Gintama | Por que o famoso anime de comédia tem "vários finais"?

Quem gosta de animes cômicos dificilmente não apreciará Gintama (2006-2010). Adaptação do mangá homônimo de Hideaki Sorachi, o programa é famoso pelas paródias sagazes de ícones da cultura pop, as quebras de quarta parede e o humor nonsense, por vezes quase escatológico.

Mas, se apaixonar-se pela saga não é nada difícil, descobrir seu ponto conclusivo revela-se uma tarefa curiosamente complicada. Gintama já prometeu, mais de uma vez, desfechos que não aconteceram de fato, dando margem tanto a continuações inesperadas dentro do próprio anime quanto a filmes e outras séries derivadas, como Gintama' (2011-2012) e Gintamaº (2015-2016) – que, diga-se de passagem, também foram algo confusos quanto aos respectivos encerramentos.

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O próprio mangá original, inclusive, lançou mão várias vezes desse recurso dos “fake endings”. Hideaki Sorachi anunciou duas vezes o final da série impressa para, pouco depois, anunciar que ela teria sua continuidade transferida para outras plataformas.

A seguir, você recorda as três ocasiões em que Gintama (o anime) prometeu uma despedida que não necessariamente se concretizou de fato:

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1x125 - “Entrando no Capítulo Final”

O programa nem completara sua primeira temporada quando resolveu brincar pela primeira vez com o momento do adeus.

Este “pseudo-desfecho” lança mão de uma das especialidades de Gintama: a metalinguagem, com o trio de protagonistas – Gintoki, Shinpachi e Kagura – ironizando as dificuldades de produzir o próprio anime e mostrando plena ciência de estar dentro de uma atração televisiva.

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Eles recapitulam os acontecimentos dos episódios anteriores, como que em uma retrospectiva de encerramento, mas parecem desistir da ideia no meio do caminho, lembrando entre si que ainda faltam mais de 20 episódios para o que promete ser o final de fato.

1x150 - “Tudo Bem Quando Acaba Bem”

O encerramento (verdadeiro) da primeira temporada é ainda mais mordaz em sua ironia sobre a própria conclusão. Ele começa como se fosse uma transmissão de emergência (ao estilo Plantão da Globo), mostrando os protagonistas vestidos de preto ao som de uma trilha fúnebre, para anunciar que o anime seria encerrado por conta de uma crise financeira na Sunrise, sua produtora.

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O tom de velório, entretanto, termina quando um porta-voz da Shonen Jump – revista que publicou originalmente o mangá de Gintama – aparece para avisar ao “elenco” que o final foi suspenso, e eles serão “forçados” a voltar ao trabalho.

4x367 - “Mesmo Entre Vilões, Há Coisas Que Se Pode ou Não Fazer”

Após os dois “sustos” de seu primeiro ano, Gintama abandonou por longo tempo a ideia de encerrar a série – até fazê-lo para valer, com o mesmo estilo sarcástico e debochado que era sua marca registrada.

O episódio final começa com o criador da saga, Hideaki Sorachi (representado por um avatar gorila), como réu de um julgamento pelas muitas ocasiões em que acabou falsamente com a série, tanto na versão impressa como televisionada.

Sorachi, inclusive, é apontado como a grande responsável pelos alarmes falsos de fim do anime, por ter “obrigado” os produtores a “se virar nos trinta” para continuá-lo cada vez que prometia encerrar o mangá e não o fazia.

O mais irônico disso tudo, entretanto, é que o que parecia apenas mais uma brincadeira com a possibilidade de encerrar a série foi, de fato, sua despedida real enquanto anime.

O importante, porém, é que Gintama “morreu” como “viveu”: fazendo piada de si mesma e jogando inteligentemente com a perspicácia do próprio público, que continua a ver no anime uma referência mesmo após mais de uma década fora de cena.