culpa - digamos, culpa parental - também guia muito a história de Hopper em Stranger Things. Você acha que eles são personagens similares, de alguma forma? Como você se relaciona com este tema?
HARBOUR: Eles são... quero dizer, essa é uma temática similar neles. O fato de terem filhas adotivas em relação às quais eles têm muitos sentimentos complexos. Mas acho que a maneira como eles lidam com elas é muito diferente, e acho que Hopper tem um drama mais interno - os dois precisam lidar com sentimentos negativos em relação a si mesmos, mas Alexei manifesta essa auto-aversão através de um narcisismo muito mais expansivo, de uma forma muito mais desequilibrada. Acho que ele pensa: ‘Se eu puder descarregar essa dor em todos vocês, talvez ela não exista'. São as maneiras como eles lidam com a culpa que definem esses personagens.
Mas preciso dizer: foi ótimo ter uma cena com a Yelena onde Alexei tem uma realização, percebe alguns dos erros que ele cometeu. Acho que ele é tão auto-iludido, certamente no começo deste filme - ele encontrou um espaço onde consegue se convencer que as coisas estão ok, mas quando Yelena aparece e o confronta, quando ele a vê desmoronando… Hopper está mais ciente do estado emocional da Eleven o tempo todo, enquanto Alexei está sempre na defensiva, observando Yelena se tornar essa pessoa horrível por um momento. Ele eventualmente percebe que tem uma parcela da culpa nisso, mas acho que Hopper teria chegado lá muito antes.
Então, é divertido ter um personagem que é um pouco mais lento nessa jornada, mas aquela cena [com Yelena em Thunderbolts*] só é lindamente escrita. Florence e eu chegamos cedo nos ensaios, e conversamos muito sobre o cerne daquele drama entre eles, o que não é dito naquela conversa. Foi muito bom poder se aprofundar nisso.
OMELETE: Certo! Bom, pessoal, agora eu preciso falar sobre outra coisa. O elenco de Vingadores: Doomsday foi revelado um pouco antes de podermos ver Thunderbolts*, e vocês estão nele. Vocês acha que isso deveria ter contado como spoiler?
HARBOUR: Quer dizer, talvez seja só o meu corpo morto em Doomsday. [Risos] Eles ainda teriam que me contratar para a cena em que a câmera passa por cima do meu caixão!
RUSSELL: É verdade! Não há ninguém grande o suficiente para caber naquele traje e fazer dublê de corpo para o David. Tem que ser ele.
OMELETE: De fato, mas vocês acham que essa revelação mudou um pouco as expectativas para o filme?
RUSSELL: Acho que sim. Acho que isso te diz que Thunderbolts* é tão bom que a Marvel pensou: ‘Cara, eles têm que estar em Doomsday’. [Risos]
OMELETE: Perfeito. Doomsday já está filmando agora…
HARBOUR: E nós não estamos lá!
OMELETE: É isso que eu ia perguntar: O que está acontecendo? Vocês vão para lá depois dessa entrevista?
HARBOUR: Estamos em Los Angeles, e eles não estão filmando em Los Angeles. [O estágio atual das gravações está acontecendo no Pinewood Studios, em Londres] Talvez a Marvel tenha mentido para vocês, e para nós. Podemos estar todos mortos.
RUSSELL: Sim, estamos só esperando, cara…
HARBOUR: Não, falando sério, a quantidade de coisas que eu não posso te contar sobre Doomsday poderia encher um quadro negro. E a quantidade de coisas que posso te contar se resume a: aproveite este filme quando ele sair!
OMELETE: É isso, não preciso de mais nada! Muito obrigado, pessoal, e parabéns pelo filme!
HARBOUR: Obrigado!
RUSSELL: Obrigado, tchau!
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