O segundo ano de Jujutsu Kaisen movimentou a comunidade otaku. As ruas e estações de metrô de Tóquio que aparecem na animação se viram lotadas de fãs do anime, muitos criaram altares com homenagens em locais públicos quando alguns personagens morreram. Esse sucesso que extrapola os trendings de redes sociais se explica, entre outros fatores, pela espera de dois anos pela adaptação — que enfim justifica essa expectativa na tela.
A nova temporada do anime de Gege Akutami é dividida em dois momentos; o primeiro é o flashback conhecido como Arco do Inventário Secreto. Nele, Satoru Gojo e Suguro Geto ainda são alunos da Escola Jujutsu de Tóquio e Tengen-sama lhes atribui uma tarefa especial: escoltar Riko Amanai, a Hospedeira do Plasma Estelar, uma humana que deveria se sacrificar para garantir os próximos séculos de sobrevivência da entidade. A tarefa, que parecia simples, começa a se tornar um problema quando Toji Fushiguro, pai de Megumi, aceita a missão de impedir o sacrifício da jovem — e a cumpre.
Já no segundo momento, voltamos para o presente, com as principais entidades malignas do anime agindo no distrito de Shibuya. Liderados por um Suguro Geto agora possuído, essas maldições aprisionam todos os humanos no bairro durante a noite do Halloween e exigem a presença de Satoru, o feiticeiro Jujutsu mais poderoso do mundo. Com o objetivo final de selá-lo para espalhar o caos pelo mundo, os vilões causam estrago e o protagonista Yuji Itadori finalmente retorna ao centro da ação como principal defensor da humanidade.
Ambas as partes se valem do emocional. Enquanto no primeiro arco nos vemos apegados à amizade entre Satoru e Geto e a relação que eles constroem com Riko Amanai, no segundo, o cliffhanger imposto ao jovem Yuji leva o espectador a um lugar de desespero. Com amigos sofrendo mortes terríveis diante de seus olhos, o protagonista em vários momentos se vê incapaz de proteger quem ama. Para piorar, ele tem o corpo possuído por Sukuna, o rei das maldições, que mata centenas de humanos usando suas mãos.
Por esse motivo, seja em direção a um abismo de sofrimento ou um paraíso de felicidade, cada passo dado pelos personagens é acompanhado de uma carga dramática que corresponde à reação apaixonada que os fãs de Jujutsu Kaisen demonstram publicamente. Essa constante sensação de apego e perda criada por Akutami, que não tem pudor algum de explodir, esmagar ou fatiar seus personagens principais, faz da experiência de quem assiste aos episódios uma jornada inquietante e irresistível.
O que eleva essa experiência para além do arrastão algo imprevisível de vida e morte é a direção excepcional dos episódios. Os animadores do estúdio Mappa usam o melhor das técnicas cinematográficas que a indústria de animação pode oferecer, e a passagem de vários diretores pelos episódios não torna a temporada desigual; pelo contrário, esse trabalho coletivo gera grandes feitos, como a cena da morte de Amanai. Uma simples música de encerramento adiantada, seguida pelo estrondo de uma bala, é o efeito necessário para impactar; as convincentes expressões no rosto do protagonista mostram, com movimentos singelos, sua mudança de humor ou quão doloroso é perder alguém diante de seus olhos. Além de belas homenagens e referências a outras obras como Neo Genesis Evangelion, Hunter x Hunter e Bleach.
Mesmo com um calendário apertado e quase impraticável, os trabalhadores do estúdio conseguem fazer dessa temporada um trabalho de excelência, que melhora a compreensão da obra de Gege Akutami através do movimento dos personagens. Sem pontas soltas, o segundo ano de Jujutsu Kaisen é o auge da franquia até aqui.
Criado por: Gege Akutami
Duração: 2 temporadas